Minha trajetória até a Trimble Inc.
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Minha trajetória até a Trimble Inc.

#0001: Hello World!

Tiago Ricotta
11 min
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#0001: Hello World!

Primeiro passo é o mais difícil (1/7)

Seja o que for fazer, comece!
Seja o que for fazer, comece!

Pelas várias mensagens recebidas nas últimas horas pela nova posição aqui Trimble Inc. decidi escrever um pouco da minha trajetória e compartilhar mais da minha experiência com inovação e tecnologia, afinal, já testamos e implantamos muita coisa nessa vida e acho que é hora de produzir mais conteúdo para que outros não cometam os mesmos erros que cometi.

Pessoalmente sou natural do interior que não é muito interior, São José dos Campos-SP, cheguei em São Paulo em 30 de janeiro de 2010 como projetista de pré-fabricados de concreto de uma multinacional colombiana e pensando ter me matriculado na pós de Gerenciamento de Projetos da FAAP, mas descobri no primeiro dia de aula que na verdade estava no curso de Administração de Empresas.

Até hoje não sei o que houve, mas quando o grande Professor Marcos Alberto apresentou o curso entendi que seria melhor para minha carreira seguir daquela forma.

A primeira grande gafe foi quando o Professor Marcos Alberto perguntou naquele primeiro dia de aula quem ali tinha feito alguma coisa nova pela primeira vez naquela semana, fui o único a levantar a mão dizendo que havia acertado o caminho do Metrô Consolação até a FAAP pela primeira vez, talvez não tenha sido o melhor comentário naquele ambiente... :D

Pelo networking da FAAP ganhei uma oportunidade no Grupo Habibs no qual pude aprender muito sobre franquias, agilidade e ter os primeiros contatos no mundo BIM. Com os resultados obtidos no Habibs abriu-se a porta na Brasoftware, que vem a ser uma das maiores revendas de software de LATAM, e dali foram vários projetos de destaque com muita história para contar nas próximas edições desta newsletter.

Foi assim que entrei nessa brincadeira fazendo com que nos últimos 11 anos participasse ativamente de negócios e projetos relacionados a inovação e tecnologia no setor de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC).

Nunca foi fácil fazer e pensar diferente em como as coisas são feitas neste mercado, são inúmeras as dificuldades e a própria visão de como as coisas devem ser vai se modificando com o tempo.

Maturidade (2/7)

Nos primeiros anos atuando com tecnologia para o mercado AEC (2011 a 2014) acreditava que a dificuldade do mercado advinha da maturidade da própria tecnologia, tanto por parte dos fabricantes de software como por parte dos usuários, havia boas ideias, mas a execução não era lá essas coisas, resumindo: os produtos eram ruins mesmo (alguns são até hoje).

E a surpresa positiva do Tablet na obra em 2014?
E a surpresa positiva do Tablet na obra em 2014?

Produto ruim, mercado verde, não teve nada de relevante então? Errado, mesmo com várias dificuldades teve bons projetos naquela época como a Biblioteca BIM da Deca, o case de Facilities da Porto Seguro, alguns vários projetos com a Odebrecht com o principal sendo a Vila dos Atletas nas Olímpiadas Rio 2016 e muito aprendizado.

Essas experiências deram base para o fechamento de dois grandes projetos que vieram a ser  os principais casos de sucesso BIM até então (FDE e CCDI) no qual estávamos superando o desafio da maturidade tecnológica e vivenciando outro desafio: a tecnologia estava madura o suficiente para os fluxos que desenhamos em conjunto com grandes profissionais, mas a cultura come a estratégia no café da manhã, ou seja, pessoas ma friend.

Qual a razão daqueles projetos terem tido tanto sucesso e resultado? Na minha visão é porque a mudança ocorreu em conjunto com as pessoas e não apesar delas.

Isto tem muita relação com um fator que vem a ser o principal problema no mercado AEC, fator este constantemente esquecido pelas Venture Capitals e Construtechs e que dificulta absurdamente escalar soluções: a fragmentação da informação.

Fragmentação (3/7)

A fragmentação da informação é o grande problema em AEC na minha visão.

