Criatividade Artificial
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Criatividade Artificial

#0023: Em uma edição passada desta newsletter falamos sobre a limitação da criatividade em projetos de AEC devido a complicações da experiência do usuário dos softwares, mas e quando a tecnologia cria alternativas exponenciais para criatividade?

Tiago Ricotta
10 min
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#0023: Em uma edição passada desta newsletter falamos sobre a limitação da criatividade em projetos de AEC devido a complicações da experiência do usuário dos softwares, mas e quando a tecnologia cria alternativas exponenciais para criatividade?

Criatividade Artificial (1/7)

From Trimble Inc.
From Trimble Inc.

Esta semana a Trimble Inc. anunciou a grande Poppy Crum como a nova CTO da empresa e se você não conhece ela pode ter uma noção bem legal sobre como ela pensa o futuro neste TEDx que ela apresenta chamado "Tecnologia que sabe o que você está sentindo".

Apresentando Poppy Crum formalmente, ela é uma pesquisadora sobre Design Research e Design Criativo e Crítico. Ela defende que a tecnologia empática pode abrir muitos horizontes no processo de design e construção.

A maioria das pessoas já pensa sobre as formas de melhorar as máquinas, mas as mais recentes pesquisas indicam que a melhor maneira de melhorar as interfaces humano-computador é através da tecnologia empática: sensores, câmeras e software, por exemplo, usados para atender a necessidade do indivíduo.

É disso que trata a tecnologia empática, ela coloca no centro do desenvolvimento de soluções voltadas para a tecnologia que permitem aos humanos interagir mais com as máquinas de maneira imersiva.

 A tecnologia empática tem uma abordagem fundamentalmente diferente para interfaces homem-computador. Um futuro em que o contato direto com as máquinas é assumido pelo feedback sensorial, onde a computação se torna mais intuitiva.

Isso terá um grande impacto na futura interação homem-máquina - ao combinar a criatividade que é encontrada em muitos campos diferentes, do design gráfico à culinária. O objetivo desta Inteligência Artificial é libertar os humanos das tarefas repetitivas. Para operar, você edita uma lista de comandos pré-escritos que podem ser fornecidos à rede neural. Esse estilo de escrita geralmente continua até que a máquina conclua o artigo, livro ou outra coisa que você queira fazer.

A primeira citação que encontrei sobre Criatividade Artificial é de Scott Bourne, que diz que "não há ninguém contando histórias como máquinas". Existem muitas vantagens em usar a Criatividade Artificial para ajudar no processo criativo de uma empresa. Esses benefícios incluem a capacidade das máquinas de sintetizar uma mensagem e criar um sentimento positivo em sua base de clientes gratuitamente.

Se atualmente já é possível escrever toda uma sessão de uma newsletter baseado somente em pequenas frases de entrada e a AI escreve todo o resto sozinho, o que pode fazer com projetos e o ambiente construído?

Achou estranha a frase do parágrafo acima? Então volte ao início deste tópico e releia o texto, tudo o que estiver em itálico foi escrito pela inteligência artificial da shortly.ai e copymatic.ai em português, agora imagina este conceito para arquitetos e engenheiros?

Vamos desenhar este cenário.

O sentimento dos prédios (2/7)

Como as edificações se comportam física e quimicamente?
Como as edificações se comportam física e quimicamente?

No TEDx da Poppy existe um conceito no qual o poker face deixa de existir porque é possível através de identificação química de elementos exalados pelo corpo humano rastrear o sentimento que a pessoa está tendo naquele momento.

Ok, pessoas tem sentimento, mas podemos considerar que prédios também tem sentimentos?

Esta semana estava conversando com o fundador do Sefaira, uma solução de performance e análise energética adquirida pela Trimble em 2016, sobre o comportamento das edificações nas diferentes partes do globo e a cultura que isto acaba estabelecendo em cada região do planeta no sentido de fazer uma simulação de performance de um empreendimento.

Conversa vai, conversa vem, surgiu um tópico muito interessante que foi o comportamento das edificações no nível físico e químico a depender do material e solução de forma escolhida para o projeto.

A partir daí um problema que foi identificado é que no mundo AEC na área de desempenho a apresentação dos resultados de cálculos complexos de maneira intuitiva e simples para tomadas de decisão era um parto (até por isso ele decidiu fundar a Sefaira).

Isto me deixa sempre muito feliz de ouvir este tipo de preocupação, mas o ponto da conversa que me chamou a atenção não foi UX e sim a questão da identificação destas variáveis e como isto se comporta para os empreendimentos em termos de sustentabilidade da mesma forma como a Poppy descreve em seu TEDx sobre seres humanos, ou seja, a partir do próprio conceito do projeto a tecnologia consegue ir moldando e sugerindo alterações para melhor desempenho com base no “sentimento” ou “composição” química e física do edifício.

No passado participei de projetos envolvendo design generativo e a frustração foi muito grande em relação ao tema, mas esta conversa reanima o tópico. 😊

Problemas Generativos (3/7)

Custos ocultos everywhere...
Custos ocultos everywhere...

Qual o grande problema do design generativo em termos de criatividade artificial na minha opinião? Simples, a caixa é preta, os cálculos não são transparentes, a interface é complexa e as variáveis são impossíveis de serem alteradas tendo como resultado 200 soluções vomitadas na sua cara sem critério, ou seja, você perde mais tempo escolhendo uma boa solução do que de fato evoluindo o projeto com os prazos porque sempre existe um requisito oculto (a copa não pode ter vista para a recepção, por exemplo).

