Apatia Momentânea

A religião se foi. Os amigos de longa data também. Os amores, um a um, derrocados. As paixões homeopaticamente diluídas.

Nada me provoca temor suficiente para perder uma noite de sono. Nenhuma ruguinha na testa por alguma preocupação persistente. Só as que o tempo se encarrega de marcar mesmo.

Algum novo projeto que me cause euforia? Não. Nadinha. Não que haja falta de projeto, mas as alegrias que os acompanham não têm a profundidade de uma poça.

Anseio com mais fervor, a roupa estendida, a louça lavada e me jogar em lençóis limpos, do que o abraço do homem amado. Aliás, que homem amado?

A apatia sufoca a letra, e mata a poesia.