Resumo da semana - 28/08/21
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Resumo da semana - 28/08/21

Eles são iluminados, ungidos, receberam a Luz da Razão, assim mesmo, com o erre maiúsculo. Habitam uma torre de marfim, de onde enxergam a planície lá do alto, confundindo por vezes homens com formigas. São os deuses do Olimpo da era moderna,...

Constantino
11 min
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Democracia sem povo

Eles são iluminados, ungidos, receberam a Luz da Razão, assim mesmo, com o erre maiúsculo. Habitam uma torre de marfim, de onde enxergam a planície lá do alto, confundindo por vezes homens com formigas. São os deuses do Olimpo da era moderna, nossos oráculos de Delfos, mas sem a humildade socrática: eles sabem de tudo, e por isso são os mais sábios de todos!

Por isso mesmo precisam "empurrar a história" rumo ao progresso, promovendo a "justiça social e racial". Não precisam de votos para tanto, pois não se interessam por cargos menores no Legislativo, onde se cria leis. Preferem os atalhos, as trilhas que levam direto ao Poder. Um poder supremo! E é de lá que desejam impor suas vontades, criar novas leis, prender desafetos, rasgar a Constituição ao seu bel prazer.

Nesse nobre intuito, deparam-se com obstáculos imprevistos. Um presidente meio tosco, por exemplo, um tipo um tanto falastrão que, não fosse um acidente do destino, poderia estar fazendo piadas sem graça num churrasco qualquer. Mas está lá, no comando do Executivo, das Forças Armadas, da nação. E resolveu oferecer resistência ao projeto ambicioso e "iluminado" desses deuses togados.

É a areia na engrenagem do sistema, que precisa ser expelida para que tudo volte ao normal, ou seja, aquela roubalheira inevitável para se construir um Novo Mundo. Não se faz uma omelete sem quebrar uns ovos, não é mesmo? E claro que os nobres fins justificam quaisquer meios, como sabia titio Lenin. Logo, todo esforço da patota iluminada precisa se concentrar em retirar esse obstáculo do caminho paradisíaco.

Nessa democracia iluminada, tem de tudo! Tem muita ciência, do tipo que trava perguntas incômodas para repetir verdades reveladas. Tem muita tolerância, desde que o sujeito não venha com manias direitistas. Tem enorme diversidade, com cada um podendo escolher entre os cinquenta tons de vermelho. Tem liberdade a rodo, com cada um livre para escolher como obedecer seus senhores.

A única coisa que esse incrível projeto democrático não reservou qualquer espaço foi para o povo mesmo.

Ativismo supremo

A esquerda, inclusive aquela que se diz liberal, adora passar pano para os abusos de poder do STF. Por ódio a Bolsonaro, essa turma finge não ver tantos avanços fora das quatro linhas da Constituição vindo justamente de quem deveria ser seu guardião. Afinal, o alvo principal desse arbítrio supremo é Bolsonaro, então a patota fecha os olhos ou até aplaude.

Há casos extremos em que esses esquerdistas alegam que é pura paranoia ou narrativa colocar Bolsonaro como vítima de ataques supremos. Por onde eles andaram nos últimos dois anos e meio?! Eis a questão! Será que estavam hibernando junto aos ursos polares? Para refrescar sua memória, foi feita uma “pequena" lista de decisões que exalam forte cheiro de perseguição política. Somam 123 no total. 

Muitas dessas decisões são menos relevantes, como cobrar prazo para explicações, o que virou até meme nas redes sociais. Serve para atazanar o governo, desgastar sua imagem. Outras são decisões bem mais graves, de evidente ingerência entre outros poderes, tentando governar no lugar do presidente eleito. Em outros casos, o STF parece ter agido como despachante dos partidos de esquerda, acatando tudo que é pedido.

O que salta aos olhos, além do escancarado ativismo político, é o duplo padrão. Alguém lembra do STF agindo dessa forma em outros governos? Alguém tem recordação do STF agindo com tanto rigor contra "atos antidemocráticos" vindos da esquerda?

Os ministros supremos já compararam o governo Bolsonaro ao nazismo! Eles vivem dando opinião política, como se fossem um partido de oposição.

Por fim, há a soltura de Lula por mais uma interpretação da prisão em segunda instância, em menos de uma década, além da canetada que enterrou a Lava Jato e tornou Lula elegível. Dilma já tinha preservado seus direitos políticos para se candidatar apesar do impeachment, numa manobra que rasgou a Constituição. E o mesmo STF articulou no Congresso para barrar o voto auditável.

