A Economia Criativa e suas oportunidades em AEC
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A Economia Criativa e suas oportunidades em AEC

#0042: Contrário a um crescimento e procura absurda por ativos 3D e NFTs, as empresas estão encontrando uma barreira enorme para encontrar qualidade no conteúdo disponibilizado, o boom desordenado logo vai dar lugar aos sobreviventes que entregam o q

Tiago Ricotta
9 min
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#0042: Contrário a um crescimento e procura absurda por ativos 3D e NFTs, as empresas estão encontrando uma barreira enorme para encontrar qualidade no conteúdo disponibilizado, o boom desordenado logo vai dar lugar aos sobreviventes que entregam o que prometem e abrem novas oportunidades no mercado AEC.

Oportunidades (1/7)

Várias oportunidades em um mercado novo
Várias oportunidades em um mercado novo

Deixando um pouco de lado os processos da ISO 19650, voltamos os olhos para o mercado que esta girando em torno do metaverso e os seus vários anúncios de empresas que estão criando lojas, jogos e tudo o mais no ambiente virtual desde os texto publicados sobre o tema no fim do ano passado (parte 1 e parte 2).

O ponto é: o valor do trabalho criativo e sua propriedade intelectual está aumentando rapidamente graças à um avanço das habilidades de criação e mídia compartilhada, isto está criando uma geração completa de criadores de conteúdo que estão se tornando mais e mais influentes.

Com o boom de ativos 3D e NFTs no OpenSea, logicamente cada vez mais vemos produtos sendo disponibilizados que formam bolhas que crescem rapidamente em formato de pirâmide com correções de ativos cada vez mais agressivas (e muita gente perdendo dinheiro).

Se pararmos para analisar como a internet se desenvolveu em seus formatos de compartilhamento de conteúdo, nos primórdios estávamos compartilhando imagens, depois vídeos e estamos migrando neste momento para uma experiência 3D compartilhada.

Lendo os relatórios da SignalFire sobre a economia criativa, é estimado que hoje temos quase 50 milhões de pessoas no mundo produzindo conteúdo na internet, sendo mais ou menos 2 milhões de maneira profissional e aproximadamente 47 milhões de maneira amadora. O mais impressionante da pesquisa é saber que mais de 1 milhão de canais no YouTube possuem mais de 10 mil inscritos.

Diante de tamanho apetite por um mercado que está se desenvolvendo rapidamente, a qualidade do que é publicado acaba sendo bastante relevante, pois no final do dia não é nada fácil suprir a demanda que está sendo criada e existe ainda muito desperdício em cima do que é produzido em praticamente todas as indústrias: arquitetura, design de interiores & industrial e fornecedores de produtos.

Isto passa a ser importante porque por mais que a hype seja enorme, no momento a chance de passar vergonha passa a ser enorme também, como alguns lançamentos de lojas virtuais com gráficos de Nintendo 64 feitos rapidamente só para gerar clickbait em sites duvidosos.

A questão aqui passa a ser mais ter conteúdo que de alguma forma tenha uma garantia de qualidade vs produção em massa de produtos, ou seja, como distribuir qualidade passa a ser o grande X da questão.

Nesta questão de distribuição, trazemos alguns exemplos de boas iniciativas que tratam o tema de diferentes maneiras e alguns cuidados que devemos ter para adoção da economia criativa no nosso mercado.

Modelo OpenSea (2/7)

Mercado bilionário se formando na nossa frente
Mercado bilionário se formando na nossa frente

Aqui é importante entender o modelo para replicar seus conceitos no mercado AEC.

Navegar pelo OpenSea atualmente e coisa de seis meses atrás é uma experiência totalmente diferente. O maior marketplace de NFTs do mundo atualmente que levantou 300 milhões de dólares no início do ano em um valuation de U$ 13.3 bi.

A parte importante do OpenSea são as estatísticas da movimentação das produções dentro do site que vão naturalmente destacando aqueles criadores de conteúdo que possuem maior demanda pelas suas obras, isto vai solidificando a sensação de que a própria comunidade vai avaliando no day to day use o que pode ser adotado e o que não necessariamente vai reter a atenção dos usuários.

O mais interessante no final das contas é a garantia do contrato inteligente de histórico de usuários que obtiveram aquela NFT no passado, isto para objetos únicos é bastante importante e é o que dá muito valor a obras de arte ou itens colecionáveis.

Se vocês clicarem na seção de esportes vão ver que principalmente os jogadores da NFL e NBA estão apostando cada vez mais neste tipo de item colecionável, deem uma busta pelo Rob Gronkowski e vão perceber o volume que o jogador já movimentou na plataforma.

Entender como o Bored Ape Yatch Club, que hoje é o que existe de mais valioso listado por lá, também é interessante e aqui tem uma explicação bem legal sobre o assunto.

Confiança (3/7)

Trigésima oitava vez que falamos sobre confiança por aqui...
Trigésima oitava vez que falamos sobre confiança por aqui...

Nem só de qualidade se vive um produto, se algo foi executado com perfeição, mas está desatualizado acaba perdendo a confiança dos usuários de AEC e acaba sendo abandonado aos poucos.

Neste sentido é preciso equilibrar a linha de qualidade com atualizações e nisto temos alguma experiência, pois no passado participamos de diversos projetos de construção de conteúdo que fizeram bastante sucesso em seu início, mas que pela lento e gradual desinvestimento nas atualizações decorrente do sucesso de curto/médio prazo a coisa toda foi perdendo o seu valor até chegarem em seu ostracismo e baixa relevância (mesmo com todos os alertas de que não fazia sentido o desinvestimento).

O grande flag para qualquer um que está a produzir conteúdo é ter a consistência da importância da produção e atualização / manutenção das coisas, digo isto porque um comportamento bem típico dos usuários do mercado é ter o HD ou sala de amostras como museu.

