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A tutoria resolve todas as ineficiências da educação
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A tutoria resolve todas as ineficiências da educação

A sala de aula convencional, com muitos alunos, tem quatro problemas que minimizam o aprendizado. Esses problemas são irrelevantes na tutoria. Leia e entenda.

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Na semana passada, eu falei sobre como alunos sob instrução tutorial têm, em média, um desempenho melhor que 98% dos alunos em uma sala de aula convencional.

Essa estatística deveria motivar qualquer pai a adotar o homeschooling – tornando a educação dos seus filhos totalmente tutorial – OU a complementar o ensino escolar com tutorias, em casa ou em cursinhos especializados.

Mas, na prática, isso não ocorre porque muitos pais e mães duvidam dessa estatística e da sua capacidade de cumprí-la.

Este artigo vem então para matar essa dúvida.

E, felizmente, essa dúvida pode ser aniquilada a partir de um simples princípio pedagógico:

A memória é o resíduo do pensamento.

Desse princípio, concluímos que o aprendizado só ocorre se a mente do aluno estiver ocupada com algo que deve ser aprendido. E daí surge uma variável fundamental para a análise de qualquer processo de ensino: o tempo-na-tarefa ("TNF").

O TNF é o percentual da duração de uma aula durante o qual a mente de um aluno está ocupada com um raciocínio relevante ao aprendizado de algo que o aluno ainda não domina.

Esse raciocínio pode (e muitas vezes deve) ser um acompanhamento do raciocínio do professor ou do material didático. Se o raciocínio é relevante, tá valendo.

Dito isso, façamos então uma estimativa do TNF em uma sala de aula convencional, com muitos alunos e um professor.

Em primeiro lugar, o professor precisa lidar com rituais (fazer chamada, explicar atividades, justificar notas), com interrupções (reclamações, bagunças, idas ao banheiro) e com a motivação dos alunos. Esse conjunto de atividades recebe o nome de gestão de sala e ocupa facilmente metade do tempo do professor.

Em cima disso, em uma sala de aula e na própria cabeça de um aluno existem infinitos pensamentos interessantes que podem ser explorados. Consequentemente, a atenção do aluno só está presente durante metade de uma aula.

Combinando esses dois fatores, encontramos que o professor e o aluno só estão sincronizados nos propósitos de ensinar e aprender, respectivamente, durante 25% do tempo de uma aula.

Em seguida, dois efeitos adicionais incidem sobre o TNF:

O tempo-na-tarefa é largamente determinado pela qualidade da instrução e pela extensão da presença dos pré-requisitos cognitivos para cada nova tarefa de aprendizagem.

Quanto à qualidade da instrução, vários vilões podem estar presentes ou não nas escolas dos seus filhos: construtivismo; trabalhos em grupo; conteúdos insignificantes e que seriam aprendidos naturalmente por osmose; professores que não sabem o que devem ensinar; etc.

Vejamos, por fim, o efeito dos pré-requisitos cognitivos. Em uma sala de aula, diferentes alunos terão diferentes conhecimentos e habilidades prévias. Portanto, para cada 10 raciocínios expostos por um professor, é de se esperar que 4 sejam sobre pré-requisitos que um dado aluno já domina e que outros 4 necessitem de pré-requisitos que o mesmo aluno ainda não possui. Somente 2 dos raciocínios são aproveitáveis. O mesmo pode ser dito sobre um dever ou prova com dez exercícios – afinal, uma média de 6/10 é o normal em muitas escolas.

Portanto, se o professor e o aluno só estão sincronizados nos seus respectivos propósitos durante 25% de uma aula e se somente 2 de cada 10 raciocínios ou exercícios são aproveitáveis para o aprendizado, o TNF em uma sala de aula convencional é de 5%.

Agora, vejamos o que ocorre na tutoria.

A gestão de sala é praticamente eliminada quando se tem um único aluno.

A atenção do aluno é maximizada pela inexistência de conversas paralelas, pela eliminação de distrações pelo tutor, pela conexão um-a-um do tutor com o aluno, pelo foco do tutor – ora no aluno (pressão), ora no conteúdo (exemplo) – e pela potencial vontade do aluno de seguir o mesmo caminho do tutor.

qualidade da instrução está sob controle. Não é difícil para você, pai ou mãe, passar longe dos vilões citados ao prover instrução você mesmo ou contratar um tutor ou cursinho adequado.

E a questão dos pré-requisitos cognitivos é naturalmente resolvida:

Quando feedback é fornecido e acompanhado de processos corretivos e tempo adicional, a maior parte dos alunos consegue atingir o padrão de desempenho determinado pelo professor. [...] Em situações de tutoria, a relação um-a-um fornece tanta informação interativa que esse processo feedback-corretivo é uma parte natural da troca entre o tutor e o tutorado. Contudo, como o aprendizado em grupo é central nas escolas, é bem difícil para o professor fornecer feedbacks-corretivos para os 30 alunos em cada sala. Como resultado, muito ensino ocorre com aprendizado inadequado por parte de muitos dos alunos.

Em outras palavras, na tutoria é natural perceber quais são os conhecimentos e processos mentais que o aluno ainda não tem e focar o tempo da aula nesses pontos.

Diante desses quatro pontos, não é difícil imaginar que um tutor inexperiente (que pode ser um pai ou uma mãe comum) consiga prover uma tutoria que garanta 50% de TNF.

Nem é difícil imaginar que um tutor com mais experiência, que lê livros para cada objetivo específico ("Como Ensinar Seu Bebê a Ler" do Glenn Doman, "Ensino Gostoso de Matemática" do Toru Kumon, etc.) e que busca desenvolver um padrão de disciplina no aluno consiga garantir quase 100% de TNF.

Conclusão: Pais comuns, atuando como tutores, e tutores privados inexperientes têm a capacidade de oferecer dez vezes mais TNF (ou seja, dez vezes mais aprendizado em um mesmo período de tempo) para os seus filhos ou alunos. Basta saber o conteúdo a ser ensinado (ou estudá-lo previamente) e selecionar materiais didáticos (textos originais e/ou objetivos e muitos exercícios) para ler e resolver junto com o aluno. E com um pouco de dedicação, resultados ainda melhores são possíveis.

Consequentemente, não é uma surpresa a constatação de que alunos sob instrução tutorial têm, em média, um desempenho melhor que 98% dos alunos em uma sala de aula convencional.

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O próximo artigo será "O cálculo econômico do homeschooling."

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