Caro leitor, decidi criar uma série de conteúdos sobre o tema emagrecimento -- que é recheado de confusões -- e, para começarmos do ponto certo, escolhi iniciar a série com a minha história nessa fase.
Caro leitor, decidi criar uma série de conteúdos sobre o tema emagrecimento — que é recheado de confusões — e, para começarmos do ponto certo, escolhi iniciar com a minha história nessa fase. | ||
Em detalhes. Sério. Vocês vão ver fotos minhas aqui nunca antes postadas na internet (e, quando virem, entenderão o porquê, rs). | ||
Preparados? Simbora. | ||
Antes de começar, de fato, a jornada nesse mundo, passei 15 anos da minha vida sendo completamente sedentária e avessa à alimentação saudável. | ||
Não comia um legume sequer, não bebia água, passava madrugadas jogando videogame (sim), tinha péssimas noites de sono, amava comer banana frita no almoço e sorvete de sobremesa. | ||
Minha alimentação não tinha regras e, por consequência, eu vivia uma vida entregue a desejos e prazeres momentâneos. Tal qual um animal irracional. Preciso dizer o quanto isso impacta profundamente a mudança comportamental em um adulto? Preciso, mas farei isso de forma mais minuciosa em outro texto. | ||
Minha infância e adolescência, então, foram dentro da normalidade. Afinal, raro mesmo é ver hábitos saudáveis em indivíduos tão jovens. Uma pena que seja assim. | ||
Quando completei 15 anos, entrei no último ano do ensino médio. Nele, pude observar com mais atenção a preocupação que as pessoas tinham com a aparência. Mas, mesmo tendo observado, não foi o suficiente para me motivar a mudar. | ||
Ainda que não admitisse na época, eu não gostava do que via no espelho. Fugia de qualquer reflexo meu e, por essa razão tenho pouquíssimas fotos desse tempo. Todas as que tenho foram tiradas por outras pessoas e eu lembro vividamente do quanto eu o d i a v a tirá-las. | ||
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A minha insatisfação com o corpo resultou em uma personalidade retraída, cabisbaixa e de baixa autoestima. Eu morria de vergonha de entrar em lugares cheios, de imaginar as pessoas me observando. Eu exibia um corpo fraco e uma mente mais fraca ainda. | ||
Vivia com o cabelo preso num coque, roupas que escondiam meus pontos fracos e postura introvertida, como se quisesse dizer ao mundo "não me olhem! quero passar despercebida". | ||
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A vergonha do outro é, muitas vezes, um reflexo da vergonha que sentimos de nós mesmos. | ||
Mas, vale a pena dizer, tudo o que estou dizendo aqui veio de uma análise posterior, que só consigo enxergar agora. Na época, nada disso me incomodava. Eu não me via como alguém que precisava mudar — tanto que não mudei. | ||
Foi só no ano seguinte que despertei para a necessidade de mudança. Foi quando o incômodo veio na medida suficiente para que eu me movesse. | ||
Não acredito que tenha havido um "clique", um momento específico que me fez virar a chave. Acredito, na verdade, que foi um conjunto de pequenos incômodos que trouxeram à tona o meu desejo de não ser mais daquele jeito. | ||
Eu percebia que havia um potencial adormecido. | ||
Aí, em 2013, resolvi começar a treinar. Já fui direto para a musculação porque sempre fui uma pessoa muito prática, então quando descobri que ela era o meio mais assertivo para conseguir deixar meu corpo do jeito que eu gostaria, não hesitei. Não fiquei procurando o que seria mais legal, menos desconfortável, nada disso. | ||
Na parte da alimentação, comecei seguindo dicas da internet. Fiz várias coisas erradas, mas fui do jeito que dava. Continuava com muita dificuldade para comer vegetais, então permaneci comendo pouco por bastante tempo. Comia de 3 em 3h, meus lanches eram barrinhas de cereais ou bolachas de água e sal, quase não comia proteína e morria de medo de carboidratos. | ||
Depois de 6 meses, decidi iniciar um acompanhamento com nutricionista. Foi quando tudo mudou para mim. Toda a minha visão sobre alimentação foi se transformando. | ||
Eu acertei na nutricionista de primeira (o que é raro) e isso me ajudou bastante. Ela me passou muito mais comida do que eu estava habituada e me mostrou que para emagrecer, pasme, era preciso comer. | ||
O primeiro ano com acompanhamento nutricional foi o ano em que mais emagreci. Foi também o ano em que estive mais disciplinada com alimentação e treino. Era tudo muito novo e eu estava apaixonada pela mudança. | ||
