O cálculo econômico do homeschooling
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O cálculo econômico do homeschooling

Na ponta do lápis, o homeschooling faz sentido para muito mais pessoas do que é aparente à primeira vista.

Superbloom
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Quando o assunto é homeschooling, quais são as objeções mais comuns?

Temos a objeção da socialização ("O garoto não vai interagir com colegas!"), a da formação ("Os pais não têm a formação de um professor!") e a do custo ("É coisa de rico!").

Qualquer pai com dois neurônios consegue imaginar várias formas de socializar seus filhos. Portanto, vou ignorar a primeira objeção.

Quanto à objeção da formação, ela foi desmentida nos meus dois últimos artigos: "O homeschooling é melhor e eu posso provar" e "A tutoria resolve todas as ineficiências da educação."

Resta então a objeção do custo.

"Eu não tenho tempo para fazer toda a instrução dos meus filhos," pensam alguns pais. "Não tenho grana para pagar tutores," pensam outros.

Mas será que esses pensamentos estão corretos?

Para responder essa pergunta, vejamos a situação de três casais onde ambos os cônjuges trabalham atualmente fora de casa.

Nos três casais as contas principais (aluguel ou parcelas de um imóvel, água, luz, etc.) são cobertas pela renda do primeiro cônjuge. A diferença entre os casais está na renda mensal do segundo cônjuge e nos gastos atuais do casal com a educação dos filhos:

  • Casal A: Mil reais de renda + mil reais de benefícios (VA, VT, Plano de Saúde, Férias) para o segundo cônjuge e filhos na escola pública;
  • Casal B: 3 mil reais de renda (2,5 mil após o imposto de renda) + mil reais de benefícios para o segundo cônjuge e filhos em uma escola privada de R$ 750,00/mês/aluno;
  • Casal C: 7 mil reais de renda (5 mil após o IR) + mil reais de benefícios para o segundo cônjuge e filhos em uma escola privada de "luxo", de R$ 2000,00/mês/aluno.

Nos três casais, o trabalho fora de casa do segundo cônjuge gera uma série de custos:

  • Transporte do segundo cônjuge para o trabalho;
  • Alimentação fora de casa de ambos os cônjuges;
  • Eventuais gastos com babás, creches, diaristas e familiares;
  • Gastos supérfluos para compensar o stress causado pelo trabalho;
  • Imposto de renda;
  • & as mensalidades das escolas privadas.

Considerando todos esses gastos, no final do mês cada casal consegue juntar, no máximo, mil reais na poupança.

Agora vejamos o que ocorreria se os segundos cônjuges decidissem largar o trabalho fora de casa para adotarem o homeschooling: O homeschooling ocuparia, no máximo, meio-período desses cônjuges. Empreendendo, de casa mesmo, no outro meio-período, esses cônjuges poderiam juntar mil reais por mês na poupança. Pode ser difícil sim fazer uma renda MAIOR empreendendo em meio-período (tão difícil quanto crescer numa carreira tradicional, eu diria!), mas fazer mil reais por mês está sim ao alcance de todos.

Resultado: O valor juntado na poupança é o mesmo. Ou seja, financeiramente, o custo de ficar em casa e adotar o homeschooling é zero, próximo de zero ou até negativo (ou seja, o casal economizaria mais dinheiro ao adotar essa opção).

Fica então o desafio para você: faça o seu próprio CÁLCULO ECONÔMICO. Os seus números serão diferentes, é verdade, mas há uma probabilidade muito alta de que o custo final de ficar em casa e adotar o homeschooling seja muito próximo de zero ou até negativo.

Interessante, não é? Eu poderia terminar este artigo aqui.

Mas o buraco é mais fundo, pois há um efeito adicional que não pode ser ignorado em qualquer cálculo econômico: Os custos e os benefícios de diferentes escolhas devem ser também multiplicados pelo tanto que VOCÊ PESSOALMENTE VALORIZA diferentes escolhas e resultados.

Se você valoriza, por exemplo, viagens de férias muito mais do que você valoriza ter um cachorro, então ter um cachorro é uma decisão irracional para você. Ter um cachorro te rouba a oportunidade de viajar de férias, de investir mais na educação dos seus filhos, etc.

Igualmente, se você valoriza os benefícios do homeschooling (tempo com os seus filhos e um ensino de maior qualidade) muito mais do que você valoriza a rotina de um trabalho convencional, ter um trabalho convencional é uma decisão irracional para você.

E olha, há muitos motivos para você valorizar mais o homeschooling:

No homeschooling, a instrução dos seus filhos será tutorial, o que é o padrão de ouro da educação e coloca os seus filhos no top 2% de uma sala de aula convencional.

No homeschooling, a mente dos seus filhos será ocupada 10x mais com raciocínios relevantes ao aprendizado e a tendência é que eles sejam auto-didatas ao chegarem no ensino médio.

E no homeschooling, a partir da adolescência, é viável integrar os filhos no seu empreendedorismo, ensinando a eles o valor do trabalho desde cedo.

Resultado: Você terá mais daquilo que você valoriza e você dificilmente terá que sustentar filhos adultos e amargos. Pelo contrário, você terá o apoio de filhos com muita gratidão por todo o tempo que você lhes dedicou no passado.

Dito tudo isso, nos deparamos com uma pergunta final: Porque, então, a nossa reação inicial ao pensar sobre o homeschooling é pensar que ele é irracional ou que ele está fora do nosso alcance?

A citação a seguir explica:

Nas nossas vidas pessoais, se nós não desenvolvermos a nossa própria auto-consciência e não nos responsabilizarmos pelas primeiras criações (isto é, pela imaginação de onde queremos chegar e de como chegar lá a partir dos nossos valores e princípios pessoais), nós permitimos que outras pessoas e circunstâncias fora do nosso círculo de influência moldem muito de nossas vidas por padrão. Nós reativamente vivemos os roteiros entregados para a gente pela família, por amigos, por colegas de trabalho, pelas agendas de outras pessoas e pelas pressões da circunstância.

Este artigo, portanto, é muito mais do que um artigo sobre o homeschooling. Ele é um artigo sobre o princípio do CÁLCULO ECONÔMICO INDIVIDUAL e da capacidade humana que todos nós temos de escrever os nossos próprios roteiros.

Através desse princípio e dessa capacidade, existem, por exemplo, outras decisões educacionais inteligentes que nós podemos tomar que não o próprio homeschooling:

  • Trocar um emprego longe que nos faz perder 4h diárias no transporte por um emprego que paga menos mas que está ao lado de casa, o que nos permite dar algumas horas diárias de reforço ou tutoria escolar para os nossos filhos;
  • Trocar o ensino meia-boca de uma escola privada (que não difere tanto da pública, por seguir as mesmas regulamentações) pela combinação de uma escola pública com três mensalidades (matemática, inglês e português) no Kumon, o que permite que o seu filho aproveite um ensino MUITO MELHOR e que está livre das regulamentações estatais;
  • Etc.

E a questão de contratar tutores? Quando vale a pena?

Falarei sobre isso em um artigo futuro.

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