Criou-se enorme expectativa, ao menos dentro da bolha. Afinal, tínhamos o MBL e o Vem Pra Rua, movimentos que se vangloriam de ter mobilizado milhões para o impeachment da Dilma, convocando sua militância para as manifestações deste domingo. ...
O papelão da terceira via |
Criou-se enorme expectativa, ao menos dentro da bolha. Afinal, tínhamos o MBL e o Vem Pra Rua, movimentos que se vangloriam de ter mobilizado milhões para o impeachment da Dilma, convocando sua militância para as manifestações deste domingo. A imprensa entrou em peso divulgando. Ciro Gomes e seu PDT aderiram, marcando presença. O PSDB idem, com os tucanos chamando seus seguidores. Todos unidos contra Bolsonaro. E deu traço, "flopou", não foi quase ninguém. Um mico! |
É preciso analisar corretamente o fenômeno. E começo justamente pelo fator bolha. Reinaldo Azevedo, Joel Pinheiro, André Marinho, Guilherme Macalossi, Carlos Andreazza, Felipe Moura Brasil, Marco Antonio Villa, Alexandre Borges, Amanda Klein, Vera Magalhães e os "antas": se somar tudo não dá meia Barbara, do canal TeAtualizei, em termos de análise política, de pulso dos ânimos populares. É o preço de se viver numa bolha, com total desprezo pelo povo, bajulando uns aos outros da patota do selo azul na imprensa corporativista. |
O que vimos no domingo passado foi o enterro fúnebre da tal “terceira via” antes mesmo de ela atingir a infância. Quando não há basicamente ninguém ao seu lado, só resta mesmo xingar todos, falar que o povo é gado, canalha, imbecil. A alternativa seria olhar no espelho, e isso pode ser bem doloroso para quem é hipócrita, oportunista, canalha. A postura desses formadores de opinião tem sido essa: arrogância, empáfia, malabarismo para demonizar Bolsonaro e resgatar até Lula como opção democrata! O povo percebe o truque velho e manjado, e foge. |
Aqueles que se dizem moderados, que defendiam o diálogo, elogiavam o governo reformista de Temer, estão ridicularizando a carta do presidente em tom conciliatório, por exemplo. Ué?! Só “radicais da ruptura” têm o direito de ficar revoltados com a mudança de tom. Os demais comprovam só seu oportunismo incoerente. E eis o ponto: a oposição não tem projeto de país, não faz críticas construtivas, não adota uma postura coerente. Fica escancarado que é tudo jogo pelo poder, que desejam manter a política dentro do cercadinho da esquerda, com PT e PSDB fingindo disputar o poder dentro de grande pluralismo ideológico, quando todos sabem se tratar de dois partidos de esquerda. |
Diante do vexame desta manifestação esvaziada, que virou motivo de muita chacota nas redes sociais, esses tucanos e seus colegas "liberais" preferem a negação da realidade, com raras exceções. Mario Sabino, do Antagonista, admitiu que foi um fiasco monumental, e que negar isso é ridículo. |
Mas negar foi o que fez a patota. As reações são ainda mais bizarras do que o fracasso das ruas, pois o contraste é gritante demais com o enorme sucesso do dia 7, quando patriotas foram defender o governo, a liberdade e condenar o arbítrio supremo. |
Uma coordenadora do Vem Pra Rua chegou a afirmar que o importante não é a quantidade, mas sim a qualidade do público! Agora só falta estabelecer que um voto da elite cosmopolita “progressista” vale por cada cem do povo que está tudo certo para criar a democracia de gabinete dessa turma… |
Eis a verdade: a elite cosmopolita "progressista" quer uma "democracia de gabinete", sem povo, pois se julga iluminada, quer "empurrar a história", e nutre profundo preconceito contra o povo real. É uma patota esnobe, esquerdista, que chama de reacionário ou extrema direita qualquer um com viés mais conservador. |
Reverenciando o fracasso |
Após mais da metade do mandato, massacrado pela imprensa diariamente, em meio a uma pandemia em que o foi responsabilizado por cada óbito de forma absurda e injusta, o presidente Bolsonaro conseguiu arrastar uma multidão às ruas no dia 7 de setembro. |
Juntando vários partidos de peso, como PSDB e PDT, contando com a mobilização de grupos ativistas como o MBL e o Vem Pra Rua, com ampla divulgação pela mídia, a oposição não foi capaz de colocar uma mínima fração desse público em sua manifestação no dia 12. |
O contraste é chocante pelo fracasso deste ato frente ao sucesso do outro. Não obstante, como é a reação da imprensa, da própria oposição? Podemos avaliar bem isso pelo editorial do Estadão após a manifestação, este que já foi um jornal sério e respeitado. Para o Estadão, a democracia não é uma foto, e em que pese o público bastante reduzido da oposição, ao menos se viu muito político ali, o que o jornal considerou algo positivo: |
