Série Obi-Wan Kenobi: análise e opinião sobre o episódio 6

Tatooine outra vez. Após o final do episódio 5 e o gancho para o 6, Reva volta a Tatooine procurando por Owen Lars, com o objetivo de achar o tal garoto mencionado na mensagem de Bail Organa, se referindo a Luke Skywalker.

Voltando ao Obi-Wan Kenobi, temos uma perseguição de Darth Vader em um Star Destroyer contra a nave que levava os demais que procuravam O Caminho. A música que toca é semelhante a que pode ser ouvida em Star Wars Episódio V: O Império Contra-Ataca, no final do filme, quando finalmente o hiperpropulsor da Millennium Falcon funciona com uma “mão” de R2-D2. Isso sem contar que pode também ser uma referência à primeira de cena de Star Wars de todas, com o Star Destroyer de Vader perseguindo a Tantive IV. O som dos turbolasers do Destroyer são muito memoráveis, ainda mais vindo dos Destroyers clássicos. Foi bom de ver e ouvir novamente.

Em preparação para distração do protagonista, vemos Leia Organa brincando com Lola ao lado de Corran (Horn?). Se for mesmo Corran Horn, acabamos de presenciar uma das futuras líderes da Aliança Rebelde, com o lendário piloto da Nova República. Falando em Rebelião, Roken fala que apenas está começando, com o protagonista dizendo que mais pessoas o seguirão. Provavelmente não sabiam, mas muitos outros grupos estavam começando para no final a maioria se unir em torno da Aliança Rebelde.

O Grande Inquisidor até tenta fazer Darth Vader continuar indo atrás dos “Rebeldes”, mas ele quer o Kenobi. Mesmo não sendo um Jedi comum e podendo se tornar uma ameaça, eles poderiam destruir os Rebeldes logo ali ou usando o Raio Trator (bem antes até), mas o passado chama Vader de volta e seu antigo mestre consegue atrair sua atenção.

Antes, o protagonista entrega o coldre de Tala para Leia. Por mais que seja simbólico, que utilidade teria tal item? Um coldre sem um blaster? Obi-Wan responde que não daria um blaster para ela, não ainda.

Para defender Luke Skywalker

Sabendo que Reva estava procurando o garoto, Owen avisa Beru e eles se preparam para tentar impedir que ela se quer chegue perto. E finalmente vimos a Beru Lars! Abrindo um parêntese, eles não chamariam Bonnie Piesse só para aparecer ao longe, e de fato, ela apareceu agora. Demorou, mas ela veio. E que volta! Owen já estava quase se arrumando para abandonar seu lar junto com ela e o garoto, mas ela, bem precavida como esperado da maior aliada, tinha blasters escondidos para quando tal dia chegasse. Ninguém iria abandonar seu lar, sua propriedade, sem uma boa luta e defender os seus.

A revanche do século?

Darth Vader: Você veio me destruir, Obi-Wan?

Obi-Wan: Eu farei o que preciso.

Com uma frase semelhante que disse antes de enfrentar seu aprendiz em Mustafar, o duelo entre os dois começa. Devo dizer que não foi algo que me agradou logo de início. Por ser Anakin/Vader contra Obi-Wan/Ben, sempre se espera mais, embora no duelo em Mapuzo, eu tenha levado mais em conta por ser quase uma distração para a fuga de Tala e Leia. E novamente o problema da câmera, pelo visto algo pra ficar. Entretanto, ainda era Obi-Wan contra Anakin, e Anakin mesmo, como falarei na sequência.

Usando quase um dos poderes que vemos ele e seu aprendiz secreto Starkiller usar em The Force Unleashed, Darth Vader quebra o chão e derruba Kenobi em uma cratera, jogando várias pedras na sequência, soterrando-o. No entanto, Obi-Wan Kenobi tinha algo para o que lutar, tinha uma razão, tinha um propósito. E lembrando de Luke e Leia, os filhos do seu aprendiz, ele sai do local e volta a enfrentá-lo. Usando quase a mesma arma que Vader, ele joga várias pedras sobre ele, dando a oportunidade de confrontá-lo mais diretamente.

Fica confuso quanto ao Darth Vader, pois imaginava-se que ele queria pegar Obi-Wan ainda com vida e não simplesmente derrotá-lo. Mas vamos a sequência.

