Os sentidos da experiência
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Os sentidos da experiência

#0025: Como podemos utilizar outros sentidos que não seja somente o tato nos nossos teclados para conseguir as informações que precisamos de projetos e obras?

Tiago Ricotta
8 min
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#0025: Como podemos utilizar outros sentidos que não seja somente o tato nos nossos teclados para conseguir as informações que precisamos de projetos e obras?

Hackathon (1/ 7)

Na última semana através de um dever do trabalho de analisar uma estrutura muito grande de dados tive que me coçar para não perder um tempo absurdo em uma tarefa manual, afinal, como diria o André Diamand com seu incrível Sexy Canvas, se você ferir a preguiça do cidadão você consegue aumentar suas vendas, evoluir projetos e pensar outras soluções para o que você precisa fazer, que foi o meu caso.

Particularmente quando eu tenho que fazer tarefas muito repetitivas eu sempre penso em maneiras diferentes de conseguir tornar aquele trabalho inteligente porque no final do dia não me agrada nem um pouco perder tempo com algo que poderia ser automatizado.

Nesse sentido é que faz sentido a gente pensar dentro da construção maneiras diferentes de conseguirmos tratar as informações que nos são enviadas, pois se pararmos para pensar o principal sentido que utilizamos a construção civil além da visão é o tato. O tato de encostar nossos dedos nos teclados e nas telas dos celulares para escrever as coisas, tirar fotos, escanear QR Codes e afins, mas não precisa ser assim.

Foi justamente neste ponto e por uma demanda de fazer uma transcrição de um áudio grande de um gênio incompreendido que fui me lembrar de uma solução que participou AEC Hackathon de 2020 e para minha surpresa a mesma tecnologia que eu estou utilizando agora para escrever esse texto já foi utilizada no passado pela Hey Henry para pensar maneiras diferentes de captar informações do planejamento de obra.

Fonte: <a href="https://devpost.com/software/hey-henry">Hey Henry</a>
Fonte: Hey Henry

Basicamente o que eu estou fazendo agora neste momento em que estou escrevendo o texto é ditar o texto utilizando o assistente de voz do Google Docs, que é basicamente a mesma tecnologia que o pessoal da Hey Henry acabou utilizando para juntar Primavera p6 com Google Sheets e reconhecimento de voz, tecnologia de chatbot várias APIs para dar vida a um gantt de um planejamento de obra

Desta forma o usuário não precisa entender a matrix do cronograma, ele simplesmente faz uma pergunta e tem a resposta do que ele precisa.

Informação estruturada (2/7)

Velha pergunta: ovo ou a galinha (começo sem estruturar ou estruturo tudo primeiro)
Velha pergunta: ovo ou a galinha (começo sem estruturar ou estruturo tudo primeiro)

Claro que para utilizar esse tipo de tecnologia vai ser necessário uma certa estruturação dos dados, se você cria zonas de concretagem por números não adianta muito perguntar por letras, a não ser que o próprio já consiga entender que 1 é igual A e assim a coisa consegue ser mais inclusivo com dados não estruturados.

Essa é uma parte interessante do processo sobre como através de neurolinguística conseguimos nos fazer entender para as máquinas mesmo sendo um pouco, digamos, mais informal do que somos no dia a dia com elas.

No inglês acredito que seja um pouco mais tranquilo neste ponto, não sendo um escocês bêbado a máquina vai te entender - tive essa experiência de conversar com escoceses já levemente alterados pelo álcool... complicado – mas fazendo uma visita aos nossos canteiros a velocidade e quantidade de sinônimos para a mesma coisa é absurda.

Aí entra uma dificuldade forte para soluções baseadas na fala no mundo AEC: a gama de vocabulário no meio é gigantesca, existe um abismo técnico entre o dado de input formal e a experiência do usuário informal.

Em casa é fácil mandar um ei google ou alexa e fazer a pergunta mais pausada e fácil, mas no calor do dia a dia de projeto / obra é bem complicado, mas em algum momento a tecnologia vai vencer esse gap (se é que já não esta vencendo).

A visão (3/7)

Um dos projetos que me deixou mais entusiasmado foi quando em 2018 fizemos algumas sprints de desenvolvimento com algumas pessoas fora de série de programação onde a premissa seria como utilizar o cognitive services da Microsoft para AEC.

Daquelas duas ou três semanas de trabalho saíram coisas muito legais como reconhecimento de EPIs, cruzamentos de reconhecimento fácil com entrada nos canteiros, tempo de máquina parada e outras coisas que se conectavam nos sistemas de qualidade de uma incorporadora e já eram criadas as não-conformidades de maneira automática com base no aprendizado da máquina.

Obviamente em termos de custos para nós brasileiros é uma barreira grande, afinal, esses serviços são bilhetados com base no dólar e geralmente isso desfavorece grandemente a contratação deste tipo de inteligência.