Vocês já devem ter visto o vídeo do Milton Friedman falando da composição do lápis, certo? Se não viram assistam pois é muito elucidativo sobre o que vou comentar na sequência:

Se para um simples lápis temos vários agentes para fabricação imagina para construir uma casa, um prédio, uma estrada? Não importa se sua EAP vai ter 1000 ou 10.000 linhas, no fim coordenar a dança e entregar o nível de informação necessário para cada agente no tempo e detalhe corretos é um desafio e tanto.

Não somente é desafio de processos mas de cultura, muitas e muitas vezes o fator humano foi desconsiderado pelos produtores de tecnologia e os próprios humanos também não se ajudaram tomando algumas decisões um pouco questionáveis.

Já vi Big Tech de tecnologia AEC contratar dois prédios de programados em Shanghai na China e deixar os Product Owners no Vale do Silício, qual a chance disso produzir um produto que envolva o cliente e resolva as dores de maneira eficiente?

Claro que existe resistência interna nas empresas, mas isto vem muito mais do discurso torto que as lideranças passam aos colaboradores, muitas vezes passando uma mensagem errada de que a tecnologia vai fazer tudo e assim não vão precisar mais das pessoas que colocaram a empresa no patamar em que ela se encontra.

Isso gera um belo café filosófico.

Com esta vivência entre os anos de 2014 e 2018 vem a terceira fase desta vida paulistana: se podemos fazer qualquer coisa com a tecnologia atual e identificamos o grande problema, vamos trabalhar em uma solução.

O fator primordial de sucesso (4/7)

Agora a brincadeira ficou séria!
Agora a brincadeira ficou séria!

Com a entrega de grandes projetos veio então aquela sensação de saturação e de querer algo diferente do que estava fazendo até então.

É divertido olhar para trás e ver como as coisas se encaixam no timing perfeito, até então estava em uma divisão da Brasoftware restrita a fabricantes de tecnologia exclusivos de AEC, ou seja, eram arquitetos e engenheiros desenvolvendo e vendendo coisas para arquitetos e engenheiros.

E se fosse possível ampliar os horizontes e integrar todo o portfolio da empresa utilizando tecnologias que englobavam o mercado em geral e aplicar isto para o mercado AEC?

Será que a Adobe, Citrix, Symantec, Veritas, VMware e principalmente a Microsoft não poderiam contribuir para a brincadeira? Será que não poderíamos ter soluções próprias a partir destes fabricantes?

Foi então que no início de 2018 veio a oportunidade de ingressar na área de inovação da empresa e dar os primeiros passos no ecossistema e mentalidade das Startups, falhar rápido e aprender rápido até o PMF (Product Market Fit).

No meio do caminho veio o convite da Athié | Wohnrath, o maior escritório de Arquitetura e Construção de LATAM, para tocar a área de inovação deles.

A palavra dos primeiros anos foi maturidade, na sequência veio a fragmentação e por último eu vejo a complexidade como um fator que mata a escalabilidade de soluções.

O que saiu de tudo isso?

Vamos aos exemplos práticos (5/7)

Entre 2018 e 2021 trabalhei em vários projetos de inovação e fazendo muita coisa diferente neste processo e com muita tecnologia trending topic: Big Data, RPA, BIM, Inteligência Artificial, Growth, Design Thinking, Agile, GPTW, diversidade, etc.

Quando a coisa deu certo: quando o projeto nasceu e cresceu com o famoso Customer Centric, ombro a ombro com o cliente na trincheira entendendo a dor e tendo a empatia de saber que se sua solução só você consegue usar isto não é solução, continua sendo um problema.

Quando a coisa deu errado: quando se tentou fazer goela abaixo iniciativas nas pessoas sem perguntar ou envolve-las no projeto e/ou utilizando tecnologias complexas demais.

É possível acessar a informação das mais de 40 milhões de empresas no Brasil e a partir daí montar todo um processo de funil de vendas, utilizar SDR para qualificar leads, montar uma verdadeira inteligência comercial. Na prática seu vendedor vai querer é o celular de quem decide para ele mandar um ZAP e pegar o pedido (exagerando, mas no fim é isso o que querem).

No fim o grande problema é que o volume de informação é tão grande que as pessoas se perdem no caminho e nas possibilidades fingindo que estão entendendo.

Outro exemplo? BIM! Sinto muito por quem está chegando no mercado hoje e se deparando com a sopa de letrinhas de terminologias, nas aulas que ministro chego a fazer um Bingo para tentar tornar a coisa mais lúdica, mas a complexidade está lá.