Algo previsível e incrível

Quando Kenobi começa a danificar os botões do peito de Vader acertando-os com o seu Sabre de Luz, imaginei que a coisa poderia evoluir na danificação, podendo chegar para o capacete. Previsível porque lembra o duelo de Darth Vader com Galen Marek, antigo Starkiller, seu aprendiz em The Force Unleashed. Durante a luta, e conforme o HP de Vader vai caindo, sua armadura vai quebrando aos poucos, sendo o final justamente o capacete e foi praticamente isso que aconteceu no duelo agora na série Obi-Wan Kenobi.

Só um detalhe antes de continuar falando sobre a luta, a cicatriz que Darth Vader tem na cabeça, muitos atribuíram agora a esse golpe de Obi-Wan Kenobi. Porém a cicatriz já existia desde Mustafar quando ele foi severamente ferido também contra Obi-Wan, não foi por causa de agora. No próprio final do episódio 2 desta série quando ele aparece no Tanque Bacta ela aparece. Continuando...

Não é a primeira vez que vemos Darth Vader sem seu capacete, mesmo que só um pouquinho de frente, antes da Trilogia Clássica. Como falei, nós destruímos ele em The Force Unleashed com seu aprendiz Galen Marek, e na série Rebels, com Ahsoka Tano. Mestre e seus aprendizes conseguiram derrotá-lo, mesmo que por um instante. A cena em si da série Obi-Wan Kenobi, lembra a de Rebels com a diferença de ser o outro lado do capacete mostrando o seu outro olho.

Quando assistimos Rebels, ao sentir a presença de sua ex-aprendiz Ahsoka Tano, Darth Vader se comunica com o Imperador Palpatine. Buscando orientações, pensa-se na possibilidade de ela levar a outros Jedi, “como Kenobi”, disse Vader na ocasião. Com a nova série, imaginei que a luta terminaria com Darth Vader vencendo Obi-Wan, mas não tendo certeza se ele estava realmente morto, por isso ainda estaria procurando por ele, por isso a estranheza, até o momento, de Vader soterrar Obi-Wan e ir embora.

Entretanto a coisa foi mais profunda. Conversando com quem ele imaginava ser Anakin Skywalker, tendo a esperança de ele ainda estar vivo, Vader fala que ele matou Anakin, mesma coisa que diria anos depois para Ahsoka Tano.

“Me desculpe. Me desculpe, Anakin”. O conflito sempre esteve em Vader, suplicando para Anakin Skywalker. Os olhos dele demonstram isso ainda bem discretamente. A voz dele ainda vive, quase tentando tirar a culpa de Obi-Wan ao falar que não foi falha de seu Mestre, claro, sempre tentando disfarçar, quase como um consolo para seu antigo Mestre. É nítido que ele quase pediu ajuda ali, assim como quase pediu em Mustafar dez anos atrás. Vemos o jogo de luz no rosto dele, o azul tentando tirar a culpa de Obi-Wan, e o vermelho, ao dizer que vai destruir seu velho amigo.

“Então meu amigo de fato morreu”. Algo que Luke Skywalker diria anos depois para Darth Vader: “Então meu pai está mesmo morto”. Como o último adeus para Anakin em Star Wars Episódio III: A Vingança dos Sith, Obi-Wan se despede agora de Darth. Cada vez mais vemos o quão profundo é a história de Anakin Skywalker. O conflito dentro dele sempre esteve lá desde o início. Além da misericórdia, foi algo corajoso da parte de Kenobi, quase como que prevendo que um dia, mesmo naquele estado, ele retornaria para a Luz, e que Luke Skywalker teria um papel decisivo nisso, bem como a irmã.

Tatooine outra vez

Owen e Beru Lars tentam lutar contra Reva, dando a chance para Luke escapar para o deserto. Apesar de ser atravessada por um Sabre de Luz, ela ainda consegue lutar. Se fosse um ferimento leve como já visto em outros momentos, até seria compreensível, mas daquela forma? Assim como na publicação passada, ultimamente não se morre em Star Wars, a não ser personagens que poderiam agregar futuramente como a Tala, além de que blaster são mais eficientes que um Sabre de Luz. De tantas formas de ferimento, escolheram a mais sem sentido. Seguindo...

