Eles ficaram mudos
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Eles ficaram mudos

Não é de hoje que a classe artística resolveu colocar em xeque sua credibilidade por ideal político. Desde que viu uma direita começar a ressurgir diante de uma mídia alternativa e não mais controlada, vários deles saíram do armário e passara...

Rica Perrone
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Não é de hoje que a classe artística resolveu colocar em xeque sua credibilidade por ideal político. Desde que viu uma direita começar a ressurgir diante de uma mídia alternativa e não mais controlada, vários deles saíram do armário e passaram a militar abertamente.

Muitos perderam público. Muitos foram na onda exatamente por não tê-lo. 

Um direito, diga-se. Por mais controverso que seja brigar por amor, paz, empatia, cagar regras e valores e declarar apoio ao chefe de uma condenada quadrilha. Enfim. 

Há uma semana a tal de Bebel, que é sobrinha do Caetano, e portanto é do clã que mandava na música brasileira até uma década atrás, resolveu pisar na bandeira do Brasil. 

E acho que não é preciso ser de direita nem de esquerda pra se ofender com isso. É um tremendo absurdo. Um desrespeito. Ainda mais vindo de alguém que vive fora. E que espero que continue bem longe daqui.

As coisas estão tão ridiculamente polarizadas no Brasil que conseguiram atrelar a bandeira do país a um lado. E com todo respeito, se alguém acha que é afrontoso usar a bandeira ou camisa do Brasil, és um tremendo idiota.

Mas idiota o Brasil faz mais do que jogador de futebol. E nem tem peneira. Tem divisão de base. E ela vota. 

Esperei uma semana pra não ser injusto embora soubesse que não tinha a menor chance de eu estar prevendo errado.  Onde estão os artistas críticos a tudo e todos contra o ato dessa mulher?

Raríssimos tiveram a coragem e a decência de contestar esse desrespeito. Por medo do clã do Caetano, por não se opor a uma colega de militância? Não sei. Fato é que os que falam pelos cotovelos se calaram. 

E assim o assunto morreu.  

Morreu porque a imprensa não tem interesse em contestar um companheiro ideológico. Morreu porque cada dia mais fica evidente que não se luta mais pelo certo mas sim pelo "seu". 

O Monark falou algo numa frase infeliz que nem era o que ele estava defendendo. Ninguém se omitiu pra destrui-lo. O Mauricio do Vôlei falou 10% do que encontraram do Andreolli sobre gays. E um foi destruído, o outro ignorado. 

Conceito quase mafioso de que "os nossos"  podem tudo, os "deles", nem um minuto de compreensão. 

Está claro. Escancarado. Covardemente decretado por todos que manipulam via microfone. Há uma escolha de quem pode ou não falar num ato em busca da democracia. 

Eu não estou nem aí se você é de esquerda ou direita. Eu fico realmente preocupado quando um tiro te incomoda se acertar fulano e pouco importa se atingir beltrano.

Fico preocupado com um país que se presta a ser refém de um bando de artista alienado que acha que tem qualquer qualificação para determinar os rumos da sociedade.

E mais preocupado ainda quando a imprensa, que deveria sempre ser isenta e imparcial, escolhe um lado pra esmagar e outro pra não ver. 

Estamos em guerra. E se não pudermos votar pelos ideais, votaremos contra os inimigos. E diante desse cenário escancara-se a burrice da classe artística em fortalecer a dúvida sobre a boa fé de um dos lados. 

Sejam petistas, socialistas, comunistas, fascistas, bolsonaristas. Tanto faz. Só não sejam tão covardes. O povo é burro sim. Mas até isso tem limites. Já vossa cara-de-pau... 

RicaPerrone