Joe Biden é muito tímido. É hora de legalizar a cocaína, na The Economist.
Esses dias a Angela Davis explicou o que ela entende por "liberdade", no podcast do Mano Brow. Segundo ela, no movimento negro, as pessoas tinham um conceito de liberdade restrito aos homens. Só depois incluíram as mulheres. E aí entenderam que a binariedade não contemplava pessoas transexuais. E incluíram então todos os dissidentes de gênero. Só que, com isso, as pessoas com deficiências ficaram de fora e também precisaram ser incluídas. Até que perceberam que essa ideia de liberdade tava muito centrada no ser humano, e que precisavam incluir os seres não humanos também. | ||
Isso mostra, segundo ela, que a liberdade não é um conceito acabado. Não é um fim. A liberdade é o próprio caminho que fazemos para construí-la. | ||
Isso é tããão diferente do conceito de liberdade que o Bolsonaro relincha por aí. “Podemos até viver sem oxigênio, mas jamais sem liberdade.” Que merda significa isso? | ||
Pro Bolsonaro, liberdade é fazer tudo o que ele quer sem se responsabilizar por absolutamente nada. Basta ver o que ele fez na pandemia. Essa é a liberdade que o Derrotado do Planalto busca: a liberdade de poder banir, excluir, machucar e matar sem que ninguém cobre ele por isso. | ||
O livro O Grande Gatsby, do Fitzgerald, tem um trecho que exeplifica bem essa ideia de liberdade sem responsabilidade (e que eu até usei em um "vídeo-reflexão" que fiz no instagram): | ||
"Eles eram pessoas indiferentes. Eles destroem coisas e criaturas e depois buscam novamente refúgio no seu dinheiro ou na sua vasta indiferença, ou qualquer coisa que os mantêm juntos, deixando para os outros limparem a sujeira que eles deixaram para trás". | ||
Imagina o tamanho da caçamba de lixo que o Lula vai ter que tirar do governo... Se duvidar, o Bolsonaro não vai nem arrumar a cama antes de sair do Palácio do Alvorada. | ||
Ainda assim, se livrar desse energúmeno é um alívio tão grande. | ||
Eu vivo em Ubatuba, no litoral norte de SP. No dia do segundo turno, decidi fazer um bate-volta na capital só pra votar, porque meu título ainda tá lá. A ideia era estar em casa domingo à noite, mas perdi a carona. E, ja que estava em SP, decidi ir pra Avenida Paulista com a Miwa e o Cotrim comemorar o fim dessa bad trip escrota que dura quatro anos. | ||
A foto abaixo é desse momento, o momento em que eu senti o que é essa liberdade bonita e inclusiva que a Angela Davis fala. Não sou ingênio (mentira sou sim!), sei que não vivemos num cupcake, mas pelo menos não vamos mais precisar viver num bolo fecal. | ||
O que andei lendo | ||
🤪 MONOM: o dia em que eu dormi numa “balada” em Berlim, relato curioso da Lalai Persson, no Chicken or Pasta, sobre esse espaço de perfomances experimentais com soundsystem 4D. | ||
🤓 Brasil deveria criar programa de pesquisa com ayahuasca, do Marcelo Leite, no blog Virada Psicodélica, da Folha. | ||
🙃 Imprensa distorce estatísticas e dá munição a classismo e xenofobia de Bolsonaro, da Fabiana Moraes, no The Intercept. | ||
🤪 O perigo da psiquiatrização do bolsonarismo, da Rachel Gouveia Passos, no Le Monde Diplomatique. Os bolsonaristas não são malucos, eles são misógenos, homofóbicos, racistas e machistas mesmo. | ||
🤖 "Cirurgia é o novo sexo": Cronenberg provoca o biohacking em seu novo filme, no Tilt UOL. | ||
🤑 St. Pauli, o clube que vai além, do Thales Machado, no Puntero Izquierdo. Na faculdade, eu vivia pegando emprestada a camiseta do St. Pauli do Ale, e não sabia da fascinante história do time anticapitalista que ganha dinheiro com merchandising. | ||
🤢 Por que Lazio, vice na Itália, é considerado o time mais fascista do mundo?, do Rafael Reis, no Uol. | ||
