CRÍTICA - TITANE (2021)
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CRÍTICA - TITANE (2021)

Titane não é um filme fácil de digerir. O novo longa da diretora Julia Ducournau (Raw) acompanha uma dançarina que após matar uma série de pessoas, foge e começa a se passar pelo filho desaparecido de um bombeiro. Ao fugir, ela percebe que es...

Thiago Araújo
3 min
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Titane não é um filme fácil de digerir. O novo longa da diretora Julia Ducournau (Raw) acompanha uma dançarina que após matar uma série de pessoas, foge e começa a se passar pelo filho desaparecido de um bombeiro. Ao fugir, ela percebe que está grávida, e uma gestação um tanto bizarra acompanha a personagem durante todo o filme.

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Fui ver sem saber nada da história e me surpreendi bastante com o rumo dos eventos. Comecei achando que Titane seguiria a linha de um terror erótico meio slasher, mas conforme a narrativa avança, uma nova camada surge, e um drama familiar não convencional é instaurado. Daí, a violência e o horror diminuem o tom para explorar a relação excêntrica de um pai com seu filho desaparecido, e o filme fica bem mais delicado do que eu esperava.

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Como eu disse, não é um filme fácil e certamente não vai agradar a todos. Eu mesmo, enquanto escrevo esse texto, ainda estou tentando entender quais são os meus sentimentos sobre o longa, porém, independente disso, é inegável que Titane é muito bem feito. A fotografia é majoritariamente criada a partir de tons neons, que criam uma atmosfera macabra, mas que também remete a uma balada ou algo do tipo. A câmera sabe transitar bem pelo espaço cênico, e cria alguns planos sequências impressionantes, como por exemplo a primeira cena em que vemos Alexie mais velha. Nela, seguimos a personagem desde sua chegada no trabalho até sua dança erótica em cima de um carro, tudo sem nenhum corte aparente. 

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As atuações também são impecáveis, conduzidas pelo excelente trabalho de Agathe Rousselle, interpretando a protagonista, e de Vincent Lindon, seu parceiro de cena. Outros aspectos de Titane que eu preciso destacar são a maquiagem e os efeitos especiais. O filme se beneficia muito desses dois departamentos, que desempenham suas funções majestosamente, entregando um padrão hollywoodiano para um filme francês independente. É realmente impressionante o grau de qualidade que eles conseguiram atingir aqui.

Enfim, ainda estou tentando digerir e entender meus sentimentos sobre a obra, mas o que posso afirmar é que Titane é um filme bizarro, marcante, e provavelmente será um forte concorrente ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano. Não é o meu tipo de filme, eu sei que não assistiria de novo, mas não sinto que perdi duas horas da minha vida, muito pelo contrário. Sair da zona de conforto, e ver uma obra tão diferente é uma experiência super válida e interessante (e talvez um pouco traumatizante). Bem, agora vocês me dão licença, porque eu preciso assistir pelo menos uns dois filmes do Adam Sandler pra ter uma noite de sono tranquila.

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