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Enquanto fundo do Softbank volta a dar lucro, ex-Softbank pula pro Valor Capital. Mais: o valuation secreto da Loft, a falência da WeWork e o investimento em startup do Elon Musk.

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Edição 67

Enquanto fundo do Softbank volta a dar lucro, ex-Softbank pula pro Valor Capital.

Mais: o valuation secreto da Loft, a falência da WeWork e o investimento em startup do Elon Musk.

Lucro de volta ao Softbank?

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Depois de perder US$ 39 bilhões (!) no último ano fiscal, o Vision Fund do Softbank voltou a dar lucro. Foi a primeira vez após cinco trimestres consecutivos que o principal fundo da gestora registrou retorno positivo no período trimestral. 

Enquanto o Sotfbank amargou prejuízo de US$ 3,2 bilhões, o Vision Fund teve lucros de US$ 1,1 bilhão.

A grande responsável pela virada é a inteligência artificial: após cinco trimestres de perdas, as avaliações de startups com IA empurraram o fundo de volta para o azul.

Depois de perder ¥ 6,9 trilhões (US$ 48 bilhões) no Vision Fund nos últimos dois anos fiscais, analistas já esperavam um lucro modesto no fundo para os três meses encerrados em junho.

A nova jóia do Softbank se chama Arm Inc., empresa de chips do conglomerado que busca surfar uma onda de valorização que atingiu a Nvidia e estrear no mercado com um IPO de US$ 30 a US$ 70 bilhões.

O empurrão na Nvidia e consequente valorização da Arm se deu por conta da demanda por chips gerada por soluções de inteligência artificial.

O valor da Nvidia Corp. ultrapassou o limite de US$ 1 trilhão este ano, enquanto o Nasdaq 100, um indicador de ações de tecnologia, registrou seu melhor desempenho de janeiro a junho deste ano.

A designer de chips pretende levantar até US$ 10 bilhões na oferta, segundo fontes.

Caso alcance o limite máximo de sua meta de captação de recursos, a Arm seria a maior estreia tecnológica já registrada, depois da Alibaba Group Holding Ltd. e da Meta Platforms Inc.

O investimento do Vision Fund na Arm é uma das oportunidades que os investidores, através do Softbank, tem de comprar participação na empresa antes de sua listagem em uma bolsa de valores.

Além da Arm, as participações públicas do fundo controverso do Softbank aumentaram cerca de US$ 1,1 bilhão no trimestre encerrado em junho. A DoorDash Inc. e a Grab Holdings Ltd. foram algumas das que mais se valorizaram, subindo 20% e 14%, respectivamente, durante o período. 

Somente em julho, o portfólio público da unidade aumentou US$ 3,9 bilhões, puxados pela DoorDash, a Grab e a Didi Global Inc., da China, em alta.

Pulou do barco cedo demais?

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Em meio às turbulências dos últimos dois anos no Softbank, Paulo Passoni, um dos sócios, deixou o fundo há um ano e meio. Agora, Passoni segue para outro rumo: a Valor Capital.

Paulo Passoni agora é sócio-diretor da Valor Capital, tradicional gestora de venture capital fundada pelo ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel.

Com 12 anos operando, a Valor Capital soma US$ 2 bilhões sob gestão e já investiu em mais de 100 startups. 21 delas já são unicórnios, como, por exemplo, Gympass, Olist e Stone.

Turbulência também foi sentida na gestora

Mas não é porque acertou tanto que a Valor Capital passou ilesa pelo momento turbulento do venture capital. No ano passado, a gestora vendeu parte do fundo II para a StepStone, em busca de gerar liquidez para uma parte do valor investido.

Na prática, US$ 320 milhões em participação foram vendidos por US$ 80 milhões. Entre as escolhidas para venda (pelo menos parcial) estavam Buser, Olist, Revelo e Gupy.

A Loft revelou o segredo

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Nem unicórnio escapa de down-round. Em meio à miopia generalizada nas avaliações de startups em 2020-2021, a Loft chegou a valer US$ 2,9 bilhões. Agora, a empresa revelou que recebeu novo investimento a um valuation de cerca de US$ 1,45 bilhão.

Esse valor não é fechado. O investimento recebido foi realizado através de dívida conversível, que será transformada em ações em uma próxima rodada de equity ou num IPO. Portanto, não há um valuation definido, dependendo da precificação do próximo evento de liquidez.

De qualquer forma a dívida conversível já estima um valuation que é a metade de dois anos atrás.

O investimento foi realizado pelo fundo árabe ADQ, o terceiro e mais novato fundo de capital soberano de Abu Dhabi - criado em 2018, tem cerca de US$ 110 bilhões em ativos.