Ao encontrar Luke e derrubá-lo, Reva prepara o golpe final. Não haveria sentido em ela tentar matar Luke, a não ser que fosse para atingir Obi-Wan, tentando mais uma vez sua vingança, sendo mais ou menos o que aconteceu. Já não bastasse tamanha covardia e ainda assim relutando em fazer aquilo, ela se ver em Luke, vendo que se estava se tornando o monstro que tentou matar pouco antes. Enfim, ela desiste do ato.

Ao retornar com ele nos braços, Obi-Wan fala com ela e a acalmando. Já era previsível que ela fosse abandonar o Lado Sombrio (inclusive tem publicação na nossa página do Instagram) com a diferença de que ela não necessariamente ficou do lado de Kenobi, mas se tornou livre.

Mustafar: um último “take”

Pelas nuvens, pensava-se que fosse o planeta em que Obi-Wan deixou Darth Vader, mas logo o castelo do Lorde Sith deu as caras em Mustafar. Darth Vader conversando com um cara de capuz em um holograma, quem será? Você até pode não ter achado que era ele, pois Vader estava sentado, e não ajoelhado como de costume, mas, sim, era o Imperador Palpatine. Conforme a série foi avançando com algumas surpresas, fiquei imaginando se ele faria uma ponta e aqui estamos.

Palpatine: Você parece agitado, meu amigo. (De fato. Até comentei sobre o episódio anterior que ele demonstra uma inquietação fora do comum, mesmo que ao seu estilo discreto de raiva, como um simples grito).

Darth Vader: Ele não vai fugir de mim outra vez. (É e desconfio se você não deixou ele fugir, principalmente em Mapuzo que foi no mínimo estranho. A não ser que quisesse pegar mais Jedi ou Rebeldes, o que acabou acontecendo, mas não foi nem de perto o ponto central do episódio 5, embora o elemento central não tenha sido ruim, pois era Darth Vader e Obi-Wan disputando estrategicamente).

Palpatine: Me pergunto se seus pensamentos estão claros aqui, Lorde Vader. Talvez seus sentimentos pelo seu velho Mestre o tenham deixado fraco. Se seu passado não puder ser superado...  (Uma frase semelhante ao conflito final de Vader quanto ao amor pelo filho em O Retorno de Jedi: “Será que seus sentimentos neste caso estão claros, Lord Vader?). Palpatine, você deve ter visto que ele tentou trazer de volta da morte a sua esposa Padmé Amidala, não viu? É óbvio que ele não esqueceu passado.

Para receber Obi-Wan Kenobi

De volta a Alderaan, Leia e seus pais se preparam para receber o nosso protagonista. Com o coldre de Tala, Leia reencontra aquele que foi ao seu resgate. Obi-Wan fala que se Bail precisar, sabe onde encontrá-lo. De fato.

Obi-Wan Kenobi: Leia, quando eu disse antes pra você que eu não conhecia os seus pais... Princesa Leia Organa. Você é sábia, sensata e tem um grande coração. Essas são qualidades que vieram da sua mãe. Mas você também é impulsiva, destemida e decidida. São dons que vieram do seu pai. Ambos eram pessoas excepcionais, que tiveram uma filha excepcional. Eu queria poder dizer mais.

E ela virá a precisar de novo do velho e cansado um dia mais uma vez. Adeus, princesa. Que a Força esteja com você.

Chama atenção nesta cena, que a questão do Obi-Wan não era tão um mistério assim, chegando a recebê-lo em um local bem aberto aos olhos. Em Rebels, por exemplo, parecia ser algo bem mais sigiloso ou com alguns rumores.

Um novo lar?

Uma recompensa caiu na conta de Obi-Wan? Pois é. Com um traje já bem similar ao de Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança, ele deixa a caverna onde viveu todo esse tempo até aqui. Talvez indo para o que seria sua casa no primeiro Star Wars lançado? Mas antes, ele vai até a Fazenda dos Lars e fala que vai manter distância do Luke.

Obi-Wan Kenobi: Sabe, você tinha razão. Ele só precisa ser um garoto. O futuro se resolverá sozinho. A única proteção que ele precisa agora, Owen, é você e a Beru. Tomem conta dele.