Esta complexidade tem dois fatores: o Netflix e a Alternativa.

O Netflix é uma alusão ao livro A Regra é não ter Regra, a primeira parte do livro exemplifica muito bem o que quero dizer: quando se cria uma regra não objetiva a tendência é criar mais e mais cláusulas para explicar esta falta de objetividade e assim tentar cobrir toda e qualquer lacuna possível.

BEPs (BIM Execution Plan) atualmente são mais REP (Revit Execution Plan) do que qualquer outra coisa, pois a complexidade e falta de capacidade da Autodesk em ser simples torna complexo todo o processo ocasionando em Hidden Costs absurdos para os escritórios de projeto, isto está ligado ao segundo fator, que chamo de Alternativa que na verdade é a falta dela.

Keep it simple stupid (6/7)

Mies van der Rohe já dizia: Menos é Mais
Mies van der Rohe já dizia: Menos é Mais

Estar antenado nas coisas que estão acontecendo sempre me fez muito bem e é neste ponto que a coisa começa a convergir para a Trimble Inc, foi através da experiência que tive com eles na Athié | Wohnrath que me fez me aproximar da empresa.

O motivo? Em julho do ano passado ministrei uma palestra no AEC Hackaton 2020 chamada de Keep it Simple, nela trazia a seguinte visão para simplificar o processo para Arquitetos e Engenheiros com base na experiência vivida na AW:

  • Menos softwares, mais Browser;
  • Menos planilha, mais visual;
  • Menos Gantt mais Kan Ban;
  • Menos arquivos e mais dados;
  • Menos software e mais pessoas;

Basicamente: menos complexidade, mais simplicidade. Menos coisas com cara de Excel e mais Experiência do Usuário. Menos janelas e telas mais facilidade, o óbvio não existe.

Em março de 2021 a crise com a pandemia aumentou ao ponto de infelizmente uma centena de profissionais terem sido desligados de várias empresas e me vi na situação de poder parar e refletir nos próximos passos da minha carreira.

Foram muitas conversas com amigos e profissionais para entender qual deveria ser o próximo passo mas com uma grande certeza: eu queria trabalhar com aquilo que inexiste no mundo AEC em termos de UX e aplicar todo o conhecimento do Gestão 4.0, experiência do cliente e Growth.

Diante de tudo isso veio o convite da Trimble Inc. para assumir a parte de Customer Success na América Latina, o Growth veio na esteira da visão convergente do que eu e as pessoas que irei trabalhar acreditamos que deve ser o único objetivo da companhia: o sucesso dos clientes e uma constante mentalidade de crescimento.

De fora já tinha a percepção de que a empresa tinha a mentalidade Customer Centric, nesses primeiros dias já deu para perceber que não errei nesta escolha.

Aprendizado (7/7)

Com um início despretensioso se me falassem que a trajetória em Sampa iria ser como foi eu diria para você 11 anos atrás que estão mentindo.

Nunca imaginei que iria visitar e conhecer as empresas, profissionais, países e culturas que acabaram passando pelo meu caminho nos últimos 11 anos, o que acabou sendo, talvez, a maior recompensa da vida longe do que realmente importa: a família.

Com a pandemia transformando tudo ao nosso redor e parando a cidade paulistana, decidi voltar as origens e me estabelecer pelo próximo ano na minha querida cidade natal, São José dos Campos-SP e cuidar daqueles que cuidaram de mim em todos os momentos de dificuldade.

É um até breve para Sampa em termos de moradia? Não sei, mas que sempre vou ser grato pela experiência e pessoas que conheci aqui, sempre serei.

Claro que as oportunidades maiores sempre estarão aqui, então vira e mexe estaremos visitando a cidade, reencontrando e fazendo novos amigos.

Vou compartilhar muito da minha experiência nos grandes projetos que participei, fiquem ligados neste canal que agora é uma newsletter que pretendo manter, acredito que vai ser ótimo esta experiência para mim e para vocês.

Para acompanhar basta seguir o canal, até sentir o movimento vamos manter a newsletter aberta e gratuita.

Por enquanto irei chamar este espaço de AEC Experience justamente para trazer a tona a discussão das experiências do cliente, usuário, interface e afins para o mundo AEC.

Obrigado,

Abs.

Tiago Ricotta

Publicado em 21 de Abril de 2021 às 17:22