O frio e a necessidade de descobrir outros sabores
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O frio e a necessidade de descobrir outros sabores

Quando me perguntavam sobre Pequi, tipo... "tem gosto de quê?", eu tentava não dar a única resposta possível: tem gosto de pequi.

Randall Neto
2 min
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Quando me perguntavam sobre Pequi, tipo... "tem gosto de quê?", eu tentava não dar a única resposta possível: tem gosto de pequi.

Igual Belle and Sebastian. Quando as pessoas me perguntavam com o que Belle and Sebastian se parecia, eu não sabia responder. Mas sei que muitas coisas parecem com Belle and Sebastian. 

Pequi, por exemplo.

Não o gosto, mas... enfim.

Conheço gente que não gosta de café. Mas na improvável hipótese de alguém que não conhece, fazer a mesma pergunta sobre café... hoje, depois do café que eu tomei na prensa francesa, eu diria: "Café tem gosto de mãe".

Porque chegou uma caixa pelo correio, com as coisas que a minha mãe me mandou. Um cobertor, presentes pras crianças, algumas outras coisas e esse meu presente: uma prensa francesa.

Tá esfriando... um café e um cobertor cabem bem.

Pequi, café, mãe... peculiares como a música do Belle and Sebastian.

A minha mãe? Ah, esse café com gosto de mãe é muito bom.

Porque cada um tem um tipo de mãe e a minha foi um monte de coisas ao longo dos meus 48 anos. Inclusive, tem um período da vida em que a gente não quer saber de mãe. De certa forma, é confortável "não ter mãe".

Foi mais ou menos isso.

E de repente, numa hora em que eu mais precisei, ela reapareceu.

Eu acho o mó barato a gente perscrutar e analisar e elucubrar um monte de coisas e tentar se resolver com o passado: terapia, regressão, constelação, o que quer que seja.

Mas um "Let it go" e um "Carry on" sem muita elaboração também, fazem um bem danado.

Tá esfriando... o inverno traz esse gosto peculiar pra quem passa muito tempo sozinho.

Um café na prensa francesa, um cobertor e um gosto de mãe, ajuda a regular a temperatura.