Kate (2021) e o Cinema de Gameplay
0
0

Kate (2021) e o Cinema de Gameplay

Kate, novo filme da Netflix, tem uma "narrativa de gameplay". Conheça outras obras que fazem o mesmo.

Adam William
6 min
0
0

Na semana passada, dia 10, estrou na Netflix o filme Kate, dirigido por Cedric Nicolas-Troyan (do assombroso O Caçador e a Rainha do Gelo) e estrelado pela sempre ótima Mary Elizabeth Winstead! Apesar de ser um bom filme, Kate segue uma tendência bastante presente nos últimos anos em Hollywood: o cinema de gameplay.

Email image

Para os que são adeptos do videogame (eu mesmo gosto bastante), não é difícil identificar certa similaridade com a narrativa da obra. Evitando maiores spoilers, mas a trama segue uma assassina que é envenenada e tem algumas horas de vida para ir atrás do responsável. Sua jornada já tem uma vibe de missão de jogo e o filme ainda leva a personagem por diversos cenários de luta, com direito até a um chefão de fase. Além disso, para estender esse período de tempo, Kate usa um tipo de estimulante que lembra muito os boosts de saúde, comuns no videogame. Se quiser saber mais sobre o filme, você pode ler minha crítica aqui.

Longe (muuuuuito longe) de ser o primeiro filme a fazer isso, Kate é apenas um dos muitos filmes que pegam tendências para construir um produto divertido e fácil de vender. Não é difícil lembrar de outras obras semelhantes, seja pela ação ou por elementos mais "genéricos" da história, não à toa é comum ver pessoas que lembram de Atômica ou da trilogia John Wick quando lembram das boas cenas de ação do filme, ou desta sensação de estar assistindo a uma narrativa de um videogame. Tentando fugir dessas duas referências mais óbvias, trago aqui outros filmes que também possuem um "gameplay" na história, funcionando tão bem quanto Kate. Ou até melhor.

Bora?


Kill Bill

Email image

O conto épico de Quentin Tarantino passa longe de ser uma obra genérica, mas guarda suas similaridades com outros filmes que vieram depois dele. Beatrix Kiddo (Uma Thurman), A Noiva, já começa o vol. 1 com uma missão bastante clara para o espectador: matar Bill (é o nome do filme, né?). Aos poucos entendemos seus motivos enquanto ela arranja sua arma principal e persegue os chefões de fase, com destaque para o clímax do vol. 1 em que Bea enfrenta O-Ren (Lucy Liu). E aí temos o ápice de um gameplay na obra,  com a protagonista passando por vários cenários enfrentando vários personagens (os Crazy 88), um miniboss (Gogo Yubari) e, finalmente, a chefona da fase. E do filme.

Armas em Jogo

Email image

Um filme que deve ter passado batido por boa parte do público, Armas em Jogo (ou no original, Guns Akimbo) é protagonizado por Daniel Radcliffe, o eterno Harry Potter. Bastante alinhado com o mundo atual, o filme conta a história de Miles (Radcliffe), um troll da internet que um dia mexe com a pessoa errada. Assim, ele acaba com armas presas às suas mãos e forçado a lutar por sobrevivência em um campeonato transmitido online. Loucura tão digna que a pergunta que fica é como isso não virou um videogame ANTES de ser um filme. Seria divertido...

Free Guy: Assumindo o Controle

Email image

Há anos Hollywood tenta encontrar a fórmula para adaptar os games ao cinema, nunca encontrando um jeito de trazer a mídia em sua melhor forma. Ironicamente (ou não), é quando os cineastas se desprendem um pouco dos games em si e optam por adaptar elementos específicos que surge uma chance de fazer um trabalho realmente interessante. E o diretor Shawn Levy conseguiu isso em Free Guy: Assumindo o Controle. Ao adaptar elementos dos jogos online (incluindo os streamers, elemento importante da mídia hoje em dia), o diretor conseguiu fazer uma trama divertida e realiza uma gamificação do cinema de forma diferente das outras obras citadas, menos atuantes na história em si, e mais ao incorporar elementos específicos (que fazem sentido) dentro do jogo. Você pode ler meu texto sobre o filme aqui.

Adrenalina

Email image

Um dos primeiros filmes deste milênio que utilizou claramente um elemento dos videogames. Adrenalina da dupla Brian Taylor e Mark Neveldine traz Jason Statham no papel de um assassino profissional que é envenenado. Familiar, não? Para não morrer, o protagonista precisa manter seu batimento cardíaco alto, o que leva Statham para diversas cenas de ação com o conceito de aumentar sua adrenalina para sobreviver. E se a ideia de boost de saúde já não estava clara o suficiente, o filme ainda ganhou uma continuação chamada Adrenalina: Alta Voltagem em que o personagem precisava utilizar choques elétricos(!) para ganhar mais tempo de vida.

Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa

Email image

Narrativas gamificadas são comuns dentro do subgênero de super-heróis. Diversas obras trazem conceitos clássicos do cinema (a missão a ser completada, personagens com habilidades específicas, etc), mas os filmes baseados em quadrinhos, principalmente após 2008, tem quase como regra essa gamificação ao utilizar uma narrativa em fases, com os personagens ganhando experiência e "subindo de nível". Novas armas, trajes e golpes são desbloqueados e funcionam para gerar um sem-número de cenas de ação diferentes. Dentre tantos filmes, por que trazer para a lista justamente Aves de Rapina? Simples: um clímax encantadoramente caótico e divertido, com uma onda de inimigos (comuns de games de ação) e claro, a presença de Mary Elizabeth Winstead como a Caçadora. 

Warriors: Os Selvagens da Noite

Email image

Talvez você nunca tenha ouvido falar de Warriors. De longe o filme mais obscuro da lista, saído direto do final dos anos 70, a obra de Walter Hill infelizmente não é tão conhecida quanto deveria. E quando falamos das narrativas que funcionam como jogos, poucas trazem isso tão bem quanto esta: os Warriors são acusados de cometer um assassinato e precisam fugir de várias outras gangues até chegarem em seu bairro do outro lado da cidade. A história se passa em uma noite e além de ter um visual bem distinto, o filme tem uma trama que avança pouco a pouco por diversos locais, estabelecendo até mesmo alguns save points pelo caminho. 

Mad Max: Estrada da Fúria

Email image

POUQUÍSSIMOS filmes abraçam o caos como Mad Max: Fury Road faz! A obra de George Miller ainda hoje é um deleite visual, traz uma narrativa caótica e, claro, gamificada à sua própria maneira. Personagens indo do ponto A e voltando ao ponto B em uma fuga visualmente e musicalmente insana compõem essa narrativa que traz, possivelmente, tudo que citei nos filmes anteriores. Uma missão estabelecida desde os primeiros minutos, uma dupla de protagonistas com suas próprias jornadas de experiência (que vão galgando em sua própria "arvore de atributos") e veículos como você nunca verá em outra obra. E de quebra é um dos melhores filmes de ação dos últimos anos.


Por hoje, é só! Espero que vocês tenham curtido as indicações e se quiserem indicar algum filme com narrativas de gameplay, só mandar lá no twitter ou instagram.

Até mais!