O MAIOR ERRO DA VIDA DE BILL GATES ?

Bill Gates é considerado por muitos como o protagonista da revolução digital que fez com que o mundo ficasse totalmente integrado por meio de computadores e outros dispositivos eletrônicos.

Em meio a críticos e admiradores, é possível afirmar que o magnata foi uma das figuras mais importantes do mundo nas últimas décadas.

Através da Microsoft, Gates enxergou que poderia ficar imensamente rico se licenciasse o seu sistema operacional de forma que praticamente todo fabricante de computadores pudesse instalar o software de sua empresa; lhe pagando apenas um valor módico para tanto.

Operação que seria mais fácil para o fabricante, que não precisaria desenvolver seu próprio sistema para suas máquinas; algo que seria extremamente custoso e até arriscado. E que o deixaria livre para focar apenas naquilo que fazia de melhor: a fabricação dos eletrônicos.

Dessa forma, quanto mais computadores fossem vendidos em todo o mundo; quase que independente do fabricante; mais Gates ficaria rico.

Enquanto alguns rivais apostavam na venda do software por meio de uma negociação única e definitiva, ao invés de licenciá-lo; e outros como Steve Jobs, defendessem que um fabricante deveria ter seu próprio software e integrá-lo ao hardware, Bill Gates colocou todas as suas fichas em sua estratégia; e em pouco tempo foi brutalmente recompensando, quando se tornou bilionário com apenas 31 anos; e posteriormente quando se tornou o homem mais rico do mundo. Posto que ele ostentou durante vários anos seguidos.

Em 1998, o bilionário além de ser o homem mais rico da época, também era o maior acionista da Microsoft, com cerca de 45 por cento das ações da empresa. E ele tinha essa participação depois de já ter aberto o capital de sua empresa anos antes, em 1986; e de a empresa ter vendido e deslocado a maioria das ações entre acionistas, funcionários e sócios.

Na ocasião, o mundo começava a testemunhar a popularização da Internet e as imensas possibilidades que a rede conectada poderia trazer. Porém, ainda assim, a ideia de dispositivos de bolso interconectados ainda parecia algo distante; e para muitos, a Microsoft poderia encontrar um teto, se em determinado momento, em cada um dos lares do mundo, os moradores tivessem cada um o seu próprio computador. Um número imenso, mas que poderia significar o limite para a empresa, na visão de alguns.

Vale lembrar também que pouco tempo antes, a Microsoft enfrentou uma dura batalha judicial por ter se consolidado como um monopólio no mercado de softwares.

Apesar de não ter tido apoio estatal na conquista do mercado, a empresa se tornou um verdadeiro colosso, que não dava espaço para nenhum competidor na época.

Situação que colocou os holofotes sobre a empresa e fez com que ela pagasse duras multas e tivesse que se desfazer de alguns projetos e encerrar determinadas práticas.

Uma das acusações era de que a empresa não hesitava em usar todo e qualquer método para eliminar a concorrência em seu setor. Mesmo que isso significasse uma política predatória de preços.

E ao final, foi encontrada uma solução amigável para que a empresa continuasse sem novos problemas. Acordo que significou também a renúncia a algumas possibilidades que o mercado lhe proporcionava na época.

Em meio a esse turbilhão, Gates já tinha uma amizade consolidada com o maior investidor do mundo, o também bilionário Warren Buffett; que construiu uma fortuna robusta no mercado de capitais apostando na compra de ações de empresas fortes com boas gestões.

Os dois se conheceram em 1991, e apesar da diferença de idade significativa, eles se tornaram grandes amigos e são vistos juntos até hoje. E o próprio Gates define que Buffett lhe apresentou o conceito verdadeiro de amizade.

Da amizade, surgiu o interesse de Gates no mercado de capitais; e principalmente em diversificar o seu patrimônio. E ao invés de concentrar o seu dinheiro na Microsoft, o magnata decidiu seguir os passos do amigo e ingressar no badalado mercado de ações.

Ou seja, assim como é dito popularmente, Bill Gates também aparentemente acredita que é melhor não colocar todos os ovos na mesma cesta. E assim, ele diversificou o seu portfólio com compras periódicas de ações de várias empresas e participações em startups mundo afora.

Para viabilizar a ideia, Gates vendeu ao longo das duas décadas seguintes, em diferentes momentos, grande parte de suas ações da Microsoft; o que lhe rendeu bilhões de dólares em sua conta.

Com o dinheiro, ele viabilizou iniciativas filantrópicas de sua fundação, a Bill e Melinda Gates Foundation, que também recebeu aportes bilionários de Buffett; e outra grande parte desse dinheiro foi alocada na compra de ações de várias outras empresas listadas na Bolsa de Valores; inclusive, da corretora de Warren Buffett, a Berkshire Hathaway; e também na compra de participação em empresas de capital fechado. Algo que ele faz até hoje.

Enquanto pouco a pouco realizava esses movimentos coordenados, Gates deixou de ser o maior acionista da Microsoft no ano de 2014, quando o posto foi assumido pelo antigo CEO da companhia, Steve Ballmer.

Porém, nos últimos anos, as apostas de Bill Gates não aconteceram exatamente como ele previu. Pelo menos, para quem, assim como nós, enxerga de fora.

Apesar de ter cruzado a barreira de uma fortuna superior a 100 bilhões de dólares, com uma reserva pequena de ações da Microsoft, e com o patrimônio diversificado; hoje o bilionário conta com uma fortuna avaliada em 136,5 bilhões de dólares.

Contudo, a maior parte desse montante é proveniente das poucas ações que lhe restam da empresa que ele fundou. E curiosamente, o antigo funcionário Steve Ballmer possui hoje uma fortuna de 104,3 bilhões de dólares, número relativamente próximo à fortuna de Gates; isso tudo, fruto majoritário de suas ações na Microsoft.

Tal situação levanta um ponto interessante. Qual seria a fortuna de Bill Gates se ele não tivesse vendido quase todas as suas ações da Microsoft?

Como seria se ele não tivesse diversificado a sua fortuna?

Para responder a essa pergunta é importante ressaltar que o ano de 2021 foi excelente para a Microsoft que cresceu impressionantes 45 por cento, somente no ano.

Tal fato fez com que a empresa batesse o recorde histórico de uma capitalização de mercado de 2,54 trilhões de dólares; cifra que fez com que ela ultrapasse a Apple em valor de mercado, e se tornasse a companhia mais valiosa dos últimos dois séculos.

Considerando esse número assombroso, é possível ter uma ideia de quanto seria a fortuna pessoal de Gates, caso ele não tivesse diversificado a sua carteira: o astronômico valor de 1,27 trilhões de dólares ...mais de 4 vezes a fortuna de Elon Musk; o atual homem mais rico do mundo; E que o colocaria provavelmente como o homem mais rico de toda a história.

Ou seja, a decisão de diversificar o patrimônio, por enquanto, custou mais de 1 trilhão de dólares para Gates.

É certo, que é impossível prever o futuro; e que é fácil discutir os fatos quando eles já aconteceram; mas resta a pergunta: teria sido esse o maior erro da vida de Bill Gates?

Será que até ele subestimou o potencial de seu próprio negócio?

O que você teria feito se estivesse no lugar dele décadas atrás?

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Esse conteúdo foi criado a partir de uma reportagem do excelente site Blocktrends, com autoria de Hugo Montan.