Perdão
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Perdão

Culpado! Assim começava o fim de minha história, era uma história que não poderia terminar muito longa mesmo.

BRUNO NASCIMENTO
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Culpado! Assim começava o fim de minha história, era uma história que não poderia terminar muito longa mesmo.

Eu pertencia a um bando de ladrões, vivia sempre o próximo dia como se fosse o último, pense no pior tipo de gente, pois esse era o tipo de pessoa que andava comigo. Ninguém acreditava que eu podia mudar, ou ter qualquer tipo de sentimento pelo próximo, na verdade nem eu pensava isso, para mim era sempre o próximo roubo, a próxima vítima, homem, mulher, criança, velho, tanto faz. Só queria dinheiro!

Até que conheci um homem, o nome dele era Barrabás! Filho de nobre em Israel, preocupado com o próximo, roubava dos ricos para satisfazer os mais pobres. Queria a liberdade de Israel do julgo romano, para isso pouco importava o que fosse feito. Se fosse para roubar? Que assim seja! Assassinar estava no script. Tudo pela "liberdade" do povo.

Foi assim que entrei para seu grupo, pensei que era a melhor forma de ganhar a vida fazendo o que sabia fazer e não me sentir mal com isso. Determinado dia atacamos um grupo de soldados romanos, no ato matamos um deles. Fomos presos e condenados à morte por meio da Cruz. A execução da pena seria realizada por volta da páscoa, que baita ironia não?

Para você que não está associando o dia da minha morte à páscoa vou te explicar: A páscoa era a data em que o povo lembrava como Deus foi bom com ele e o libertou do Egito, de onde era cativo. É um pouco irônico deixar essa vida no dia em que comemoramos a liberdade do povo.

Chegando o dia da minha morte, ficamos sabendo que prenderam um novo líder que havia se levantado em meio ao povo, para mim era mais um lunático que se achava o messias, porém esse parecia fazer milagres e havia deixado os fariseus loucos, só nisso ele já ganhou um pouco minha simpatia, aqueles santarrões eram muito chatos e hipócritas, se existisse alguém que pudesse tirá-los do sério, essa pessoa já tinha minha admiração!

Enfim, prenderam esse líder e o colocaram para julgamento, e este foi condenado a morte de cruz, assim como eu.

De repente se abre a porta da minha sela e um soldado romano chama Barrabás. Eles conversam e o covarde volta dizendo que iriam pedir ao povo para fazer uma escolha, era costume soltar um criminoso como forma de piedade na páscoa e Pilatos iria mandar o povo escolher entre Barrabás e Jesus. Falei com Barrabás se havia a possibilidade de eu e meu parceiro irmos com ele para sermos libertos. Ele deu de ombros e disse que cada um devia se preocupar com seus próprios problemas e se foi.

Naquele momento percebi que estava como sempre estive, sozinho, sem ninguém por mim.

Comecei a torcer por Jesus, afinal não queria morrer na cruz e ver Barrabás, que cometera crimes piores que eu, vivo e solto por aí.

Chega a notícia na cela que Barrabás iria ser solto e que nossa crucificação iria ocorrer em algumas horas. Então mandaram nos preparar para tal.

Deixa eu te contar como era a gloriosa preparação para cruz, primeiro nos despiam, ai pegavam um chicote chamado azarrogue, que era um instrumento com tiras de couro e que tinha em suas pontas pedaços de ossos, pregos e metal e com ele batiam nos condenados. As vezes o condenado sofria tanto nessa etapa que nem chegava a ser crucificado, morria ali mesmo. Isso era feito para que sua carne já ficasse exposta antes da cruz.

Após isso era colocado o patibulum (parte da cruz onde o braços são pregados) sobre nossos ombros, e esse nós levávamos até o local onde seríamos crucificados. Esse caminho era muito pedregoso e difícil de fazer com aquele peso sobre os ombros. Ainda mais depois de sermos massacrados por chicotadas e estarmos com muitas dores.

