O Argumento Cosmológico

Esse artigo é uma continuação de uma série: Uma jornada em busca da existência de Deus

A ideia básica desse argumento é que, já que há um universo em vez de nenhum, ele deve ter sido causado por algo além dele mesmo. Esse raciocínio se baseia na lei da causalidade, que diz que toda coisa finita é causada por algo além de si mesma.

Existem diferentes formas de expor o argumento cosmológico. Seguindo pela forma mais simples, podemos dividir esse argumento em duas partes: a primeira, consiste em mostrar que o universo deve ter tido uma causa para seu início; e a segunda parte, em explicar o porquê essa causa deve ser necessariamente um Deus.

Ciência vs Religião

Premissa 1: Tudo que teve um começo tem uma causa.

Premissa 2: O universo teve um começo.

Portanto: O universo teve uma causa.

Para a conclusão do argumento de que o universo teve uma causa, as duas premissas (que levam a essa conclusão), devem ser obrigatoriamente verdadeiras. Por esse motivo, vamos analisar as evidências que existem e que validam as duas premissas do argumento.

Tudo que teve um começo tem uma causa

O que valida essa premissa é a lei da causalidade, que é um dos princípios fundamentais da ciência. Francis Bacon (pai da ciência moderna) disse: “O verdadeiro conhecimento só é conhecimento pela causa.” E de fato, é isto que os cientistas fazem: tentam descobrir o que causou o quê.

Se tem algo que temos observado em relação ao universo é: as coisas não acontecem sem uma causa. Até mesmo o grande cético David Hume, escreveu: “Nunca fiz tão absurda proposição de que alguma coisa possa surgir sem uma causa”.

O universo teve um começo

Neste ponto, entendemos a lei da causalidade e podemos concluir que, tudo o que passou a existir, teve uma causa para tal. Porém, como podemos saber se o universo passou a existir? Não poderia ser o universo infinito e não causado?

Para responder essa pergunta, devemos olhar para o que temos de evidências até o momento:O universo está ficando sem energia utilizável, ou seja, o universo possui uma quantidade finita de energia. Se o universo possui uma quantidade finita de energia, como poderia ele ser infinito? Se ele fosse infinito, já não teria esgotado essa energia?

O universo está em expansão. A partir das evidências científicas, sabemos que o universo está se expandindo a partir de um único ponto, o que nos leva novamente para um início.

O Big Bang, que além de nos remeter à ideia de um início, também nos aponta a idade do universo (que é de aproximadamente 13,8 bilhões de anos).

A teoria da relatividade de Einstein, que exige um início absoluto para tempo, espaço e matéria.

O Universo teve uma causa

Agora, que temos boas razões e evidências suficientes para sustentar as duas premissas do argumento, podemos concluir que existem razões suficientes para acreditar que o universo deve ter uma causa.

A causa do universo nos leva a Deus?

Tudo bem, o universo pode ter tido uma causa inicial, mas porque isso é importante? O fato de o universo ter uma causa, não significa necessariamente que essa causa seja Deus, certo?!

O que sabemos até agora, é que o universo tem uma causa. Além disso, o princípio da causalidade diz que nenhuma causa depende do seu efeito. Logo, a causa do universo não pode depender do próprio universo.

Com isso, sabemos que a causa do universo necessariamente deve ter os seguintes atributos:

1 — Imaterial. Já que a causa do universo deu origem a matéria, logo, ela tem que anteceder a matéria.

2 — Atemporal. Essa mesma causa, também deu origem ao tempo, portanto, ela não pode estar atrelada ao tempo.

3 — Eterna. É impossível um regresso de causas infinitas. Assim, a causa do universo deve ter existido necessariamente por toda a eternidade passada.

4 — Poderosa. Essa causa sempre existiu e somente algo muito poderoso poderia dar origem a algo como o universo.

5 — Pessoal. Existem duas razões para acreditar que essa causa deve ser pessoal:

1. O universo não se faria sozinho, a menos que essa “força” decidisse dar origem a ele. Dessa forma, essa causa decidiu dar origem ao universo.
2. Só existem duas coisas na realidade que são imateriais e atemporais: consciência e símbolos. Símbolos não causam nada! Portanto, a causa deve ser uma consciência.

Qual Deus?

Esses atributos, necessários para essa causa, descrevem aquilo que chamamos de Deus.

Porém, ainda não nos diz nada sobre qual seria esse Deus. Se ele já se manifestou de alguma maneira ou se existe alguma religião que o descreve com esses mesmos atributos. Isso pretendo abordar mais pra frente.

A ideia aqui é mostrar de forma simples e resumida uma das formas de expor o argumento cosmológico. Nas próximas partes, irei falar um pouquinho sobre os demais argumentos: teleológico, ontológico, moral e histórico.