Percebam a expressão do Obi-Wan Kenobi. Ele parece ter encontrado uma paz interior, está com um sorriso fácil no rosto, como resultado de praticamente uma provação nessa aventura toda. E a questão do futuro se resolver é algo que Yoda aprendeu bem perto do fim das Guerras Clônicas com Qui-Gon Jinn, algo que Anakin poderia ter aprendido, pois quanto mais ele tentou salvar Padmé Amidala da sua morte, mas os eventos favoreceram que ela ocorresse.

Owen: Ben, quer conhecer ele?

Se as lágrimas quiseram um motivo para sair, acabaram de ganhar uma, vinda das palavras de Owen Lars. Apesar das brigas entre os dois e de entender bastante seus pontos de vista, foi bom ver uma certa compreensão entre ambos, mesmo que só um por um momento.

Hello There

Eu realmente não esperava por isso. Ficou aquele sentimento de um pouquinho mais, com o Obi-Wan entregando a nave de brinquedo e um pouquinho mais de conversa, mas a referência foi demais. Enfim, ele disse.

Mestre Qui-Gon

Caramba! Mas é muita coisa para o coração aguentar. Se o “Hello There” com Ben e Luke juntos mesmo que por um pouquinho veio aos 45 do segundo tempo, Qui-Gon Jinn veio aos 50.

Obi-Wan: Eu começava achar que você nunca viria

Qui-Gon: Eu sempre estive aqui, Obi-Wan. Você não estava pronto para ver. Vamos, temos um longo caminho.

É verdade, não estávamos prontos e precisava de um último plot para a série. Como foi bom vê-lo novamente, velho amigo.

Conclusão

Assim como o terceiro episódio, e a luta entre Kenobi e Vader em Mapuzo, vai ser um episódio que vai gerar discussões, assim como a série como um todo. Da minha parte, no momento em que acabo de ver a série, achei ela épica. Não sei se porque 2021 não foi um bom ano com duas séries bem medianas, mas mesmo assim, Obi-Wan Kenobi conseguiu trazer um pouco do que Star Wars nos acostumou como emoção e história. Claro, Obi-Wan, Darth Vader, Leia, Bail Organa, Luke, Owen, Beru por si só já animam e tornam a expectativa maior e isso ajuda a série a ficar melhor, ou pelo menos, olhar com outros olhos de revisitar o passado. Mas também já tivemos outras produções que traziam personagens clássicos, e não foi lá essas coisas. Então, talvez a série atual tenha conseguido, enfim, fazer valer o elenco que teve.

Reva, como falei, foi previsível a volta dela, mesmo que sem necessariamente ficar do lado do Obi-Wan, mas gostei da história dela e seu arco de vingança por um outro ângulo. Havia rumores de que poderia haver uma segunda temporada, logo haveria uma brecha para caso houvesse, de ela retornar, e foi o que aconteceu. Gostaria que tivessem mais cuidado com ela, quanto a cena em que ela foi ferida, porque ser atravessada por um sabre e sobreviver, é algo que está ficando banal demais e pode atrapalhar a própria personagem, mesmo com um final agradável.

A luta entre Obi-Wan e Darth Vader não foi algo como a “revanche do século” que venderam, porém me agradou o encontro entre os dois novamente, que era algo que estava bem receoso no início. As lutas podem não ter sido tão épicas (a não ser no final), mas os diálogos carregaram com maestria esses dois grandes personagens.

Sobre as questões do fan-service, existe o bom e ruim. O fan-service ruim é quando ele está ali por estar ali. “Olha eu aqui, pegou a referência”. O fan-service bom é aquele que agrega na história, como Rogue One fez e agora Obi-Wan Kenobi. Felizmente tivemos o segundo caso.

No mais, não foi a melhor série de Star Wars já feita, dificilmente seria com uma temporada. Se a série terminar aqui, com apenas uma temporada, já está bom demais. Talvez a melhor primeira temporada das séries da saga? É possível. Normalmente as primeiras temporadas são as mais fracas, mas neste caso foi algo que ultrapassou esses limites mostrando que é possível fazer algo grandioso e evidentemente o elenco ajudou bastante.

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