Tudo que levou à Guerra na Ucrânia, de uma forma fácil de entender
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Tudo que levou à Guerra na Ucrânia, de uma forma fácil de entender

Euromaidan, 2013

Rafael Costa
4 min
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Euromaidan, 2013

Tudo começou em 1º de novembro de 2013, quando milhares de ucranianos lotaram a Praça da Independência, que fica em Kiev, para realizar protestos, posteriormente conhecidos como Euromaidan.

A população reivindicava pela entrada do país na União Europeia, por um distanciamento de Moscou e por menos influência russa no governo do presidente da época, Víktor Yanukóvytch.

Praça Maidan, em Kiev, capital da Ucrânia 
Praça Maidan, em Kiev, capital da Ucrânia 

No entanto, o mesmo presidente, que era apoiado por Putin, reprimiu as manifestações com violência policial e permitiu que a Berkut (espécie de tropa de choque ucraniana) abrisse fogo contra os envolvidos no ato. O resultado foi um longo protesto que durou 91 dias, com 125 civis mortos e outros 1890 feridos. Ao fim, Yanukóvytch precisou fugir da Ucrânia e deixou a presidência do país.

*Recomendo uma série da Netflix chamada Winter on Fire para entender melhor

Invasão da Crimeia e Donbas; Acordos de Minsk, 2014 e 2015 

Em 2014, como resposta à queda do presidente ucraniano pró-russo, o Kremlin invadiu e anexou ao seu domínio a região da Crimeia (que pertence à Ucrânia e sempre foi vista por Moscou como área estratégica, já que é a única saída russa para o mar através de águas quentes e que não congelam durante um extenso período do ano).

A partir daí, o governo moscovita passou também a apoiar separatistas do leste ucraniano na região de Donbas (Donetsk e Lugansk), onde vivem muitos russos, para que esses iniciassem uma ofensiva contra Kiev, em busca de independência.

Como o mapa mostra, a Crimeia é uma península ucraniana que dá acesso ao mar negro
Como o mapa mostra, a Crimeia é uma península ucraniana que dá acesso ao mar negro

Desde então, o território presenciou um conflito entre os separatistas russos e as forças militares ucranianas. Mais de 10 mill pessoas morreram e acordos de cessar-fogo precisaram ser assinados. O primeiro em 2014, conhecido como Protocolo de Minsk, o segundo em 2015, o Minsk 2. Os ataques nunca acabaram de fato, mas diminuíram consideravelmente.

100 mil soldados russos na Fronteira com a Ucrânia, 2021

No fim do ano passado, a Rússia posicionou mais de 100.000 soldados na fronteira com a Ucrânia e a tensão reacendeu. Os líderes de Moscou alegaram que estavam agrupando suas tropas naquela região apenas para realização rotineira de exercícios militares, mas que poderiam retirá-las dali caso os EUA garantissem que a Ucrânia nunca, em hipótese alguma, faria parte da OTAN (aliança militar liderada pelos norte-americanos e que engloba uma série de países europeus) e se os Ianques também afirmassem, formalmente, que não aumentariam sua presença bélica nos países do leste europeu.

Imagens de satélite que mostram tropas russas posicionadas próximas à fronteira com a Ucrânia
Imagens de satélite que mostram tropas russas posicionadas próximas à fronteira com a Ucrânia

Com a recusa de Washington em atender aos pedidos do Kremlin, um longo esforço diplomático se estendeu ao decorrer dos últimos meses e os russos chegaram a até dizer, na semana passada, que estavam retirando seus soldados da fronteira. Porém, na segunda-feira (21), em um logo discurso, Putin reconheceu os Oblasts (nome que se dá aos distritos ucranianos) de Donestks e Lugansk como estados independentes da Ucrânia, disse que os ucranianos foram uma criação russa, contestou a existência do país e ordenou que suas tropas invadissem a região para “restaurar a paz”.

A invasão russa da Ucrânia em larga escala, 2022

Hoje (24), o presidente russo determinou uma “operação militar especial”, que oficialmente aconteceria na região de Donbas, mas, como o governo ucraniano informou mais tarde, se tratava de um ataque em larga escala em todo o país. 

A Rússia atacou diversas regiões, incluindo a capital, Kiev.

Autoridades ucranianas dizem que, pelo menos, 50 russos foram mortos e seis aviões teriam sido abatidos no leste do país; depois, foi divulgado que 40 soldados ucranianos também morreram. Não há número oficial de mortes divulgado até o momento.

Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, após ataques russos
Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, após ataques russos

Holodomor, Chernobyl e Russificação

Rússia e Ucrânia tem um histórico bastante desgastado ao longo da história. Mais de 6 milhões de ucranianos morreram de fome no Holodomor, conhecido como genocídio pela fome, praticado pela União Soviética em 1932-33.

Durante o Império Russo, tradições ucranianas e a língua ucraniana foram proibidas, processo chamado de russificação.

Estátua que existe na Ucrânia em homenagem aos milhões que morreram de fome no Holodomor
Estátua que existe na Ucrânia em homenagem aos milhões que morreram de fome no Holodomor

O desastre de Chernobyl, em 1986,  também foi uma tragédia que aconteceu durante o regime de Moscou e matou várias pessoas no país.

Todas essas histórias, até hoje, são presentes na memória desses povos e explica um pouco do que acontece agora.

Portanto, não precisa defender os EUA, nem a Rússia ou escolher um lado político. Apenas reconhecer que a Ucrânia é vítima disso tudo e merece ser defendida.