O Telefone Preto (2022) | Crítica

Aqui entramos nos anos 70, onde um Serial Killer conhecido como "The Grabber" sequestra crianças pela cidade. É tudo o que você precisa saber de verdade pra ir assistir esse filme.

Sinceramente, o que eu me surpreendi com esse filme foi brincadeira. Fui sem ter visto nada sobre o filme e que experiência boa isso trouxe. O filme em si (sem entrar em spoilers) trata com uma questão de sobrenatural mas de forma com um pé na realidade. Por mais que essa frase minha possa sem controversa, só assistindo o filme para entender sem entrar na seara dos spoilers. Já no que se trata sobre os aspectos do filme, comento agora.

O primeiro aspecto do filme que é de dar uma salva de palmas trata-se da ambientação e toda a criação de mundo dos anos 70. Sinceramente, você assistindo a esse filme não parece que é um filme atual tentando recriar o clima dos anos 70 e sim parece que o filme foi realmente gravado durante a esta época. O filme já não tem o seu desenrolar logo no começo, devo dizer. Vai totalmente de encontro com os filmes de terror mais genéricos onde o já se mostra o grande vilão e a sua "First victim" porém aqui ele vai deixando o telespectador na vontade de saber porque o vilão tá ali e as suas motivações. Então, assim, o diretor faz questão do telespectador adentrar no mundo dos anos 70 antes de poder saborear o que tem por vir da história.

Um grandioso destaque que tem que ser dado é ao ator Ethan Hawke. Dono de grandes atuações como Sociedade dos Poetas Mortos, Gattaca, Antes do Pôr do Sol, Dia de Treinamento, é inegável que Ethan Hawke é um dos maiores atores dessa geração. Aqui por mais que tenhamos uma excelente vilão de filme de terror, ele não é o grande destaque de tempo em tela. Acho que por uma truque do diretor, aqui nos saboreamos o vilão de forma fragmentada, de pouco em pouco, mas que dá um ótimo sabor na nossa boca. Aqui, o vilão é intrigante, excêntrico. Ethan Hawke nos entrega um vilão totalmente único onde não parece ter motivo algum para fazer o que faz mas que faz porque quer. Aliás, não espere um vilão que sai cortando barrigas e expondo tripas. Aqui a perturbação excêntrica do personagem é justamente não sabermos a sua motivação e tentar entendê-lo e saber o seu próximo passo é simplesmente excitante.

O  ápice desse filme é a direção magnífica de Scott Derrickson. Dono de filmes como A Entidade, O Exorcismo de Emily Rose, Doutor Estranho, Scott prova que é um ótimo diretor, principalmente quando se trata da seara do terror. Provavelmente por ter saído da direção de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura por divergências com a Marvel, Derrickson assumiu esse projeto e foi um grande acerto dele. Livre das interferências e tolhimento do estúdio, aqui ele parece livre para se utilizar de toda a sua criatividade e anseios para o filme. Toda a criação do clima dos anos 70, os créditos iniciais, as "cutscenes" retratando notícias dos anos 70 é simplesmente fenomenal. Tem uma cena específica em que o diretor vai construindo o foco do telespectador no ambiente X e quando vemos, o ambiente Y nos dá um susto surreal. Na sessão que eu fui, todo mundo gritou por conta desse cena. Vale salientar que o filme não se preocupa com "jumpscares" mas tem um ou outro (muito bem colocados).  Reitero mais uma vez que Derrickson é um diretor excelente!!

Vale rapidamente dar destaque ao elenco do filme, onde temos personagens interessantes. Aqui, neste filme, pelo excelente roteiro de Scott Derrickson e C. Robert Cargill, não temos os personagens caricatos de um filme de terror, onde um casal recebe um assassino no meio do nada e vão ver quem está lá. Aqui, os personagens parecem mais inteligentes, tomando escolhas sensatas e isso traz uma mais uma camada de realidade e fazendo com o que telespectador compre a história por conta do excelente elenco. 

Em suma, O Telefone Preto é um belo acerto do Scott Derrickson e um bom filme de terror em meio a tantos filmes desse gênero totalmente genéricos que buscam apenas trazer jumpscare ao público. Vale a pena o ingresso e a ida ao cinema.

Nota: 7,3