Será que os votos nulos e brancos de 2022 não terão nenhuma utilidade política?

Possibilidades de abstenção em 2022 e como os votos nulos podem criar oportunidades para o surgimento de novos movimentos políticos.

Em 2018 20,3% da população do Brasil não compareceu as urnas; 7,4% anulou os seus votos; e 2,1% teclou a opção "em branco". Tudo isso soma 42,1 milhões de eleitores que não escolheram nenhum candidato e o que mais impressiona é como esse número chegou perto dos 57,7 milhões de votos que elegeram o atual presidente.

Agora... a real conta é que as pesquisas desse ano, quando comparadas com as de 2018, já demonstram um aumento nas abstenções, votos nulos e brancos, o que pode resultar pela primeira vez na história em um presidente eleito que não teve a maioria dos votos da sociedade.

Percebido esse cenário, bolsonaristas e lulistas já estão em todos os cantos pregando que é "nojento" votar nulo e que nós estamos em uma guerra onde vale tudo para derrotar o inimigo maior.

E a reflexão que fica é: "será mesmo que o voto nulo não tem nenhuma utilidade política?".

Para refletir hipóteses como essas é sempre legal olhar para a história. Um ano perfeito para isso é 2013: milhares de pessoas foram às ruas sem uma bandeira, só com indignação. Alguns movimentos políticos perceberam uma lacuna de ideologia nessas massas e as canalizaram para as articulações que viriam a derrubar a Dilma e 4 anos depois eleger o Bolsonaro.

O ponto aqui é que grupos da sociedade ainda não representados apontam um caminho político. E se existem entre 40 e 50% dos brasileiros que não se sentem representados por nenhum dos 9 atuais candidatos, existe espaço para novos movimentos de esquerda e direita aparecerem.

A questão é que a gente erra em achar que política é feita de quatro em quatro anos. As vezes todos esses votos nulos levantarão uma bandeira que só será preenchida por lideres daqui 8, 12 anos. E é por meio dessa análise projetista, vendo o copo meio cheio, que o centro democrático precisa seguir.

Então não meu amigo, você não é escória da humanidade, votando nulo. Você só é uma pessoa levantando a mão e dizendo –"ei! esses dois malucos não me representam". E uma maioria ainda não representada é uma das maiores oportunidades para construir novas coisas em uma democracia.