Tava revisitando um antigo blog meu e me deparei com esse conto sci-fi de natal que eu escrevi. Na verdade, não foi por acaso. Eu gosto dele, lembrei e fui atrás, confesso.
"Ora, algumas vezes cheguei a acreditar em até seis coisas impossíveis antes do café da manhã” | ||
Tava revisitando um antigo blog meu e me deparei com esse conto sci-fi de natal que eu escrevi. Na verdade, não foi por acaso. Eu gosto dele, lembrei e fui atrás, confesso. | ||
Escrevi ele em 2013, quando tava estudando e trabalhando em Lisboa. Ele é bem estranho, um pouco doente até. Mas acho engraçado que, seis anos atrás — quando eu não conhecia nada dessas coisas sobre as quais eu escrevo aqui —, um tema recorrente já pulsava no meu cérebro: é essa oposição entre magia e razão, entre a ciência e o desconhecido. | ||
Fico pensando em como, às vezes, a gente PRECISA encontrar uma uma explicação racional pra tudo. A gente precisa entender por que aquela pessoa não gosta da gente; a gente precisa entender aquela situação que não teve lógica nenhuma. Mas e se talvez a gente não for o centro do Universo, e o cosmos seja regido por forças que escapem da nossa compreensão? | ||
E se a gente acaba matando o desconhecido quando tenta observar ele com um microscópio? Quer dizer que ele não existe? Talvez algumas coisas tenham sido feitas apenas para serem sentidas. | ||
Acho que era nisso que eu tava pensando quando escrevi o micro conto abaixo, e que agora eu divido aqui. É sempre um prazer compartilhar a parte nonsense da minha massa encefálica com vocês. | ||
O Papai Noel existe. O pequeno Aristides, de 8 anos, tinha certeza disso desde o ano passado, quando pediu uma afiada armadilha de urso no natal. E ganhou. Ele sabia que seus pais, físicos, eram responsáveis demais para dar um presente desses. Logo, a única pessoa que poderia ter oferecido a peça era o próprio Pai Natal, como é conhecido o Papai Noel em Portugal. | ||
O Pai Natal existe. A farsa precisava ser desfeita. A magia é real. Pensando nas crianças que, todos os anos, têm seus sonhos dilacerados por uma realidade sem graça, Aristides resolveu provar sua descoberta. | ||
Neste ano, Aristides pediu uma garrafa de éter e esperou o Pai Natal aparecer. À meia noite, um estrondo irrompeu da sala da lareira. Pai Natal estava preso na armadilha de urso. O menino pegou o éter do saco de presentes, molhou um pano com ele, fez o bom velhinho adormecer e chamou seus pais. | ||
O Pai Natal, de fato, existe. Mas agora ele está boiando em um tanque de formol no Champalimaud Centre for The Unknown, em Lisboa. | ||
O Fim. | ||
É isso, pessoal! | ||
Que, além de presentes, a gente consiga distribuir pras pessoas todo o amor que a gente merece ganhar nesse ano de 2020. | ||
Vai pela sombra e fica na paz de Bowie. | ||
Com amor, | ||
Natal | ||
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