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Estava apaixonada por quem eu estava me tornando. Trabalhar o corpo forja o caráter. Se engana quem pensa que treinar e se alimentar bem tem funcionalidade apenas estética. | ||
A sua mente se transforma por completo. | ||
Mas nem tudo foram flores. No ano de 2016-2017, acabei passando por maus bocados... Comecei a me tornar obcecada pela comida, e isso refletiu em um problema com a minha imagem corporal, que estava distorcida. Embora eu estivesse no auge da magreza, não enxergava assim. Queria sempre emagrecer mais, mais e mais. | ||
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Foi então que, em um dos meus retornos com a nutricionista, ela percebeu esse comportamento e sugeriu uma nova abordagem para o momento. Nela, eu não pesaria mais todas as minhas refeições e passaria a observar mais o meu corpo. Esse período foi um marco no meu amadurecimento em relação ao estilo de vida saudável. Foi quando comecei a me interessar, de verdade, pela nutrição. | ||
Passei a compreender mais minhas vontades (e com isso consegui controlá-las melhor), a olhar para mim e para a comida com mais carinho, a fazer escolhas com mais sabedoria e a ter mais autonomia. Graças a essa etapa, comecei a voltar mais o meu olhar para o comportamento (vou dedicar um texto só para falar disso depois, aguenta aí). | ||
Nesse momento você deve estar pensando "pronto, é isso! o segredo é não pesar a comida". Se isso lhe ocorreu, pare agora. Não é isso que eu quero dizer e não quero que você saia desse texto com a interpretação errada do que estou falando. Essa abordagem foi importante para mim naquela etapa. Para atender a minha individualidade, levando em consideração TODO o meu contexto (que é muito maior do que o que estou escrevendo aqui). Prova disso é que, hoje, eu peso todas as minhas refeições — pois minhas questões passadas foram resolvidas e é a estratégia que melhor me atende atualmente. | ||
Já falei e vou repetir: o que funciona para um não necessariamente funciona para outro. | ||
Entendido? Então podemos continuar... | ||
Eu passei a perder o medo de me alimentar e voltei a me exercitar por amor a mim, não apenas parar perder o máximo de peso possível. Não demorou muito para que meu corpo começasse a responder: | ||
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A Stephanie que muitos de vocês conhecem hoje e vêem como inspiração para alguma coisa só existe pela consolidação de hábitos que se iniciaram em 2013 e permanecem até hoje, quase 10 anos depois. | ||
Não à toa, hoje o que você vê não é apenas uma pessoa mais magra. Quem me conheceu antes de tudo isso acontecer ainda tem dificuldade para acreditar em quem eu sou hoje. Sou infinitamente mais confiante, mais desinibida, mais perseverante, mais disciplinada, mais "me proponho a fazer, e faço". | ||
Minha postura, minhas roupas, meu jeito de andar, minha presença nos lugares, minha forma de falar e de me relacionar... Tudo mudou. | ||
No total, foram 19kg perdidos (fui de 78 para 59kg, de 2013 até 2016). De lá para cá, me mantenho mais ou menos com o mesmo peso, com algumas poucas oscilações de tempos em tempos. | ||
Hoje estou com 63kg, e fico boa parte do tempo em manutenção (comendo a mesma quantidade de calorias que meu corpo gasta). | ||
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E, desde abril, meu objetivo tem sido em melhorar a performance na musculação (porque passei todos esses anos sem saber o que era treinar direito) e em deixar a composição ainda mais harmônica. Sem pressa. Não estou no momento mais focado de todos, outras coisas estão como prioridade, mas tenho feito o melhor possível. | ||
Sempre brinco nos stories que eu resisto a todo custo entrar na fase de bulking e isso acontece porque, como alguém que sempre viveu acima do peso, o medo de voltar a ter uma aparência maior existe — ainda que irracional. | ||
Mas vou entrar em breve porque tenho clareza de que não vou evoluir se assim não o fizer. Trarei mais detalhes dessa fase também quando isso acontecer. | ||
Considero que estou na melhor etapa da minha vida. E é engraçado pensar que estou trilhando esse caminho há dez anos. É precioso enxergar a beleza do tempo e do esforço repetido, se empreendido da maneira correta. Dez anos para que eu possa dizer, sem dúvidas, que compreendo meu corpo, que sei o que funciona e o que não funciona, que sei dizer não. | ||
Dez anos para que eu possa dizer, sem dúvidas, que ainda pouco sei; que ainda há muito o que aprender e compartilhar. |