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🎬 Olá Storytellers! | ||
Muito se fala sobre storytelling, mas você já reparou que Story é uma coisa e Telling é outra completamente diferente? | ||
Story é o que será contado. Telling é o contar. | ||
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🤷Mas o que é mais importante? Criar uma boa história ou garantir que ela seja bem contada? | ||
A resposta que eu usaria para me esquivar dessa pergunta seria o clichê: "O ideal é criar uma BOA HISTÓRIA BEM CONTADA". No entanto, nem sempre conseguimos unir os dois. Falta budget, o tempo é curto, e precisamos fazer escolhas. Então, o que priorizar? Story ou Telling? | ||
Começo minha resposta dizendo: | ||
🔥 A verdade é que a audiência sempre vai preferir uma história ruim bem contada, à uma história incrível mal contada. | ||
Infelizmente. 😂 | ||
De nada adianta uma história incrível mal contada, uma vez que contá-la mal tem o potencial de estraga-la. Atores ruins, direção ruim, fotografia ruim, efeitos especiais ruins, design ruim, áudio ruim, iluminação ruim, edição ruim, enfim, tudo isso consegue estragar uma boa história. Pois o que interessa é a percepção da audiência. E nesse caso, o que ela consegue enxergar se torna o principal filtro de percepção. | ||
🧐Agora, uma história muito bem contada também não salva uma história ruim, MAS AS VEZES, consegue maquia-la. Se você não estiver atento(a) na história, pode não perceber que a história é ruim. | ||
⚠️ Alerta de SPOILER de ENOLA HOLMES (se não quiser spoiler pule os três próximos parágrafos): | ||
🕵️♀️Esse é o caso de Enola Holmes. Uma protagonista simpática, inteligente e misteriosa. O elenco como um todo é incrível, o figurino é maravilhoso, o ritmo da história é eletrizante e o universo é muito curioso, pois é uma extensão do mundo de Sherlock Holmes. E a audiência (em sua maioria) termina a história satisfeita. | ||
🧨Mas tudo isso esconde uma história fraca, que nos leva para o lugar comum e previsível. A Personagem aprende que ela não depende da mãe e nem de ninguém para viver sua vida, mas não fizeram isso de maneira convincente ou contundente. Alguns personagens não tem função alguma para a história (ex: mulheres que lutam jiu jitsu). Existem momentos pouco críveis que fazem a audiência se questionar se aquilo poderia estar acontecendo. Por exemplo uma avó atirar num neto pelo bem do seu país! Fora isso, depois do tiro, ela fica parada sem fugir ou se arrepender. Jura? O Sherlock Holmes não fez absolutamente nada a história inteira, e nitidamente diminuíram o personagem para Enola protagonizar e vence-lo, o que na minha opinião, à enfraqueceu. Praticamente ela não venceu Sherlock, pois nem teve uma "competição". Seria muito mais poderoso vermos o Sherlock em seu auge e fazer Enola superá-lo. Isso sim faria Enola protagonizar. Sentir que o roteirista "trapaceou" e forçou a história. | ||
E notem que mesmo assim, com todas essas "falhas", a percepção da audiência foi de que o filme é um bom entretenimento. 🤷Mas essa mesma audiência também consegue concordar que não é uma história que marcará época, ou que será lembrada por muito tempo. | ||
Então, termino minha resposta dizendo: | ||
🤨 Nada disso significa que você tenha a escolha de ignorar a criação de uma boa história e investir apenas em como contá-la. | ||
Pois a chance da audiência descobrir que você não tem uma boa história para contar, aumenta à medida que você não a entrega. Ela pode ser enganada uma vez, duas, mas dificilmente passará da terceira. Ou pode ser enganada por 10 minutos, 50 minutos ou 90 minutos, mas não por muito mais tempo que isso. Quantas séries você já não pensou: "nossa essa última temporada não precisava existir, ficou forçada". Seria a última temporada ruim, ou seria uma história ruim que não deu para esconder por mais tempo? 🤯 | ||
Fora isso, É IMPOSSÍVEL uma história ser lembrada para sempre, marcar época, e ser aclamada pela audiência e pela crítica, se a ela não for uma BOA HISTÓRIA BEM CONTADA. | ||
Então, caí na minha resposta clichê? Sim. | ||
Ao abrir mão de uma boa história você aceita o lugar comum, aceita ser mediano(a). Investir no Story é mais difícil e trabalhoso, mas a recompensa pode ser deixar uma marca no mundo e ser lembrado para sempre. | ||
Afinal, é isso que chamamos de ARTE. | ||
Então, a escolha é sua. | ||
To be continued... | ||
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E aí, gostou? \o/ | ||
Esse texto de hoje merecer umas boas raquetadas🏓 ! Ou até um Pingback (aquele cafézinho pra dar um ânimo no dia!) | ||
Rodrigo Portaro é Fundador da Academia da Trama que cria soluções para criadores de histórias do mundo do entretenimento a pensarem suas histórias como negócios (filmes, séries, games, livros, quadrinhos, entre outros). Rodrigo também é sócio conselheiro da The Plot Company e teve Robert Mckeecomo sócio (o cara que ajudou a Pixar a escrever Toy Story e mais de 60 alunos a vencer o Oscar). |