Fizemos esse caminho muito fadigados e assim que chegamos fomos pregados no patibulum, e esse pregado no stipes, logo após isso, nosso pés eram pregados no stipes e assim a cruz era colocada em pé. Nesse momento nossa briga era para poder respirar.

Muita gente não sabe, mas a morte de cruz não era uma morte causada por dor, mas por asfixia. O peso do corpo comprime os pulmões, fazendo que não possamos respirar. Mas isso só ocorre depois de alguns dias, até lá ficamos ali sofrendo exposição pública, para mostrar a todos o que acontece quando o poder de Roma é desafiado.

Nesse cenário estava eu, sendo crucificado por crimes que eu cometi, ao meu lado esquerdo estava o tal de Jesus e ao lado esquerdo dele um dos meus parceiros de bando. Doía muito aquilo tudo, logo lembrei de minha mãe e de todo o carinho que ela tinha ao cuidar de mim.

Nós éramos pobres, mas ela havia feito de tudo por mim. Quando minha cabeça virou ela me implorou para que eu parasse com àquela vida, hoje eu vejo que ela, como sempre, tinha razão, a morte de um bandido não é legal, é muito dolorosa.

Quando olhei para baixo vi que algumas pessoas estavam chorando, isso mesmo, chorando! Mas não era por mim, mas sim pelo tal de Jesus que estava ao meu lado. Aquilo me intrigou, como pode um homem estar na cruz e ainda assim ser amado pelas pessoas.

Olhando mais de perto vi que outras pessoas zombavam dele, o desafiavam a descer da cruz e provar que era o filho de Deus. Quando olhei melhor, vi que os fariseus estavam entre esses zombadores, aquilo me intrigou mais ainda, como esse homem conseguiu ser tão odiado por esse grupo de pessoas que não ligava para nada que ficasse mais de 5cm distante do próprio nariz?

Aquilo me aguçou para ver quem era esse homem, e então fiz um esforço incrível para olhar para o lado e ver Jesus. Quando olhei para o lado vi algo que me deixou sem palavras! Vi aquele olhar que mesmo sofrendo uma morte tão miserável me transmitia uma paz que nunca senti em minha vida, eu parecia estar liberto de tudo naquele momento. Aquele olhar me fez, por alguns momentos, esquecer do meu sofrimento e lembrar de Deus. Isso mesmo, de Deus, um ser que eu há tempos não acreditava.

Enquanto eu estava sentindo aquela paz, meu amigo do outro lado da cruz começou a caçoar de Jesus, perguntando a Ele se não poderia descer da cruz e salvar a nós dois. Aquilo me deixou profundamente irritado que não pude me aguentar:

“Você não teme a Deus? Você está debaixo da mesma condenação que Ele recebeu. A nossa condenação é justa, e por isso estamos recebendo o castigo que nós merecemos por causa das  coisas que fizemos, mas ele não fez nada de mau. Jesus, lembre-se de mim quando entrares no seu reino”.

Nisso Jesus se vira para mim e com muita dificuldade diz:

“Ainda hoje estarás comigo no paraíso.”

Então após isso ele olha para frente, entrega a Deus o seu espírito e morre. Quando ele me disse aquelas palavras meu coração parecia ter começado a bater novamente, eu senti uma alegria, uma felicidade que nunca acreditei poder sentir.

Depois que Ele morreu o dia ficou negro, as 15:00 da tarde, a terra tremeu, parecia que a natureza estava reclamando a morte de seu criador, foi incrível. Para acelerar o processo da minha morte os soldados romanos quebraram a minha perna junto com a do meu amigo e morremos de asfixia. Mas honestamente, foi expirar que abri meus olhos no paraíso ao lado de Jesus. Não vou te contar como é aqui viu? Posso te dizer que palavras não expressam o que é isso aqui, em breve você verá, pois assim como Ele me perdoou também pode perdoar você de todas as suas falhas e erros.

Deixe-o falar com você e experimente o olhar Dele sobre sua vida, impossível não se apaixonar!