“As manifestações de 12 de setembro podem ter frustrado quem contava com um resultado imediato, pois o caminho da democracia e da responsabilidade com o bem comum é longo, repleto de percalços, dificuldades e necessários aprendizados. Mas há uma notícia especialmente relevante. Esse caminho não está deserto. Pessoas de diferentes correntes ideológicas decidiram trilhá-lo e estão convidando outros a trilharem também. |
A única conclusão a que podemos chegar é que o fracasso subiu à cabeça da oposição! Como alguém pode festejar um fiasco completo desses, só porque muitos caciques políticos estavam presentes, sem qualquer adesão popular? No fundo, essa é a noção que essa turma tem de democracia: um convescote de poderosos, sem a participação popular. Uma democracia de gabinete, sem povo. |
Para J.R. Guzzo, o fiasco do último domingo mostra que quem comanda as massas é Bolsonaro. Para o experimente jornalista, "Aconteceu o pior: os organizadores chamaram o povo, e o povo não apareceu. O resultado é que conseguiram exatamente o contrário do que pretendiam. O inimigo, que deveria ser enfraquecido, saiu mais forte do que estava". E a comparação com a manifestação patriótica do dia 7 piora ainda mais o quadro da oposição: |
Em outra ocasião, o fracasso seria apenas um fracasso. Vindo logo depois de Bolsonaro ter enchido as ruas com as maiores manifestações desde as “Diretas Já” ou o “Fora Dilma” de 2016, foi um desastre com perda total. A culpa por isso é de um dos mais velhos e resistentes vícios da política brasileira: os donos das manifestações acham que são eles, e não os manifestantes, que têm o poder de lotar a praça. Dá nisso: se o povo não quer ir, podem ficar convocando a vida inteira que não vai acontecer nada. |
No convescote da esquerda há muita conversa de bastidor, muitos acertos pouco republicanos, bastante articulação golpista para derrubar Bolsonaro. Só não tem uma coisa: povo! |
Dia da Democracia |
Esta semana se comemorou o dia da democracia. Não é um sistema perfeito - não existe tal coisa - mas é o que temos para o jantar. Churchill fez o melhor resumo de todos: trata-se do pior sistema que existe, exceto todos os demais que foram testados. O principal valor que vejo na democracia é de caráter negativo: ele normalmente impede revoluções violentas de resultados imprevisíveis. |
O grande nome da Escola Austríaca, Ludwig von Mises, foi um defensor ferrenho da liberdade individual. Ele acreditava que o liberalismo tinha que triunfar por meio do poder das ideias, através da persuasão com base em sólidos argumentos. Somente pelas vias democráticas o liberalismo poderia vencer seus inimigos no longo prazo. |
Mises sempre soube das inúmeras imperfeições da democracia, que não é exatamente louvável por sua capacidade de boas escolhas, mas ainda assim defendeu com unhas e dentes o modelo democrático. O principal motivo era semelhante ao que Sir Karl Popper tinha em mente: a democracia é a forma mais pacífica que conhecemos para eliminar erros e trocar governantes, sem derramamento de sangue. |
Popper resumiu bem a questão quando disse que “não somos democratas porque a maioria sempre está certa, mas porque as instituições democráticas, se estão enraizadas em tradições democráticas, são de longe as menos nocivas que conhecemos”. Mises estava de acordo, e defendeu a democracia em diversos livros. Em Liberalism, por exemplo, ele escreveu: “A democracia é aquele forma de constituição política que torna possível a adaptação do governo aos anseios dos governados sem lutas violentas”. Para Mises, que depositava enorme relevância no poder das ideias, somente a democracia poderia garantir a paz no longo prazo. |
O ministro Luís Roberto Barroso gravou um vídeo em homenagem ao dia da democracia. A fala em si não é absurda. Ele diz que ela exige paciência, depende de construções lentas, com tolerância às divergências, e que já esteve ameaçada no passado pelo comunismo, pelo fascismo, pelo nazismo. E menciona que hoje está ameaçada pelo populismo. |
Até aí, tudo bem. Mas dentro do contexto, fica claro se tratar de mais uma tentativa de alfinetar o presidente Bolsonaro. E é aí que mora o problema. Barroso não foi eleito por ninguém, não disputa cargo eletivo, mas fala como um político. E ignora que a democracia está ameaçada hoje mais pelo ativismo do STF do que por qualquer arroubo populista do presidente. |