De acordo com a Loft, o investimento complementa um aporte realizado por fundadores e acionistas da companhia, somando US$ 100 milhões. 

Mate Pencz, fundador e CEO da Loft afirma: “estamos mais fortes no caminho de atingir o breakeven até o final deste ano, confiantes de que o nosso negócio se beneficiará da expertise operacional deste grupo de investidores, enriquecido ainda mais a partir de hoje”.

O polêmico down-round

Um down round é quando uma startup levanta uma nova rodada de financiamento via venture capital e o valuation pre-money da empresa é menor que o valuation post-money da rodada anterior.

Ou seja: a startup agora vale menos do que foi avaliada na rodada anterior após o investimento. Mas isso não é o fim do mundo.

Se estivéssemos em um cenário de economia forte, um down-round poderia significar que o crescimento da startup está ficando mais lento – o que pode gerar mais desconfiança sobre a viabilidade do negócio.

No cenário econômico atual, após um período de altas vertiginosas nas avaliações de startups, ter um down-round é completamente normal. O mercado continua a se ajustar e até mesmo a percepção sobre os down rounds está mudando.

Ser honesto e não tentar esconder o down round da mídia demonstra força e honestidade por parte da startup, esse foi o caso da Loft. É melhor admitir do que ver o valuation vazado e criar desconforto com outros investidores.

Segundo relatório da Carta, quase 20% de todas as rodadas do segundo trimestre foram down rounds, a segunda maior porcentagem para um trimestre nos últimos 5 anos.

Na América Latina, segundo estudo da McKinsey, houve uma redução de 30% no valor nos portfólios de fundos de capital de risco para empresas da América Latina no ano passado e 33% das startups tiveram um down round.

Elon Musk capta US$ 280 milhões – mas não é pro (Twitter) X

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O Twitter (X, para os íntimos) não está inspirando muita confiança, mas uma outra startup de Elon Musk está fazendo sucesso.

A Neuralink, de chips cerebrais, levantou US$ 280 milhões em uma série D liderada pelo Founders Fund, do empresário Peter Thiel.

O investimento chega meses depois de ter aprovação para realizar o primeiro teste clínico em humanos.

A startup não revela o valuation atual, mas em junho a Reuters reportou que a Neuralink estava avaliada em cerca de US$ 5 bilhões. Com o novo aporte, a startup criada em 2017 acumula mais de US$ 640 milhões em investimentos.

Como habitual, as empresas de Elon Musk não conseguem ficar muito distantes das controvérsias. Para a Neuralink, a suposta pressão de Elon Musk para acelerar pesquisas teria feito a empresa causar mais mortes de animais do que o necessário. 

A estimativa é de que cerca de 1.500 animais, entre eles ovelhas, porcos, macacos e camundongos, já morreram nos laboratórios da companhia. Esperamos que com os testes em humanos os problemas tenham sido resolvidos…

Will it work?

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A WeWork avisou ao mercado: a falência pode estar próxima. Em documento encaminhado à SEC (Securities and Exchange Commission), uma espécie de CVM americana, a empresa alegou que teve prejuízo de US$ 700 milhões no primeiro semestre de 2023.

Isso depois de encarar mais de US$ 10,7 bilhões em prejuízo nos três anos anteriores.

O recado é claro: há risco de falência.

“Nossas perdas e fluxos de caixa negativos das atividades operacionais levantam dúvidas substanciais sobre nossa capacidade de continuar operando”, disse a WeWork no documento.

Caso a situação não melhore, a WeWork já deixou claro no documento que pode empregar opções como a venda de ativos, redução das atividades comerciais e, por último, ter algum "alívio sob o código de falências dos EUA". 

As ações vêm sendo negociadas abaixo de US$ 1 há meses e, na terça-feira, fecharam a cerca de US$ 0,21 – na quarta-feira, caíram mais de 30% e chegaram a ser negociadas por US$ 0,13.

A empresa de espaço de coworking chegou a ser avaliada em US$ 47 bilhões, impulsionada por um fundador – Adam Neumann – que criou uma aura de que o negócio seria a próxima grande novidade. 

A realidade é que as margens apertadas e dependência de estruturas físicas, aliadas a uma pandemia que esvaziou os escritórios, fizeram com que o negócio tropeçasse violentamente.

Em 2019 Adam Neumann renunciou sua posição de CEO e em 2021 a empresa realizou seu IPO. Desde a saída dele, a companhia não formalizou um executivo para a posição de CEO.

Será que a companhia conseguirá sobreviver e sair dessa?

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