Fazia pouco tempo que ela mudara para o apartamento. No térreo, mas pelo menos tinha somente um vizinho de porta, enquanto que nos outros andares eram quatro, além do mais, nunca via ninguém entrar ou sair. Quando caminhava na rua via por vez...
Fazia pouco tempo que ela mudara para o apartamento. No térreo, mas pelo menos tinha somente um vizinho de porta, enquanto que nos outros andares eram quatro, além do mais, nunca via ninguém entrar ou sair. Quando caminhava na rua via por vezes a janela aberta e sempre uma luz roxo no lustre da sala. Achava estranho, mas enfim, cada um com a sua loucura, né...ela também tinha as suas. |
Semanas se passaram até que ela começou a ver um Mercedes preta, último tipo, mas sem placa, parada na frente do prédio. Dias depois viu dois homens, muçulmanos, entrando no carro, cumprimentaram gentilmente e sairam. |
O tempo passava e mais vezes ela cruzava com os homens, um dia eles a ajudaram com as sacolas do supermercado, no outro dia pararam para falar sobre o tempo, e assim ia. |
Quando seus pais a vieram visitar vindos de outro país, os homens ajudaram a telefonar para ela, e os acompanharam até o apartamento. Muito cordiais disseram os pais dela. Já se via mais de dois homens no apartamento, as vezes eram em seis, falavam em árabe, e nunca se viam mulheres. Ah, só uma vez ela vira duas mulheres, e ouvia-se risos, gritos. |
A Mercedes mudara de cor, agora era prata, mas os homens sempre os mesmo. Na semana seguinte aconteceu o atentando terrorista de onze de setembro, e o mundo ficou de joelhos diante aos terrorismo islâmico. Ela tinha medo de andar de metrô, evitava parques e praças cheias, a Europa estava em alerta vermelho total. O pânico do inimigo que não tinha rosto se instaurou. |
Ela vinda da América do Sul onde o medo da violência provinha da situação economica-social, não conseguiu entender do que ter medo. Atravessava a rua quando via algum muçulmano que achava suspeito, enfim...Os dias foram passando, um ano se passou e o medo foi se dissipando. Seus vizinhos continuavam lá gentis e corteses, sempre prontos a ajudar, e ela por vezes pensava que nem todos árabes eram radicais né. |
Ela mudou-se de cidade um ano depois, e um dia assistindo calmamente o telejornal da noite, viu uma reportagem policial que mostrava a prisão de membros da célula da Alcaeda em Milão, e qual foi a ironia da vida! Era na rua que ela morava, eram os vizinhos dela, gentis e corteses. |