Democracia vem de "demo", palavra grega que quer dizer justamente povo. O ministro não viu de qual lado está o povo, comparando as manifestações do dia 7 de setembro com aquelas quase inexistentes da oposição no dia 12? Se viu, não liga? O povo está em peso criticando o ativismo supremo, o clima de estado policialesco instaurado pelo próprio STF. Sobre isso, nenhuma palavra, nem do ministro, nem da imprensa cúmplice desse ativismo. |
As instituições estão funcionando? |
O Brasil vive numa distopia surrealista, em que, por meio de uma manobra na Câmara, juízes, policiais e procuradores podem ficar em quarentena de cinco anos sem disputar eleição, mas ladrões corruptos podem ser candidatos com o apoio da imprensa. Tudo está invertido em nosso país: os marginais tomaram conta de vez e dobraram a aposta, ignorando o clamor popular do lado de fora da bolha. |
O Senado, sob mensalão, aprovou imediatamente Dias Toffoli, o advogado de Dirceu que fracassou em duas tentativas de ser juiz. André Mendonça tem bom trânsito no Congresso, é um nome neutro, que nem agradou muito as bases bolsonaristas, e mesmo assim está sendo boicotado. E a imprensa trata com naturalidade as chantagens de Alcolumbre e companhia. Nunca antes na história deste país... |
Os donos do poder não dão a mínima para o povo! Aliás, fazem o contrário: perseguem quem ousa criticar tanto descalabro. O corregedor do TSE, por exemplo, quer investigar "quem pagou" pelos atos patrióticos do dia 7 de setembro, cujo bordão mais repetido era "eu vim de graça". O jornalista Alexandre Garcia comentou: Tem gente que é prostituto da intelectualidade. Que pensa que os outros se vendem, ou vendem sua opinião. Inclusive acusam outros disso, porque na hora que acusam, estão confessando: “eu sou assim”. |
Soltura de Lula e, em seguida, sua elegibilidade por meio de aberrações jurídicas do Supremo; soltura de bandidos perigosos como André do RAP, do PCC; decisões bizarras para afastar policiais da eleição, pois sabem que se trata de uma base importante da direita bolsonarista; conchavos nos "bastidores" para impedir a escolha do presidente para o STF; censura aos conservadores nas redes sociais, com derrubada de MP do governo Bolsonaro que impediria tal perseguição; prisão de jornalista, deputado com imunidade parlamentar e presidente de partido bolsonaristas pelo "crime de opinião"; tudo isso e muito mais com aplausos da imprensa! |
E nossos militantes disfarçados de jornalistas ainda repetem que nossas instituições estão funcionando perfeitamente. As nossas instituições estão funcionando sim… para manter o povo de fora e preservar esquemas podres e privilégios da casta corrupta no andar de cima. Só se for isso! |
Proibido criticar Freire |
A juíza Geraldine Pinto Vital de Castro, da 27ª Vara Federal do Rio de Janeiro, determinou, por meio de liminar, que a União, e “quem a represente a qualquer título”, se abstenha de praticar qualquer ato institucional “atentatório a dignidade do Professor Paulo Freire na condição de Patrono da Educação Brasileira”. |
A decisão atende a um pedido feito pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), que alegou na ação existir “movimentos desqualificadores dos agentes do Governo Federal contra Paulo Freire, educador e filósofo brasileiro, com falas ofensivas e em contraposição ao pedagogo ser Patrono da Educação brasileira”. Cabe recurso da decisão. |
Primeiramente, o MNDH argumentou que Paulo Freire, morto em 1997 e nomeado patrono da educação brasileira por meio da Lei Federal 12.612, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 2012, tem recebido “ofensivas e injustificadas críticas do governo federal e que tais manifestações não só se opõe à figura de Paulo Freire enquanto educador e patrono da educação, como aos projetos e programações a ele vinculado”. |
Além disso, o grupo reclamou que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) alterou a plataforma criada para os professores buscarem cursos de aperfeiçoamento profissional e retirou a homenagem ao educador Paulo Freire do nome. Antes chamada "Plataforma Paulo Freire", ela passou a se chamar "Plataforma da Educação Básica". Outro argumento foi o de que integrantes do governo federal têm criticado a metodologia de Paulo Freire, associando-a ao baixo desempenho escolar dos estudantes brasileiros. |
Ficamos assim: os representantes da União possuem "liberdade de expressão", mas não de crítica. Eles precisam continuar reverenciando um comunista que bajulava os piores tiranos do planeta, alguém que levou a visão marxista de luta de classes para dentro das salas de aula, substituindo ensino por doutrinação ideológica. O Brasil não é o patinho feio no teste mundial do Pisa por acaso: é obra de décadas de esquerdismo paulofreiriano em nossas escolas! |
