Uma imprensa isenta é o mínimo
90
9

Uma imprensa isenta é o mínimo

Não há mais pra onde correr. A falência da credibilidade das mídias tradicionais não diz respeito a fake news e nem as desleais concorrências nichadas das redes sociais. 

Rica Perrone
2 min
90
9
Email image

Não há mais pra onde correr. A falência da credibilidade das mídias tradicionais não diz respeito a fake news e nem as desleais concorrências nichadas das redes sociais. 

É culpa deles mesmos.

Claro que muita gente prefere a bolha do que pensa. Mas a mídia deveria ter se colocado como fiel da balança. Num cenário onde existem mídias alternativas de extremos, a imprensa convencional teve a bola quicando na sua frente pra se posicionar como neutra, a voz da razão.

Ao invés disso tomaram lado. Construíram ícones, destruiram "inimigos". Deturparam os fatos, sentaram ao lado de um dos extremos e com a propagação fácil de fatos foi sendo ridicularizada.

Ninguém sabe mais no que acredita. Boa parte da popularidade do atual presidente é baseada em seus inimigos. Simpatia reativa. Você pode não gostar dele, mas adora saber que ele odeia quem você também odeia.

Mil versões de assassinatos, como se a vida fosse um simples caça clique. Mil especialistas de porra nenhuna, e a brutal diferença de tratamento entre quem pensa como eles e quem discorda, mesmo que com argumentos. 

Hoje foi minha vez, como em outras tantas. O UOL, site pelo qual tenho profundo desprezo, pegou uma troca de ELOGIOS entre eu e minha amiga Rosamaria do vôlei e tentou transformar em humilhação. 

Rotulou como um "corte", onde só havia um elogio. E pinçou twittes me ofendendo e menosprezando pra ilustrar a matéria que era apenas pra ser divertida, pois tratava-se de uma brincadeira.

É isso. No dia em que Rosamaria brilha no vôlei e nos leva a final, vamos usa-la pra tentar desmerecer um amigo dela. Mas que é nosso inimigo. Portanto, foda-se.

A lealdade é uma virtude até na guerra. Mesmo de lados opostos, há limites e regras estabelecidas por caráter que devem ser respeitadas.

Nem todo mundo tem caráter. E por isso temos que ler aberrações dia após dia em veículos convencionais atacando raças, pessoas, lados, etc. Porque se você não pensa como eles, não argumentam. Te destroem.

Mas o casco não é mais de aço. Hoje há enorme tendência das pessoas em rejeitar o que é dito pela imprensa. E vai aumentar na medida em que se fica claro um lado, uma tendência e nenhum compromisso com respeito, isenção e honestidade.

O "teria feito" é mentira. Quase sempre. E as pessoas já notaram. 

O que a mídia diz não é mais fato. Agora é boato. E mesmo nos mais sérios assuntos a gente já não consegue saber se é fato ou uma campanha pra alguém ou algum fim. 

Vivemos aqui na web as custas de vossa incompetência. Não temos 1% da estrutura e 1% da credibilidade que vocês tinham. E viramos o jogo com um celular e um microfone. Será que somos gênios ou vocês estão completamente perdidos numa nova era onde se pode ir atrás da verdade?

Seja como for, sigam. Cada passo em falso dado nessa direção aumenta o mercado do qual faço parte. E cada notícia estúpida e covarde como a de hoje faz com que menos gente tenha sua notícia como o ponto final. 

Ser honesto e inteligente são coisas fundamentais para qualquer profissional. O primeiro é obrigação. O segundo, sorte. E nem todo jornalista tem sorte. Menos ainda segue as obrigações.

Agonizem. E morram. Porque vivos vocês matam verdades, reputações e boa leitura dos fatos. 

Morram. Ou melhor, suicidem-se. Porque é isso que estão fazendo.

RicaPerrone