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🎬 Olá storytellers! | ||
Assim como em muitos outros mercados, existe uma super centralização de recursos nas mãos de poucos players no mercado das histórias, tanto no Brasil quando no mundo. Como é de se imaginar, todo modelo de negócio super centralizador, só é assim pois em algum momento do mundo isso fez sentido. O ponto é que hoje, nós já entendemos que isso não é saudável para a indústria e para o consumidor. | ||
💰 CAPITAL | ||
No mundo são 06 studios que centralizam 64,5% dos US$ 42,2 bilhões de bilheteria global (ou seja, detém juntos US$ 27,2 bilhões)*. Juntos também somam US$ 78,6 bilhões** de licenciamento e merchandising., e apenas os 03 maiores streamings já assumem uma receita de mais de US$ 30 bilhões.** Totalizando um mercado de mais de US$ 150 bilhões. Uma curiosidade é que são todos americanos. | ||
*Dados retirados do site MOJO: https://www.boxofficemojo.com | ||
** Dados retirados das demonstrações financeiras das empresas citadas. | ||
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A centralização de capital, é um problema, pois a criação de novos filmes exigem injeções altas de investimento. Então se torna muito difícil um pequeno player ingressar no mercado cinematográfico. | ||
Mesmo com o acesso a novas tecnologias que barateiam a produção, como câmeras DSLR's imprimindo altíssima qualidade de imagem, mesmo com acesso a educação relacionada a pré produção, produção e pós produção, mesmo com uma série de evoluções em diversos aspectos, ainda assim é caro produzir um filme em qualquer lugar. | ||
Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, filmes tidos como de Super Baixo orçamento seriam abaixo de US$ 1 milhão, Baixo orçamento abaixo de US$ 10 milhões, Médio orçamento até US$ 50 milhões e de Alto orçamento acima de 100 milhões (isso é apenas um parâmetro, não existe regra sobre isso). No Brasil, as cifras são extremamente mais baixas, ainda mais pela diferença cambial atual. Estamos falando de grandes produções em torno de R$ 15 milhões. | ||
Ps: isso não significa que é mais barato produzir filme no Brasil, isso significa que a produções americanas acabam sendo muito mais robustas que as brasileiras quando o assunto é médias e grandes produções. O Brasil não tem uma grande série como Game Of Thrones, por exemplo, onde cada episódio custava o preço de uma grande produção de filme brasileira (US$ 5 milhões por episódio). O acesso aos melhores equipamentos de filmagem, acesso a bons profissionais, reaproveitamento de estrutura e materiais entre players da própria indústria, estrutura de distribuição, produção e exibição mais robustas, enfim, tudo isso barateia a produção americana, perante a brasileira. | ||
Ao mesmo tempo que é centralizado, é um mercado altamente competitivo. Existe uma competição por bons atores, diretores, roteiristas, outros profissionais, por boas "janelas", por bons finais de semana, enfim, e por boas histórias que o publico ame. Como é um negócio de alto risco, muitas produções dão prejuízos, portanto os bons cases devem pagar a conta de todos, que é o caso dos famosos blockbusters. | ||
É uma dinâmica muito parecida com Venture Capitals que apostam em algumas startups sabendo que eles precisam acertar apenas algumas apostas para ter o retorno esperado. | ||
Com a chegada dos streamings, surgiu uma demanda avassaladora por histórias, que colocaram todos os studios contra a parede, inclusive os próprios streamings. Em um modelo de recorrência, é exigido pela audiência ter novidade todos os dias. Isso está aumentando a quantidade de filmes, e a quantidade de filmes que não se pagam o investimento, o que está reduzindo as margens de lucro desses players. | ||
Essa mentalidade, faz com que os Studios e os Streamings "apertem" financeiramente cada dia mais os criadores das histórias, em outras palavras, os profissionais que idealizam e criam as histórias. | ||