Contudo, o aprendizado legal da história foi ver que em uma ou duas sprints com objetivos bem definidos você consegue fazer algo que antes demoraria dois ou três anos de estudos e algoritmos.

Hoje em dia você em 5 minutos configura uma máquina no Azure, escolhe um algoritmo e já começa a treinar o bichinho para identificar o que você quer.

Poderia ser fácil assim para treinar o meu cachorro.

Game over (4/7)

Play &gt; Xbox
Play > Xbox

Telas de celulares, teclados e mouses até o momento são as mais populares formas de construir informação no mundo AEC.

Uma coisa que ando pesquisando bastante e em algum momento da história vamos escrever mais a fundo sobre isso é como gameficar mais a construção, mas escaro a gameficação em duas vertentes: a da própria tecnologia em que com certeza a Unreal seria o melhor caminho e a da experiência no sentido o que seria melhor – WII/Switch ou Playstation/Xbox experience?

Vamos no dedicar aqui rapidinho a questão da experiência, o que chamo da experiência WII/Kinect vs Playstation? Simples, no WII/Kinect a interação era direta com os movimentos das pessoas, seja o próprio corpo ou um controle, mas você controlava o joga usando você mesmo ao passo que a experiência que sempre tive no Playstation era de ficar no sofá pensando como derrotar os Weapons ou ultrapassar todo mundo na primeira volta com chuva largando em último em Mônaco na F1.

Temos ido mais no sentido de WII/Kinect através das realidades alternativas da vida, mas talvez como work to be done para engenheiros uma experiência de Playstation sentado no sofá pensando possa ser uma melhor alternativa.

Neste sentido o que você preferiria: fazer um planejamento de uma obra no sofá com um controle de Playstation na mão ou em pé movendo as coisas com um Hololens / VR / VA equipment? Responde aqui o que você prefere 😉

Cross Platforms (5/7)

Obviamente mirar na lua para acertar algo no meio do caminho já parece um bom ponto de partida, mas retrocedendo alguns passos a forma como as coisas são feitas hoje limitam bastante tudo o que estamos falando.

Por isso acho importante ao menos levantar essas questões e pensar o que poderia ser o futuro para encontrar alternativas a tela preta que é usada na maioria dos escritórios atualmente.

Fazer este cross entre várias plataformas não é fácil, ainda mais tendo que ser bidirecional, as plataformas de origem das informações de projeto em algum momento vão ter que evoluir para conseguir ser não só ser cross-platform no sentido do hardware, mas também nos softwares da vida.

Vamos pesquisando e conversando com agentes do mercado sobre o assunto, mas é algo que fica no background da cabeça martelando a todo momento quando existe a necessidade de fazer projeto: porque tenho que ficar preso no computador/note?

Quem é o dono do dado?

ir de um lado para o outro não é tão simples
ir de um lado para o outro não é tão simples

Com o advento da queda dos servidores do Facebook na segunda 4 de outubro de 2021, muita gente ficou sem conseguir acesso a uma comunicação eficiente por algum tempo até encontrar alternativas no caminho, mas isto levanta uma questão bem importante: quem é o dono do dado na plataforma?

Não é muito segredo que construir soluções no terreno do vizinho é uma bomba relógio, a mesma coisa se aplicar para AEC, afinal, se tirar os projetos, planejamentos e orçamentos de uma plataforma para outra de maneira bidirecional facilita por um lado, por outro será necessário pensar uma maneira de consolidar tudo isso e no fim, se tudo der errado e a Amazon sair do ar o mundo AEC praticamente desaba visto que todas as grandes techs estão baseadas na AWS.

Esse tipo de questionamento sobre onde estão as coisas tem que deixar de ser parte do plano de contingenciamento de riscos caso algo de errado e passar a ser mais algo rotineiro e estratégico.

Conhecendo como as empresas operam, muitas ainda com HD externo ou fita fazendo backup e demorando 30 dias para ter acesso a um projeto de 5 anos, não dá para deixar a sorte o futuro daquilo que você produziu.

Pense nisso.

Feeling good (7/7)

Quando o business encontrar o tech e resolver essas pendengas que acabam dificultando o processo de sair do teclado, mouse e tela do celular acredito que a indústria AEC poderá evoluir muito mais na experiência das coisas como um todo.

É interessante pensar como vai ser o futuro e olhar o passado e imaginar “como fazíamos as coisas daquele jeito”, mas para isso há de se ter bastante estudo e teste com usuários para saber qual o melhor caminho.

Não é porque uma tecnologia é legal que ela necessariamente vai conseguir ganhar os corações de arquitetos e engenheiros.

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Obrigado,

Abs.

Tiago Ricotta

Publicado em 06 de Outubro de 2021 às 13:47