Somando tudo isso, é preciso ser um banana para repetir que são narrativas que pintam Bolsonaro como alvo de perseguição, como vítima do Supremo. Tem que ser muito sonso mesmo, cínico, ou um perfeito idiota útil do sistema para não perceber o que está em jogo. O ativismo supremo é escancarado, e a meta é derrubar Bolsonaro. Quem odeia o presidente se finge de morto, mas está agindo como cúmplice, alimentando o monstro do arbítrio, atentando contra nossas instituições e o império das leis. E ainda repetem que é Bolsonaro quem representa uma ameaça à nossa democracia...

Garantistas e Negacionistas

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou ação apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro que questionava a constitucionalidade do inquérito das fake news e defendia a suspensão de um artigo do Regimento Interno da própria Corte que permite abrir investigações de ofício, ou seja, sem passar pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

A ação proposta por Bolsonaro — por meio da Advocacia-Geral da União (AGU) — foi apresentada em resposta ao STF após o ministro Alexandre de Moraes incluí-lo como investigado no inquérito das fake news. A ação, co-assinada pelo ministro-chefe da AGU, Bruno Bianco, argumentava que o artigo 43 do Regimento do STF viola preceitos fundamentais, como os princípios acusatório, da vedação de juízo de exceção e da segurança jurídica.

Em suas decisões, Fachin destacou que o dispositivo do Regimento Interno da Corte usado para abrir o inquérito das fake news contestado por Bolsonaro e pelo PTB foi declarado constitucional no ano passado pelo plenário do STF no julgamento de uma ação da PGR sobre a investigação.

Era o esperado, claro. O STF validou no plenário um inquérito ilegal, com "vício de origem", para usar o eufemismo midiático, e desde então pode tudo. É o próprio Supremo quem define o que é a Constituição, na prática, em vez de ser o seu guardião. O STF tem, portanto, criado leis que servem para a perseguição política. Leandro Ruschel resumiu: "o Supremo definiu que o Supremo investiga quem quiser, como quiser, especialmente críticos, e ninguém pode questionar".

Enquanto isso, o mesmo STF solta traficante perigoso, arquiva inquéritos de corrupção ou lavagem de dinheiro envolvendo caciques políticos etc. Um leitor resumiu bem a situação: são os garantistas-negacionistas. Eles garantem a impunidade para condenados por corrupção e lavagem de dinheiro, mas negam a liberdade de expressão para quem ousar criticar tais decisões!

Bolsonaro também tinha entrado com pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Nesta quarta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, rejeitou levar a plenário o pedido. No mesmo dia, o "democrata imparcial", que mantém sua página no Twitter fechada para o povo, esteve numa cerimônia da UNE, para a posse da nova diretoria da entidade dominada pela extrema esquerda lulista. Ao lado desses socialistas, Pacheco defendeu a democracia...

Está cada vez mais difícil vislumbrar uma boa saída para esse impasse em que o Brasil vive, por conta de um ativismo para lá de inadequado e perigoso promovido pelo STF. Estão todos conspirando à luz do dia para derrubar Bolsonaro, mesmo que isso signifique a volta da quadrilha petista ao poder, e ainda usam a imprensa para ridicularizar a parcela significativa do povo que está atenta a tudo, horrorizada e, pelo visto, disposta a reagir. Como acabar bem um troço desses?!

Pato manco

As cenas são chocantes desde que o Talibã tomou o controle do Afeganistão novamente, por conta de uma tremenda lambança do governo Biden na execução da retirada das tropas americanas. Os ataques terroristas desta quinta mataram 12 militares americanos, e outros 15 ficaram feridos. O clima é de enterro, e as críticas ao presidente só aumentam, enquanto sua popularidade despenca em queda livre.

Biden foge das entrevistas, tenta transmitir mensagem de confiança sem qualquer sucesso, e muitos já começam a enxerga-lo como um pato manco. Não completou sequer um ano de governo, mas sua imagem é péssima inclusive entre democratas, e até a imprensa tradicional esquerdista subiu bastante o tom das críticas. Não é para menos: trata-se da maior trapalhada em política externa desde a revolução iraniana na gestão de Jimmy Carter.

E Biden não tem nada para tentar "compensar". O novo surto de Covid atinge o país em cheio, com escalada no número de casos, sua hiperatividade em decretos presidenciais serviu apenas para enfraquecer os pilares republicanos da nação, e seu pacote econômico desenvolvimentista não funcionará. Trump ofendia as sensibilidades da elite cosmopolita "liberal", mas Biden ofende a segurança dos empregos e dos próprios americanos.