Fora isso, é extremamente improvável que este modelo de recorrência permita criação de histórias que viverão para sempre, por serem inacreditavelmente surpreendentes e boas, pois esse tipo de história leva tempo para ser desenvolvida e produzida. Ou seja, não combina com o modelo "a toque de caixa". | ||
Na minha opinião, o modelo de streaming atual é fadado ao fracasso no longo prazo se não houver mudanças no modelo de negócio. | ||
Em Los Angeles, a Netflix já é tida como filmes tipo Sessão da Tarde, e ninguém mais compara produções Netflix com produções HBO, que imprime altíssima qualidade de histórias. O que dizem é que se você quer um streaming de qualidade, assine HBO Max. | ||
O fracasso que eu imagino não aconteceria pela competição acirrada, ou baixas margens de lucro, mas por um lugar que ninguém está olhando: | ||
A cada dia que passa, criadores de histórias possuem a capacidade de criar, lançar e monetizar suas próprias histórias na internet. Obviamente com cifras muito inferiores que as dos grandes estúdios, mas suficientes para pagar suas contas e ter bons lucros. À partir do momento que surgir um modelo de negócio que valoriza os criadores de história e não os desvaloriza, o mercado atual corre o risco de ruir se não conseguir se adaptar. | ||
Seria a descentralização do modelo atual. | ||
É ousado, mas é nisso que a Academia da Trama está trabalhando. | ||
Fora a centralização de capital, temos a centralização de influência e poder. | ||
👮♀️INFLUÊNCIA E PODER | ||
A centralização não é apenas de capital, mas também de influência e poder. Graças a estes players, o "American Way of Life" nasceu e continua a influenciar o mundo até hoje. Arriscaria dizer que hoje mais do que nunca. | ||
Esses dias estava de férias com minha esposa e pedi para ela colocar uma playlist no Spotify chamada "Road Trip" e começou a tocar David Bowie! Nós cantamos como se não houvesse o amanhã! No meio da música me veio esse pensamento de como nossos sentimentos afloram com certas músicas, pois de alguma forma elas já viraram referências para diversos momentos da nossa vida. Tenho certeza que muitas das músicas que são tidas por mim como "âncoras" para alguns sentimentos e momentos, foram trilha sonora de filmes e séries. | ||
A influência é gigantes sobre nós (população global). | ||
Como cada player imprime sua filosofia de vida e ponto de vista de mundo em suas histórias, nós também somos impactados sempre pelas mesmas filosofias e pontos de vista sobre o mundo. Por exemplo: é muito difícil encontrar filmes da Disney que não coloquem a princesa no lugar comum, frágil, bela, ingênua e em risco. Só quando vamos para a PIXAR e encontramos a Mérida, de Brave, que encontramos algo diferente (pois a PIXAR sempre teve uma cultura de arriscar em suas histórias, enraizada em seus filmes desde antes da Disney comprar a PIXAR). Fora isso, como os Studios precisam atingir o grande público, as histórias sobre personagens que representam minorias sempre foram suprimidas, pois elas precisavam falar com o grande público. | ||
Tudo isso fez com que a população enxergasse o mundo de determinada forma, como se aquilo fosse sinônimo do que a vida, o que não é. | ||
Então, mais do que possível, a descentralização dos poderes dos grandes estúdios pelos milhões de criadores de história, é necessária para vivermos em um mundo mais harmonioso e equilibrado, com mais amor, consciência e igualdade. | ||
Espero que tenham gostado dos insights de hoje. | ||
To be continued... | ||
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⚠️Sobre a construção deste conteúdo: | ||
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Rodrigo Portaro é Fundador da Academia da Trama que cria soluções para criadores de histórias do mundo do entretenimento a pensarem suas histórias como negócios. Rodrigo também é sócio conselheiro da The Plot Company que teve Joni Galvão e Robert Mckee como sócio (o cara que ajudou a Pixar a escrever Toy Story e mais de 60 alunos a vencer o Oscar). | ||