A sutil diferença
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A sutil diferença

Nas várias conversas e vivências dentro do universo da adoção, já vi alguns extremos na criação dos filhos.

Jussara Marra
2 min
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Nas várias conversas e vivências dentro do universo da adoção, já vi alguns extremos na criação dos filhos.

Já vi indulgência em excesso, devido à origem difícil e à história complicada que a criança traz consigo, ao mesmo tempo que também já presenciei a adoção levar a "culpa" por comportamentos indevidos que não guardam qualquer relação com a origem biológica.

É preciso saber separar as coisas.

Não podemos generalizar nem para um lado, nem para o outro.

Ao mesmo tempo que é impossível reduzir tudo a "filho é filho", temos que ter sensibilidade para entender que nem todo comportamento negativo veio no pacotinho da adoção. Existem filhos biológicos (aos montes!) com atitudes exatamente iguais. 

A tarefa é árdua. Muito mais complexa do que parece.

É preciso uma sensibilidade desejada e trabalhada. É preciso querer muito enxergar nas entrelinhas.

Não existe um manual. Nem uma regra geral a ser seguida. Existe construção individual.

Alguns pontos, no entanto, não mudam: crianças e adolescentes, por mais que queiram (e mereçam) carinho, também querem, precisam e merecem limites. O "não" é tão necessário quanto o colo.

O respeito à história não é sinônimo de colocá-la no centro da mesa e deixá-la exposta todos os dias. Ela, por mais dolorosa que seja, não pode ser o centro da vida daquela criança, sob pena de impedir que ela se apodere do novo status e se desenvolva.

E aí tudo isso pode parecer complicado demais. Difícil demais. Desanimador, eu diria.

É... fácil não é mesmo. E nesse ponto a paternidade/maternidade biológica e por adoção se encontram e se confundem, porque se tem uma afirmação que vale sem sombra de dúvidas para ambas é aquele bom e velho ditado segundo o qual, se materna/paternar está simples, é porque você está fazendo algo de errado.