Outro ponto deste tipo de projeto é que como todo algoritmo você precisa estabelecer um step-by-step que para escalar deve ser padrão, mas quem disse que projetos de arquitetura são padronizados? Nem mesmo projetos de rede de franquias são assim, esse tipo de projeto geralmente possuem as maiores taxas de padronização e mesmo assim construir algoritmos para isso consomem uma energia infinita (abre a torneira do investimento e deixa aberta).

Onde eu acredito que hoje a coisa funciona? Quando você tem um designer computacional na equipe responsável pela criação de formas em projetos em que a plástica arquitetônica é um marco referencial e primordial para o sucesso da venda do empreendimento.

Neste tipo de situação vai fundo que tem gente muito boa no mercado para trabalhar nisso.

Agora criar um algoritmo que consiga criar layouts automáticos com distanciamento social para escritórios que funciona em um São Paulo Corporate Tower (Viol) e com o mesmo código funcionar no Rochaverá, Infinity Tower, EZ Towers e etc vai na fé que vai dar certo. #sqn

Entre um andar e outro já vai ser complicado pela variação da forma, os inputs são infinitos, as vezes dentro do próprio cliente o input é infinito, por isto a dificuldade.

Briefing Imersivo (4/7)

Future baseado em um filme
Future baseado em um filme

Hoje a coisa é um pouco mais complicada, mas com certeza a tecnologia vai evoluir e em algum momento o UX vai aparecer na vida do mercado para facilitar as coisas.

Uma das coisas que eu acredito que vá ocorrer é a união daquele sentimento da edificação com o processo de um briefing imersivo, ou seja, os inputs do desejo do cliente vão se cruzar com as necessidades de sustentabilidade e a apresentação dos resultados dos projetos vão ser cada vez mais imersivos no sentido de utilizar realidade virtual / realidade aumentada no processo de venda do projeto.

Dificilmente hoje um projeto grande não tem no seu processo de apresentação algo de VR / VA, mas a coisa deve evoluir, a realidade mista já tem um novo nome em seu processo de evolução que as big techs querem construir e investir como a nova internet: metaverso.

Falaremos disso em outra oportunidade, mas basicamente se você assistiu ao filme Ready Player One é mais ou menos algo como aquilo que o povo esta vislumbrando.

Dust 2 (5/7)

Nova forma de jogar um clássico
Nova forma de jogar um clássico

Particularmente não creio em um processo no qual as máquinas vão vir e dominar tudo em um processo de obsolescência humana, o próprio Domenico de Masi já fala sobre isso faz tempo com a ideia de que as profissões que exigem criatividade estão protegidas.

Acredito que no fim o que vai acontecer é uma potencialidade do processo criativo em conjunto com as novas tecnologias que estão chegando e novas formas de interação entre homem e máquina.

O futuro ele é misto em praticamente todos os sentidos, não é apertar um botão, sair para tomar um café e quando voltar na cadeira ver o seu projeto pronto de forma fria e sem interação.

Olha a indústria de games para onde esta indo com o Omni One, as novas formas de jogar fases clássicas como a dust do Counter-Strike.

É nisso que a coisa vai virar, você não estará mais sentado numa cadeira projetando, você projetará de qualquer lugar, qualquer dispositivo e sentindo os sentimentos do prédio que você está projetando podendo então verificar o quão quente ou frio a coisa fica de acordo com cada traço que você desenha.

Até lá, penitência e joelho no milho com o UX de hoje em dia.

pixel f%$#*&%g effect (6/7)

Navegando pela rede vi um post do grande Ricardo Eloy sobre o conceito de pixel f%$#*&%g lançado pelo Blender Bob no Youtube, o vídeo é simplesmente sensacional e vale a pena você investir 11 minutos e 53 do seu tempo para assistir esse vídeo.

Pixel f%$#*&%g nada mais é do que gastar tempo com alterações de coisas inúteis e sem importância por parte dos tomadores de decisão como diretores e lideranças do processo criativo, ou seja, são solicitadas alterações de coisas que ninguém liga ou se importa.

A tecnologia pode mudar tudo, mas se o ser humano não mudar ela pode proporcionar um processo de egocentrismo criativo que pode ser muito danoso aos budgets de projeto.

Focar naquilo que importa é muito importante e saber o limiar entre o momento de continuar a evoluir a ideia e parar de fazer retoques bestas é talvez mais importante ainda.

Isto vale para tudo, ao ver o vídeo me assusta o que tomadores de decisão podem solicitar em nome do customer experience travestido de mal uso do “poder” que possuem em mãos.

Fica o registro para reflexão, mas as três condições para alterações ao final do vídeo são bem legais, pense nisso.

Surpreender (7/7)

Até hoje esta foi a newsletter mais sem noção que passou pela minha cabeça na junção de ideias e combinatividade de conceitos (alô Murilo Gun).

Hollywood fez um certo mal em perpetuar o apocalypse no processo de evolução tecnológica e Matrix 4 esta logo ali para fritar nossos cérebros no processo das máquinas ganharem a batalha.

Gostei de escrever aleatoriamente em conjunto com uma inteligência artificial, o mais interessante no processo é entender que por U$ 70 dólares por mês você pode ter um assistente de copy que aprende como você pensa e te ajuda no dia a dia.

Eu vejo isso e já imagino que por U$ 70 dólares por mês você ter um design computacional trabalhando em seus projetos otimizando tudo e qualquer coisa no processo, é animador algo assim.

Contudo, é isso que queremos? Se ele souber a diferente de ifcSite e ifcGeographicElement vale a pena investir.

Enfim, compartilhe está newsletter com seus colegas e amigos, é muito animador ver os números subindo e poder ter discussões com vocês depois dos lançamentos, a comunidade AEC Experience está crescendo bem 😊

Obrigado,

Abs.

Tiago Ricotta

Publicado em 22 de Setembro de 2021 às 13:39