Pergunto ao leitor: já leu algum livro de Freire? É um exercício e tanto de paciência. Seu linguajar é enfadonho, diz algumas coisas um tanto óbvias de forma aparentemente profunda, que revela apenas uma mente confusa, e usa a “pedagogia” para, no fundo, pregar o marxismo radical. Foi seu grande “mérito”: levar Marx para dentro das salas de aula. |
Seu ponto de vista é o dos “excluídos”, diz ele, monopolizando as virtudes e os fins nobres. Somente quem endossa seu viés “progressista” quer o bem dos mais pobres. O restante, os “neoliberais”, esses querem apenas manter o status quo, preservar um sistema opressor. São pessoas ruins. E contra eles, os “oprimidos” devem se rebelar, lutar pela utopia igualitária. |
Era dada a justificativa para que professores se transformassem em militantes ideológicos, usando as salas de aula não mais para ensinar conteúdo de forma minimamente objetiva, mas para “transformar a sociedade”, para “formar novos cidadãos”, naturalmente marxistas empenhados na causa utópica, como o próprio Freire. A doutrinação ideológica ganhava ares de justiça, graças ao pedagogo marxista. |
Ou seja, de um lado temos os “progressistas” como ele, que querem salvar a humanidade das garras capitalistas e levar prosperidade aos mais pobres; do outro temos os “reacionários” e “neoliberais”, que pretendem apenas manter o quadro de exploração da miséria alheia. E esse “educador” virou o patrono da educação brasileira! |
Pistola sem munição |
Ninguém deseja, de fato, uma ruptura, uma convulsão social, uma guerra civil. O objetivo das pessoas sensatas é evitar esse cenário catastrófico e bastante incerto. Alguns bolsonaristas acreditam que já houve uma ruptura e que vivemos numa ditadura de toga, que só pode ser enquadrada pelas Forças Armadas. Representavam uma parcela da multidão nas ruas no dia 7 de setembro, repetindo “eu autorizo” ao presidente, para que tomasse uma atitude mais drástica. Ela não veio. |
A maioria achou melhor assim. Intervenção militar não é brincadeira, e muita gente espera que ainda seja possível contornar a situação evitando o pior, ou seja, usar a pressão popular para persuadir os ministros supremos da necessidade de um recuo. Houve, então, um suposto acordo que culminou na nota oficial do presidente, redigida por Michel Temer. Seria a pacificação entre os Poderes. Mas a que preço? |
Bolsonaro foi generoso ao oferecer uma saída honrosa aos adversários ou negociou da posição de fraqueza, por perceber que se excedeu na fala, xingando o ministro Moraes de canalha, e que sem a disposição de agir só lhe restava um pedido de desculpas? O que esse tal acordo tem de benefício para o povo que foi às ruas? É a pergunta que cada vez mais gente se faz, todos angustiados com a possibilidade de que Bolsonaro sacou uma pistola sem munição. |
Os presos políticos continuam presos, afinal, e o establishment segue boicotando Bolsonaro. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, devolveu sua Medida Provisória contra a censura nas redes sociais sem sequer levá-la ao plenário, enquanto seu indicado para o STF continua sem sabatina, por evidente chantagem de Alcolumbre, presidente da CCJ. Moraes pediu vistas, é verdade, do importante caso do marco temporal, que assusta o agronegócio. Mas parece muito pouco. |
Nos bastidores bolsonaristas, cresce a sensação de angústia, de que o “sistema” venceu a batalha, senão a guerra. Bolsonaro chegou a rebater um apoiador crítico, que pedia sua ajuda para um problema pessoal na justiça: “Acham que tenho superpoderes”. Claro que não tem, e o jogo é bruto. Mas fica a impressão de que Bolsonaro não jogou como um estrategista, e sim com o fígado. E depois se viu sem maiores alternativas. É complicado mesmo bater de frente com o “mecanismo” que controla o Brasil. |
Não sei qual a melhor opção disponível para quem está alarmado com o arbítrio em nosso país. Mas fecho com uma lição de Thatcher sobre liderança: “Se aprendermos as lições erradas da Guerra Fria, também arriscaremos a paz. Se passarmos a acreditar que a melhor maneira de evitar o perigo é contornando-o, ao invés de enfrentá-lo; se pensarmos que a negociação é sempre a opção do estadista; se preferirmos gestos multilaterais vazios a respostas nacionais poderosas, então pagaremos um preço alto – e nossos filhos e netos também pagarão”. |