🤯 Joe Biden é muito tímido. É hora de legalizar a cocaína, na The Economist. | ||
🤖 Artistas dizem que geradores de imagens por Inteligência Artificial estão copiando seu estilo para criar milhares de novas imagens – e isso está completamente fora de controle, no Business Insider. Ando fascinado com essas artes criadas por IA. Enquanto uns tretam, outros usam a tecnologia a seu favor, como esse projeto Tribe do artista David Lindberg, que tá criando coletivamente todo um universo povoado por seres como esse aqui embaixo... | ||
Cantinho da autopromoção | ||
☀️ Esse mês entrevistei a ex-ministra do meio ambiente do governo Dilma, Izabel Teixeira, para a Conectas, a ONG de direitos humanos pra onde escrevo há uns três anos. Foi um alívio conversar com alguém que tem perspectivas animadoras e realistas sobre o clima. Fiquei feliz principalmente pela certeza de que a Amazônia não vai virar um estacionamento. | ||
☀️ Para a Conectas, também escrevi sobre os sete anos do desastre de Mariana. Ainda existem pessoas que não receberam NADA depois do tsunami de lama que levou suas casas. Ao que parece a Vale e a BHP não querem gastar dinheiro com uma catástrofe que elas mesmas causaram. Mesmo sabendo que isso poderia acontecer. Como disse o Fitzgerald, literalmente, "deixando para os outros limparem a sujeira que eles deixaram para trás". O texto tem duas partes: parte 1 e parte 2. | ||
☀️ Esse mês também tive a honra de escrever uma reportagem especial para a edição de aniversário da revista Crescer, sobre crianças trans. Sim, existem crianças que não se identificam com o gênero com o qual nasceram. Conversei com pais e mães que lidaram com a situação e terminei de escrever a reportagem totalmente convencido de que a educação é a única saída possível pra fazer com que o Brasil deixe de ser o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. Infelizmente, essa reportagem não está no site. Se quiser ler, me dá um salve. | ||
O que andei ouvindo | ||
PODCAST: Passado a quente, do Spotify. Um excelente resumo desse multiverso da loucura na política que a gente entrou em 2013. | ||
PODCAST: Polícia bandida e o clã Bolsonaro, continuação do podcast A Vida Secreta de Jair, da Juliana Dal Piva, no UOL Investiga. Merece um Oscar. | ||
PODCAST: Tasha & Tracie, no Podpah. Legal demais conhecer a relação delas com a música. Nesse corte, a Tasha explica como o efeito Dopler da física inspirou um verso da música Salve. | ||
PODCAST: Gal a todo vapor, no podcast Discoteca Básica. | ||
O que andei vendo | ||
VÍDEO: Chora mais, do Greg News. Episódio emocionante pra quem viu a vitória do Lula e, pela primeira vez em quatro anos, não quis bater a cabeça na parede ao ouvir uma notícia de política. | ||
VÍDEO: O Sucesso não é linear, uma performance muito doida do artista Yoann Bourgeois. | ||
VÍDEO: The Beat Diáspora, a série da KondZilla sobre música eletrônica da periferia. O primeiro episódio sobre o funk paulista é uma aula. | ||
VÍDEO: Idles full set, ensaio alucinado do Idles, melhor banda de punk britânico atual, no From The Basement. | ||
VÍDEO: Registro raro da voz do Mário de Andrade, no YouTube. | ||
VÍDEO: Gal Costa fala sobre a morte, trecho do Conversa com Bial. | ||
Essa microdose de PunkYoga acabou virando uma overdose... Acontece! | ||
Te vejo daqui a 15 dias. | ||
Vai pela sombra e fica na paz de Bowie. | ||
Com amor & anarquia, | ||
Nathan | ||
Se você chegou aqui através de um link, deve tá pensando: "Como eu assino essa newsletter maneira?". Ora, é só deixar seu e-mail aqui. E dá pra ler as edições anteriores aqui também. Se não curtiu e tá aqui lendo esta última linha, admiro sua capacidade de autoflagelação. |