O poder libertador de um palavrão!
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O poder libertador de um palavrão!

Ah, o palavrão e o contexto... outro dia, tava conversando com uma amiga e soltei um palavrão e perguntei se ela dizia palavrão.

Randall Neto
2 min
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Ah, o palavrão e o contexto... outro dia, tava conversando com uma amiga e soltei um palavrão e perguntei se ela dizia palavrão.

"Em quais línguas?"

E na minha cabeça, das conexões malucas e descontroladas, a coisa foi direto pro final de "Domicílio Conjugal", que eu achei que fosse o último filme do Doinel, mas ainda tem "Amor em Fuga"...

Bom, spoiler em filme de 1970 não cabe... dito isso, a mulher dele descobre um caso dele com uma japonesa, num dia ele chega em casa, ela preparou um jantar japonês e tá meio vestida de gueixa.

Ele olha aquela cena e antes que pense em argumentar, ela fala, sem raiva, num tom de voz inclusive adequado para o momento: "Va te faire foutre"!

É outra coisa... é infinitamente diferente de mandar um "vai sifudê"...

Eu penso que o palavrão, mais do que inevitável, é necessário! O palavrão precede a resolução por vir, um necessário ajeitamento de alguma situação.

É melhor do que simplesmente erguer um muro de silêncio e isolamento acústico e qualquer outro tipo de coisa, pra simplesmente evitar exteriorizar o que caberia num palavrão.

"Ahtomanocu" ou "rápaputa que pariu", ambos cabem... nem precisa do mise-en-scene todo da fantasia de gueixa ou do cardápio japonês. Em bom português, um "QUE PORRA É ESSA?" tava de bom tamanho.

No final de Hamlet, quando é dito que "o resto é silêncio"  tudo vem como calma, depois de morrer praticamente todo mundo. Aí cabe o silêncio.

Mas o silêncio como forma de abafar o palavrão querendo sair... em que língua for, do sânscrito ao javanês, em esperanto ou tupi-guarani...

Acho que tem mais a ver com a coisa do idiota que conta uma história cheia de som e fúria, que não significa nada.

Depois de tudo, o resto pode até ser silêncio.

Mas a vontade de gritar um palavrão, ah...