E pior para Biden: não dá mais para responsabilizar o seu antecessor pelos fracassos. É o que argumenta Phillip Klein na National Review: "Biden deve seu sucesso político inteiramente ao fato de ter Trump como contraponto. É por esse motivo que os democratas estavam dispostos a nomear um candidato presidencial idoso, instável e duas vezes derrotado. Essa é a razão pela qual ele foi eleito. E o contraste com Trump foi o motivo pelo qual ele obteve índices de aprovação geralmente positivos durante seus primeiros seis meses no cargo. Mas agora, Biden está por sua própria conta. Porque ele não pode mais usar Trump como desculpa para seus próprios fracassos.".

E eis o ponto aqui: para derrotar Trump, o conluio midiático resolveu "passar pano" para alguém como Biden. A mídia protegeu o então candidato, não fez as perguntas duras, não questionou sua aparente senilidade, vendeu o senador apagado de meio século na política como um grande gestor, tudo para se livrar de Trump. Biden foi "eleito" como o presidente mais popular da história, a julgar pela quantidade de votos (muitos por correio). Está aí o resultado. A imprensa tem culpa no cartório.

Que isso sirva de lição aos brasileiros. Em nosso país, a imprensa também quer se livrar a todo custo de Bolsonaro. Ele ofende a sensibilidade dos jornalistas, além de não soltar a verba gorda para os veículos de comunicação decadentes. Tem militante disfarçado de jornalista que trabalha até para normalizar Lula! Vale tudo, qualquer um, menos Bolsonaro. Essa patota só não liga para uma coisa: o resultado concreto de suas escolhas para o povo.

Censura lulista

O ex-presidente Lula retornou rápido ao seu natural, pois, como sabia Sêneca, ninguém pode usar uma máscara por muito tempo: o fingimento retorna rápido à sua própria natureza. O figurino de moderado durou pouco, e Lula voltou a falar em controlar a mídia, regular os meios de comunicação e até a internet. O petista faz clara ameaça, e nem velada ela é, apesar do eufemismo utilizado. Lula lamenta o serviço não terminado durante seu governo, quando tentou dominar a imprensa.

Sua essência é de escorpião, e é preciso ser um sapo muito ingênuo para ser persuadido a levá-lo nas costas para atravessar o rio. O ex-presidente até cita o caso venezuelano, para ilustrar o que acontece quando se deixa a imprensa livre: seu companheiro Chávez foi “massacrado”. Ou seja, é preciso colocar o cabresto nos jornalistas para impedir esse tipo de “ataque”. Onde já se viu expor as podridões de um governo socialista, voltado para o social?!

Quando presidente, Lula bem que tentou, com seu guerrilheiro Franklin Martins disposto a criar um Conselho Nacional de Jornalismo para filtrar quem pode ou não exercer a profissão. Isso não foi adiante, mas a blogosfera bancada com recursos públicos sim, além da tentativa de expulsar Larry Rother, o correspondente do NYT que ousou mencionar seus hábitos etílicos, ou seja, seu gosto por uma cachaça. É o DNA autoritário típico da extrema esquerda.

O curioso da fala de Lula é que boa parte dos alvos reagiu com enorme timidez. Os principais veículos de comunicação soltaram notinhas isoladas, a coisa não é recebida como o que de fato é: uma ameaça escancarada, um aviso sincero: vem censura aí. Não obstante, os jornalistas fazem cara de paisagem, mudam de assunto, voltam a atacar Bolsonaro, ele sim, uma grande ameaça ao jornalismo, segundo sua ótica turva.

Bolsonaro, chamado de nazista e genocida pela mídia, e com colunistas desejando abertamente a sua morte, no máximo dá umas respostas atravessadas quando provocado pela militância disfarçada de jornalismo. Não há comparação entre isso e a postura de Lula, mirando no exemplo venezuelano, avisando abertamente que vai controlar a imprensa e as redes sociais. Mas é em nome do bem, diz ele! E nesse aspecto é indistinguível do ministro Barroso, à exceção da forma: o iluminado do STF diz a mesma coisa, só que com fala mansa e um refinamento de alguém ungido que sabe como nos levar rumo ao progresso.

O que a esquerda, raivosa ou sofisticada, não tolera mesmo é a liberdade de expressão. Afinal, vai que indivíduos, usando esta prerrogativa, resolvam expor as incoerências desses abnegados que precisam concentrar todo o poder para realizar seu nobre projeto progressista, que o povo, esse chato ignorante, insiste em não vislumbrar como uma linda utopia redentora!