Doutor Estranho No Multiverso da Loucura (2022) | Crítica

A peça chave que animou o público muito antes de certos anúncios sobre o elenco do filme foi o homem que estaria no comando: Sam Raimi. Diretor da grandiosa trilogia do Homem Aranha, o anúncio que o cineasta estaria retornando aos filmes de herói foi uma festa aos fãs pois quem conhece o seu trabalho (em especial citando o belíssimo Evil Dead), sabe de toda a sua competência. O medo era que todo o controle da Marvel de engessar os seus diretores acabasse influenciando no filme e felizmente, parece que este não foi caso.

A direção de Sam Raimi é simplesmente a melhor parte do filme. Após alguns filmes da Marvel que parecem engessados, todos dirigidos pelo mesmo diretor é muito bom sentir um filme da Marvel que parece ser sua própria coisa, sua própria arte. Desde cenas que fogem de um certo padrão, até escolhas autorais de ângulo de câmera e tons das cenas. Sem muito detalhes, há uma cena envolvendo notas musicais que é simplesmente muito perfeita. No mais, quando a Marvel anunciou que este filme seria numa pegada de horror/terror, eu fui um dos primeiros a criticar, achando que teria dois "sustinhos" em tela. Bem, o filme passa longe de apenas "sustinhos". Há cenas muito bem filmadas e que passa toda a atmosfera de um terror. É claro, para um série de filmes Marvel - Padrão, quase qualquer coisa pode ser configurada como terror porém o filme executa bem. Ainda assim, sonho com um filme ou série da Marvel totalmente feita no terror e horror, sei lá, um filme do Homem de Ferro de Terror seria muito interessante. 

O roteiro por conta de Michael Waldron parece ser bem pontual. O filme (pelos seus rumores) foi vendido como uma grande salada de fruta onde personagens desde Toretto de Velozes e Furiosos ao T-Rex do Jurassic Park apareceriam e fui ao filme com a mente de que a Marvel iria simplesmente jogar um monte de referências e personagens para o ótimo extasiar dos fãs. Bom, isso passa muito longe. O script de Waldron é bem conciso, minucioso, amarrando pontas possivelmente deixadas em outros longas e funciona bastante, não apenas jogando informações mas constrói aquilo que é importante para o filme e conecta os pontos, fornecendo uma bela coerência narrativa.

No tocante as atuações, vale destacar a da Elizabeth Olsen. A mulher faz um trabalho fenomenal como a Feiticeira Escarlate, dando muito mais camadas a personagem que tinha iniciado nesse "novo caminho" em Wandavision. É realmente fenomenal a sua atuação, onde assusta o telespectador e carrega o filme. No mais, as outras atuações são boas, nada fugindo fora da curva e entregando aquilo que é esperado.

Agora, (sem spoilers é claro), as participações são verdadeiramente boas. Há uma em especial que me pegou muito por ser um herói que amo de infância e está no meu Top 3 de heróis favoritos na Marvel. Meu conselho aqueles que ainda não viram o filme seria: não espere nenhuma aparição que revolucione toda a história do cinema mas de fato, espere ser surpreendido com umas que foram muito bem sacadas e pontuais para a história do filme.

No fim das contas, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é um acerto da Marvel que aposta na visão de Sam Raimi e não opta por fazer o filme baseado em fan-service e amarrando de qualquer jeito as pontas. Sinceramente, creio que a Marvel só tem a ganhar ao investir muito na visão do diretor e roteirista do filme, dando liberdade para cada um criar o seu próprio "filho". 

Nota: 7,4