Existem gigas e mais gigas de coleções digitais e kilos e mais kilos de amostrar físicas em escritórios de projetos que já perderam sua validade e as vezes são portfolios de produtos que nem são mais vendidos, mas permanecem nos repositórios simplesmente porque alguém começou um projeto de criação e organização e abandonou no meio do caminho.

Além de garantir a qualidade dos produtos, garantir sua perenidade no tempo também é algo extremamente relevante, principalmente em uma era em que da noite para o dia surgem mil tipos de produtos a serem consumidos diferente com mil tipos de SKU diferentes.

Louças e metais que o digam.

Houzz (4/7)

Houzz fez muito bem o papel de marketplace com novas experiências de consumo
Houzz fez muito bem o papel de marketplace com novas experiências de consumo

Não é preciso ir muito longe para ver como este tipo de experiência e busca de qualidade acaba impactando o mercado AEC.

Nessas andanças da vida um bom exemplo do que pode ser esta dinâmica de consumo é analisar a Houzz , que faz exatamente este papel de meio de campo entre a demanda e os fornecedores.

A tendência a ser analisada aqui é a segmentação de redes sociais em sub-redes especializadas em cada segmento da indústria e como a experiência começa a se modificar.

No caso da Houzz os projetos são postados pelos profissionais que podem ser avaliados e são adicionadas camadas de informações nos projetos para que quem estiver pesquisando possa verificar melhor os produtos nas imagens, ou seja, você projetou uma cozinha e quer saber quais produtos foram utilizados e quais possibilidades de similares podem compor o seu projeto? Sem problemas, a Houzz te entrega esta experiência para você.

Nesta linha a empresa já disponibilizou um aplicativo em que você pode ver em realidade aumentada os produtos cadastrados no site e aplicar em sua casa antes de comprar, aqui não existe muita novidade em termos de tecnologia, mas o fato é que alguém tem que produzir a quantidade enorme de produtos para o aplicativo de maneira a ser realista suficiente para induzir a compra, garantindo qualidade e perenidade do produto que esta vendendo.

Bilds (5/7)

Rede social de profissionais do mercado AEC.
Rede social de profissionais do mercado AEC.

Na esteira da produção intelectual em arquitetura e engenharia, a AltoQi lançou recentemente uma plataforma de conexão entre contratados e contratantes chamada Bilds.

Nela é possível que os projetistas das mais diversas disciplinas façam seus cadastros, postem seus projetos, descrevam suas competências e sejam avaliados pela comunidade brasileira de contratantes para buscar ganhar futuros projetos.

A ideia é bem interessante justamente porque protege o capital intelectual dos profissionais (não é uma marketplace de objetos 3D ou qualquer coisa do tipo), pode fornecer bons insights para os contratantes em relação as soluções que estes profissionais costumam utilizar em seus projetos e, principalmente, cria um modelo de marketplace de projetos bem legal que pode impulsionar o uso de tecnologia no setor de projetos no país tendo em vista aquilo que comentamos anteriormente: buscar aliar qualidade com confiança.

Aliando o conceito de nicho de rede social com avaliação da comunidade, acaba sendo uma ótima opção para quem está no mundo de desenvolvimento de projetos e busca encontrar oportunidades em um ambiente qualificado.

3D Warehouse (6/7)

2083 marcas hoje expõe seus produtos no 3D Warehouse... insano.
2083 marcas hoje expõe seus produtos no 3D Warehouse... insano.

Com o advento da pandemia em 2020 vários fabricantes que tinham reservado verbas para participação de feiras presenciais se viram em uma situação de ter dinheiro em caixa e nenhuma feira para participar.

Com a descoberta do fogo e necessidade de trabalhar colaborativamente de suas casas em uma rápida digitalização no mercado AEC, o que o ocorreu e passou meio desapercebido pelos usuários é que muitos fabricantes destinaram suas verbas para construção de bibliotecas virtuais no 3D Warehouse.

A própria necessidade pela busca de qualidade levou a uma segmentação bastante interessante em que hoje é possível distinguir objetos que são originais dos fabricantes e objetos que são gerados pelos usuários.

Bebendo da mesma fonte da avaliação pela comunidade dos produtos que são disponibilizados, hoje facilmente é possível baixar itens que são muito bem construídos e evitar aqueles que são gerados de qualquer jeito, basta ver o número de download de cada produto ou simplesmente filtrar pelas condições que você considera que seja uma boa seleção (quantidade de polígonos por exemplo).

Mesmo com estes movimentos no Warehouse, empresas como a Casoca decidiram fazer sua própria curadoria apresentando somente produtos do mercado brasileiro de maneira gratuita, isto só mostra que a busca pela qualidade vs quantidade em um marketplace acaba sendo bastante relevante no processo e quem ganha no final é o cliente final.

Banalização (7/7)

No final das contas o que temos que tomar cuidado neste cenário de economia criativa é a banalização do conteúdo e abordagem de vendas, principalmente se você se aventurar em redes sociais como o Tik Tok.

Talvez hoje não seja a melhor estratégia fazer dancinhas para vender projetos de prédios ou consultoria, mas é certo que a construção de autoridade em redes sociais vai atrair novos clientes.

A dica aqui é segmentar bem o conteúdo para atingir o público correto, pois o modelo de projetos em si é difícil de ser escalável (não digo impossível porque hoje em dia essa palavra não existe, mas é mais difícil).

Enfim, são oportunidades que acabam surgindo dentro de um modelo de negócios que navega muito bem em outras indústrias e que podemos nos aprofundar mais em AEC.

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Obrigado,

Abs.

Tiago Ricotta

Publicado em 03 de Fevereiro de 2022 às 16:27