Viajar e o primeiro ano de casamento

Dias atrás, fiz minha primeira viagem sem o Andrey (e, sinceramente, espero que a última). Esse texto escrevi enquanto estava no avião pensando sobre nosso primeiro ano de casamento...

Eu sei que todo mundo fala isso, mas devo repetir: passou voando. E, ah, todo mundo fala também que o primeiro ano é o mais difícil, o mais desafiador, pois exige muita adaptação. Com isso vou ter que discordar… Nosso primeiro ano juntos não poderia ter sido melhor.

É bem verdade que teve seus desafios. Não há como negar. Toda boa história tem altos e baixos. Aliás, são os baixos que nos permitem apreciar verdadeiramente os altos. A vida não é fantasia, e o relacionamento a dois não poderia ser diferente. Há que se trabalhar, e muito, para que ele dê certo.

Os momentos baixos (cada casal os vive de maneira diferente) são inevitáveis e necessários para que aprendamos a nos moldar, a ter solidez, a adquirir características fundamentais para o sucesso da vida compartilhada.

Nesse primeiro ano, digo com convicção que aprendi muito mais do que ensinei — e eu sempre, sempre, sempre achei que seria o contrário.  Já aconteceu com você? De entrar em um relacionamento pensando em como você vai ajudar a outra pessoa, em como você vai desempenhar bem seu "papel"... Nunca aconteceu? Bom, pode ter sido só comigo, rs.

Mas a minha previsão estava completamente errada.

Viver com o Andrey me fez enxergar em detalhes o que é SER (e não apenas dizer) paciente, responsável, inteligente.

Eu já disse paciente? Vale a pena dizer de novo porque é aqui que as nossas personalidades mais divergem. Eu sou um poço de impaciência.

Quero as coisas todas rápidas, prontas, práticas, agilizadas. Ele, pelo contrário, consegue apreciar o processo, as etapas, o tempo. Eu sou urgência. Ele é calmaria. Desde as coisas mais simples e rotineiras até as coisas mais complexas e cruciais.

Nesse ponto, você pode estar pensando “ah, é por isso que dá tão certo”. Não é bem assim. Essa diferença foi o maior ponto de choque em nossa convivência nesse último ano. Não foi bonito e fácil me adaptar. O aprendizado exige muito de você. Quem diz o contrário está mentindo.

Aprendi, na marra, a reduzir o ritmo quando necessário, e ele precisou acelerar para me acompanhar em alguns momentos.

O “dar tão certo” é fruto de profundo desejo pelo dar certo. É fruto de trabalho — e uma dose de amor que se renova e aumenta diariamente. 

O dar certo só acontece através de muito diálogo e… Paciência. Ele me ensinou isso como ninguém. Essa é a parte mais legal do nosso primeiro ano juntos.

Aprendi, na marra, a renunciar alguns traços de caráter prejudiciais a mim e a nós. Por mim, sozinha, jamais faria. A impaciência sempre me trouxe algumas coisas ruins, mas nunca o suficiente para que eu quisesse me livrar dela. Hoje, eu quero. Por nós. Refrear o ímpeto em prol do relacionamento é prática que deve ser adotada o quanto antes.

Quando somos impulsivos, frequentemente erramos. Quando agimos pela impaciência, machucamos o outro. Por isso, nesse primeiro ano juntos, me coloquei no lugar de aprendiz.

Não dele, porque ele é aprendiz junto comigo. Somos dois aprendizes de uma nova realidade. E ela muito nos tem ensinado.

Me ensinou a expor o que penso em detalhes, a me comunicar melhor, a ser uma ouvinte menos urgente. A vida a dois é cheia de ensinamentos e boas surpresas. Há coisa melhor? Desconheço. Jamais poderia dizer que o primeiro ano é difícil porque requer ajustes. Para mim, o primeiro ano foi incrível justamente por isso.

Nesse momento estou aqui no avião, com fome, com um casal na minha frente conversando e rindo horrores, um senhor ao lado em seu sono mais profundo (e roncando) e um bebê logo à frente fazendo o que bebês fazem de melhor: chorar. Estou aqui pensando sobre ele, relembrando e sorrindo sozinha... Algo que se tornou rotina para mim. Desde que o conheci, não há um dia em que isso não aconteça.

Na vida, encontrar e amar alguém na medida que amo é raro. Sei disso e me considero sortuda. Se você encontrar, viva esse amor em abundância. Não permita que pequenas coisas se tornem imperdoáveis. Aproximem-se, não o contrário.

E lembre-se sempre que, para dar certo, é preciso ter profundo desejo pelo dar certo — e uma dose de amor que se renova diariamente.