Airsoft: da recreação ao recrutamento
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Airsoft: da recreação ao recrutamento

Um esporte pouco difundido, mas muito bem utilizado pela Policia Militar. O airsoft é uma das mais modernas invenções esportivas (apesar de criado na década de 70) para extrair toda carga de adrenalina. Confira

Gabriel Francisco
3 min
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Não se pode afirmar que o estande de tiro está ficando para trás, mas ao que tudo indica, a modalidade airsoft tem sido uma válvula de escape bem melhor do que apenas os disparos de tiro. Ao contrário apenas do jogo de tiro, a modalidade instaurada em Caeté, região metropolitana de Belo Horizonte, ensina situações de combate e desenvolve mecanismos de sobrevivência, como a comunicação não-verbal e o trabalho de equipe.

Na região metropolitana, a equipe Nação Selva foi fundada por Fabrício Mafra e Leandro. Atualmente conta com 95 operantes ativos. Em entrevista à reportagem um dos jogadores falou que o intuito é aproximar todas as classes sociais do jogo uma vez que a modalidade é elitista e não poupa esforços para gastar tanto com as fardas tanto com o armamento. A modalidade não se concentra apenas na cidade, mas se espalha entre Belo Horizonte, Itabira, Ribeirão das Neves e Vespasiano, conforme relatado durante a entrevista.

“A ideia é difundir o esporte por aqui, para tornar acessível para todas as classes sociais. Tornar possível para que, também, pessoas com baixa renda possam jogar e se divertir”, disse Borges.  

Foto: Internet / reprodução 
Foto: Internet / reprodução 

Não se deixe enganar pelos armamentos pesados, de grossos calibres. Eles são apenas um detalhe. Ao contrário do paintball, que marca o adversário, o airsoft tem uma bala de bolinha que quando acerta o adversário este é obrigado a gritar “morto” ou sair com um lenço vermelho, nitidamente. Caso o jogador queira voltar ao jogo, terá que ir à zona de segurança (safe zone) e gritar “médico”. Os jogos são primordialmente realizados em áreas abertas da cidade, mas poderão, caso necessário locar um espaço para poder jogar.

Patentes ou “níveis”

Não é necessário que haja patente ou níveis durante o combate, mas às vezes, a depender de grupos, a dita cuja poderá obtê-la por seu aspecto de liderança ou saber como comandar sua equipe. Ressalta-se também as operantes, equipe feminina atrelada ao time de Caeté. Como toda cidade metropolitana, em seus torneios de verão a equipe apareceu na 5ª Olimpíada da cidade.

Uma história de amor & amizade

Procurada pela reportagem, Grasiele Vieira atualmente carrega em seis meses de gestação uma menina. Cabelereira, ela conta que é o primeiro filho forjador de um laço amoroso do próprio Airsoft na cidade caeteense. Outros casais, no entanto, já eram formados. O lugar onde participou é onde conheceu seu noivo. Ela conta que não só o amor foi forjado como também novos amigos que entraram para a família e para a consideração.

"Eu sempre gostei das coisas diferentes e dinâmicas. Mexe com a adrenalina. O esporte também te propõe regras e disciplinas, e levamos isso não somente para o jogo, mas também para a vida, além de divertirmos. Você se sente um pouco criança. Ali você está para distrair. Eu sempre falo: vá uma vez; participe", disse.

Foto: Gresiele / arquivo pessoal 
Foto: Gresiele / arquivo pessoal 

Em comparação às demais competições, a jogadora afirma que em outros locais as pessoas são mais individualistas enquanto sua equipe — oriunda da cidade — é mais receptiva. Grasiressalta que falta divulgação do esporte, porém também salienta que às vezes pessoas olham torto devido à atribuição de "esporte + arma".

"Falta divulgação das mídias, mas também o interesse individual. Muitas pessoas assistem outros esportes e não têm ligação com o airsoft (...). Algumas pessoas têm preconceito devido ao possível incentivo de armas, mas é o contrário. Lá te conscientizam sobre", falou Grasi

Polícia Militar utiliza a modalidade

Segundo informado à reportagem, a Polícia Militar também utiliza da modalidade como aprimoramento das técnicas de combate, pois entendem que o esporte propicia além da alta carga de adrenalina e endorfina, o esforço físico e mental, colocando-os em real (entende-se simulação) conflito.

"Para a Polícia Militar é uma excelente forma de treinamento sem colocar a integridade física do militar em risco. Ele treina a vida cotidiana, o dia a dia operacional em um jogo em que sairá vivo e sem ferimento. Ele terá a sensação de estar combatendo a criminalidade, por exemplo, sem colocar a vida dele em risco. (...). Você treina fundamento de tiro, técnica de progressão, técnica de recuo; comunicação audiovisual; comunicação de sinais. Ou seja, tudo que um oficial de combate faz, no jogo fazemos também", ressaltou Mafra