A inércia da gestão do prefeito de Canindé de São Francisco, Weldo Mariano (PT), nos últimos meses, permitiu com que seus adversários se sentissem mais a vontade para acionarem seus estrategistas antes mesmo do último ano de mandato do petist...
A inércia da gestão do prefeito de Canindé de São Francisco, Weldo Mariano (PT), nos últimos meses, permitiu com que seus adversários se sentissem mais a vontade para acionarem seus estrategistas antes mesmo do último ano de mandato do petista. A regra seria a oposição entrar em cena a partir de janeiro de 2024, mas no atual cenário, com a gestão envolvida em escândalo e marcada nos últimos 12 meses por atrasos de pagamentos de fornecedores e ações tímidas levando em consideração a arrecadação de Canindé, as movimentações oposicionistas iniciaram. | ||
O processo de desgaste do prefeito tomou forma. É consenso que pouco foi feito com tanto dinheiro. Weldo parece ter administrado com 50 milhões, não com mais de 200 milhões - dinheiro que entrou no múnicipio entre o início de 2021 e o final de 2022. | ||
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É certo que, nos próximos meses, alguns empresários com aliança rompida desde o ano passado voltarão a ter espaço na administração, um deles ganhando indicação a uma pasta importante. Também é certo que Weldo buscará acordos com sindicatos, funcionalismo público e outras classes as quais enfrentou desgaste no último ano. Se antes parecia que o prefeito não estaria disposto a disputar as Eleições, com medidas antipopulares e falhas grotescas na administração, a reforma do secretariado e os constantes anúncios de ações das pastas mostram que o gestor voltou a se preocupar com sua avaliação, a fim de que se viabilize seu desejo pessoal (e não do grupo) de ser reeleito mais 4 anos. | ||
Ainda assim, o prefeito tem um calo no pé que o impede de dar passos largos. Políticos da região entendem que Weldo é mal assessorado politicamente, contando com uma parte do grupo que enfrentou alta rejeição nas 2 últimas décadas nas administrações que passaram pelo Município. A visão de correligionários é que Weldo utiliza da mesma lógica que levou outros gestores ao fracasso: confiar demais a coisa pública a quem tem planos pouco republicanos e inexperiência em administração. Isso é constatado com a investigação, pelo Ministério Público, envolvendo o ex-Secretário Bomfinzinho, que deixou a pasta da Educação em janeiro deste ano, além dos fortes avisos do MP a respeito de irregularidades na gestão. | ||
Sem buscar interesse pela manutenção da política de freios e contrapesos e um governo de coalização, o prefeito perdeu a mão do grupo, demonstrou falta de liderança e não se apresenta, ainda, como alguém que tem o papel de apresentar (e representar) a cidade do 2º maior PIB de Sergipe ao Brasil. A avaliação de pessoas do próprio grupo é que Weldo é ausente nas ocasiões onde poderia se destacar mais, vender melhor Canindé e se consolidar como líder político do Alto Sertão. Precisou das portas em Brasília serem abertas por um radialista próximo ao vice-presidente, Geraldo Alckmin e um sindicalista que nunca venceu uma eleição no seu município. A carteirada de prefeito pelo PT da cidade que deu uma das maiores vitórias ao seu partido no estado, seja na presidência, seja na disputa pelo governo, não bastou. Lhe falta expressão, mesmo sendo dono das chaves de um cofre invejável para qualquer político sergipano. O petista não consegue transformar o capital financeiro em capital político, pois vai mal na gerência do primeiro, assim analisam lideranças do município. | ||
Interlocutores entendem que Weldo usa do PT como ponte, apenas, e que deveria buscar outro partido para tentar construir um identidade própria. Opinião que é rechaçada por vários aliados, que avaliam que o partido é a maior organização do país e está mais fortalecido do que nunca com a eleição de Lula para a presidência, fato este que colabora com a entrada do Prefeito junto ao eleitorado amplamente lulista da cidade e até mesmo abre o caminho na Esplanada dos Ministérios para o gestor canindeense. | ||
Por mais que o discurso e observações de alguns aliados do prefeito sejam cautelosas, outros adotam um tom mais pesado: Weldo criou um clima insustentável e irreversível e abriu o caminho Kaká Andrade (PSD) vencer as eleições, mesmo com a possibilidade de haver mais de 2 candidatos na disputa. O crescimento do nome de Kaká hoje assusta o agrupamento de Weldo, que direciona ataques ao ex-Senador. A fase de derretimento do petista possibilitou até mesmo o retorno do nome do ex-prefeito Pastor Heleno ao debate, mesmo o ex-deputado Federal negando que lançou seu nome a disputa. Heleno tem, por parte de populares, a visão de que foi um prefeito que entregou mais coisas, no mesmo intervalo de 2 anos, que Weldo. Reforça esse argumento o fato do atual prefeito contar com um orçamento muito maior do que dispôs Heleno Silva, mas, diferente do ex-deputado, Weldo não fez grandes festejos, não paga um benefício social com recurso do próprio município, não disponibiliza grande oferta de médicos especialistas da área da Saúde e nem entrega obras estruturantes, coisas que Heleno marcou o início de sua passagem. | ||
A comparação fica mais prejudicial ainda a Weldo quando é utilizada como exemplo a gestão do ex-prefeito Orlandinho, onde Kaká Andrade foi Secretário de Administração. Com Kaká a frente da gestão, Canindé possuía calendário de pagamento divulgado antecipadamente e cumprido, fazia grandes festas de São João e Carnaval que movimentavam a economia do Município. Além disso, eram distribuídos os 130 reais, referente a um benefício garantido com dinheiro do próprio caixa da prefeitura. Na visão de comerciantes, "os 130" era um diferencial no crescimento da cidade, pois seus beneficiários desembolsavam esse dinheiro nas lojas e supermercados da região, algo que fazia o dinheiro circular e fortalecer o comércio local. Até o presente momento, passados 2 anos, o benefício, promessa de campanha do atual prefeito, não voltou a ser distribuído. | ||
Correligionários recordam ainda que Kaká tem perfil de cumpridor de acordos políticos (que vem de família), algo que Weldo não possui, na visão de pessoas próximas. Este tem sido um fator crucial para o desgaste do petista no próprio agrupamento. | ||
O vice-prefeito Pank (SD) observa de perto essa turbulência. Pank também é considerado para a disputa devido a participação majoritária que garantiu no último pleito e tem conversado com membros da classe política demonstrando o desejo de colocar seu nome a disposição, dentro da conjuntura que lhe for oferecida. O desempenho dos seus candidatos, em 2022, acendeu a luz amarela. É avaliado que, ao sair pela oposição, pesaria ao vice-prefeito a atual permanência na gestão e preenchimento de espaços, como a pasta de Esportes, ocupada por um de seus aliados de primeira hora. A existência dessa cota pode ser vista como omissão e falta de alinhamento de discurso, algo que pesaria negativamente. | ||
Diante desse cenário, líderes políticos entendem que as pesquisas de consumo interno conseguirão apontar o caminho das conjunturas em Canindé. Pelo histórico, esses levantamentos servem como termômetro do ambiente político e, sobretudo, para uma avaliação mais próxima da realidade. | ||
Ao que tudo indica, até o final do primeiro semestre de 2023 já se terão números servindo para consumo e leitura dos partícipes do jogo eleitoral. Enquanto isso, não há perspectiva de um destravamento da administração do município. "A politicagem tomou o lugar, nada parece ser feito com boa intenção", avaliam populares. | ||
A população entende que precisa de Gestão, mas esta, infelizmente não há. |