PunkYoga de #Natal: Papai Noel num tanque de formol
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PunkYoga de #Natal: Papai Noel num tanque de formol

Tava revisitando um antigo blog meu e me deparei com esse conto sci-fi de natal que eu escrevi. Na verdade, não foi por acaso. Eu gosto dele, lembrei e fui atrás, confesso. 

Nathan Fernandes
3 min
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"Ora, algumas vezes cheguei a acreditar em até seis coisas impossíveis antes do café da manhã”

Tava revisitando um antigo blog meu e me deparei com esse conto sci-fi de natal que eu escrevi. Na verdade, não foi por acaso. Eu gosto dele, lembrei e fui atrás, confesso. 

Escrevi ele em 2013, quando tava estudando e trabalhando em Lisboa. Ele é bem estranho, um pouco doente até. Mas acho engraçado que, seis anos atrás — quando eu não conhecia nada dessas coisas sobre as quais eu escrevo aqui —, um tema recorrente já pulsava no meu cérebro: é essa oposição entre magia e razão, entre a ciência e o desconhecido. 

Fico pensando em como, às vezes, a gente PRECISA encontrar uma uma explicação racional pra tudo. A gente precisa entender por que aquela pessoa não gosta da gente; a gente precisa entender aquela situação que não teve lógica nenhuma. Mas e se talvez a gente não for o centro do Universo, e o cosmos seja regido por forças que escapem da nossa compreensão?

E se a gente acaba matando o desconhecido quando tenta observar ele com um microscópio? Quer dizer que ele não existe? Talvez algumas coisas tenham sido feitas apenas para serem sentidas. 

Acho que era nisso que eu tava pensando quando escrevi o micro conto abaixo, e que agora eu divido aqui. É sempre um prazer compartilhar a parte nonsense da minha massa encefálica com vocês. 

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O Papai Noel existe. O pequeno Aristides, de 8 anos, tinha certeza disso desde o ano passado, quando pediu uma afiada armadilha de urso no natal. E ganhou. Ele sabia que seus pais, físicos, eram responsáveis demais para dar um presente desses. Logo, a única pessoa que poderia ter oferecido a peça era o próprio Pai Natal, como é conhecido o Papai Noel em Portugal.

O Pai Natal existe. A farsa precisava ser desfeita. A magia é real. Pensando nas crianças que, todos os anos, têm seus sonhos dilacerados por uma realidade sem graça, Aristides resolveu provar sua descoberta. 

Neste ano, Aristides pediu uma garrafa de éter e esperou o Pai Natal aparecer. À meia noite, um estrondo irrompeu da sala da lareira. Pai Natal estava preso na armadilha de urso. O menino pegou o éter do saco de presentes, molhou um pano com ele, fez o bom velhinho adormecer e chamou seus pais. 

O Pai Natal, de fato, existe. Mas agora ele está boiando em um tanque de formol no Champalimaud Centre for The Unknown, em Lisboa. 

O Fim.


É isso, pessoal!

Que, além de presentes, a gente consiga distribuir pras pessoas todo o amor que a gente merece ganhar nesse ano de 2020. 

Vai pela sombra e fica na paz de Bowie.

Com amor,

Natal

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