Me lembro como se fosse ontem do dia em que comecei a dançar – se é que posso chamar aquilo que fiz de dança.
Me lembro como se fosse ontem do dia em que comecei a dançar – se é que posso chamar aquilo que fiz de dança. | ||
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Pela correria da vida, acabei tendo que parar com as aulas, mas foi um momento desafiador (e muito prazeroso). | ||
Ainda durante a primeira aula, eu me senti incapaz, me comparei com as outras alunas (que já faziam aula há bons anos) e, inevitavelmente, pensei: "puts, nem com muito treino eu vou conseguir dançar bem. Sou toda travada e não tenho nenhuma coordenação motora". | ||
“Acho que isso não é pra mim” pensei, na primeira aula. | ||
Quis desistir. Na primeira aula. | ||
Resquícios de uma personalidade perfeccionista, impaciente e competitiva. Não é fácil. | ||
Depois da aula, lembrei a razão pela qual eu evito a todo custo me colocar na posição de iniciante. Essa é a razão, inclusive, pela qual me mantive a maior parte da vida longe de esportes, academia e alimentação saudável. | ||
Eu odeio não ser naturalmente boa nas áreas que tenho interesse em começar. | ||
Doideira, né? Mas você me entende? | ||
Eu tenho um anseio quase que incontrolável em me tornar expert em tudo o que eu gosto e quero fazer. Foi assim com a dança, com o vôlei, com o muay thai. | ||
Infelizmente, para pessoas como eu, o mundo é uma caixa de surpresas desagradáveis. A maior lição que a vida tem para nos dar é de que excelência leva tempo. Muito tempo. Poucas pessoas entendem realmente isso. | ||
Eu gostaria que fosse mais fácil, que a professora pudesse me dizer exatamente em quanto tempo eu ficaria boa e, se ela pudesse me entregar alguns atalhos, seria melhor ainda. | ||
Que hipocrisia, né? Vivo aqui enchendo a cabeça de vocês sobre a importância do longo prazo, sobre não buscar caminhos curtos e sobre como a construção de uma VIDA (sim, em maiúsculo mesmo) saudável requer tempo. | ||
Minha inclinação natural é essa: querer o que é menos trabalhoso. A sua também é. Nosso cérebro busca conforto. | ||
Meu eu sem constante lapidação é desorganizado, preguiçoso, procrastinador e indisciplinado. | ||
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Digo para vocês lutarem contra essas inclinações naturais porque é o que faço todos os dias da minha vida. Se você está começando algo (dieta, treino, estudos, entre outros), o segredo é esse: se mantenha em constante lapidação. | ||
Permanecer em seu melhor estado é um processo ativo. Se você parar, retrocede. | ||
Isso é belo e, em certos momentos, um pouco desanimador. Seria ótimo não precisar continuar se esforçando depois de atingir o objetivo, não é? Às vezes me pego flertando com esse pensamento... Mas aí caio em mim e me dou conta de que, para quem aprendeu a fazer o negócio bem feito, continuar fazendo não só não é um sacrifício, como passa a ser a inclinação natural. | ||
O que quero dizer com isso? Explico melhor: depois que você aprende a se esforçar da maneira correta, você passa a pegar gosto pela coisa. Você passa a gostar mais do processo, a apreciar o esforço. Você passa a recompensar seu cérebro pelo trabalho empreendido. | ||
Dessa forma, quando você finalmente chega ao seu objetivo, você não QUER parar. Você quer continuar. Você quer melhorar cada vez mais. | ||
É assim com objetivo estético, é assim com dinheiro. Quem aprendeu a viver saudável não quer parar depois de perder os kg que sonhava. Quem aprendeu a ganhar dinheiro não para porque enriqueceu. | ||
O caminho traz consigo a disciplina. E, uma vez disciplinado, não há como voltar atrás. Não há vontade de parar. Não há nada que possa lhe parar, na verdade. | ||
Uma vez disciplinado, manter-se em constante lapidação passa a ser a inclinação natural. | ||
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