Rebeca Andrade; da periferia de Guarulhos-SP para o mundo
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Rebeca Andrade; da periferia de Guarulhos-SP para o mundo

Redação
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Por Riva / 05 de novembro de 2022 / sábado / 20h30

Hoje é o dia da favela e, apesar das enormes dificuldades e preconceitos que os moradores das favelas enfrentam, muitas pessoas que residem nessas localidades se destacaram e se destacam em todos os seguimentos do mercado. Entre elas está Rebeca Andrade que, nesta quinta-feira, 03 de novembro, conquistou o Campeonato Mundial do Individual Geral - título mais nobre da ginástica artística. Na história da competição, somente duas atletas pretas - a americana Simone Biles e a brasileira Rebeca Andrade - conquistaram o título tornando-se a número 1 de um Mundial.

O orgulho de representar as mulheres pretas e nascidas na periferia no topo do pódio embalada pelo Baile de Favela não é apenas de Rebeca Andrade. É o orgulho de todos os brasileiros que, independente da classe social, tem a dimensão das enormes dificuldades que um morador da periferia tem que enfrentar diariamente.

As dificuldades de ser atleta na periferia / ou favela não é maior ou menor do quê a de outros moradores. A falta de possibilidades e oportunidades, a cor da pele e, principalmente, a discriminação por parte da sociedade, são algumas dessas dificuldades. Mas a maioria dos moradores da periferia / ou favela são unidos porque conhecem o tamanho dos desafios e se ajudam uns aos outros. Quando Rebeca Andrade morava junto com a mãe (Dona Rosa) teve a ajuda dos vizinhos que emprestavam dinheiro para condução / transporte e, muitas vezes, precisou ficar na casa de outras pessoas para conseguir treinar.

Muitas vezes, Dona Rosa não conseguia garantir que Rebeca Andrade fosse ao treino. Diante da situação, a técnica Keli Kitaura fez a proposta para ficar com a menina Rebeca Andrade em sua residência nos finais de semana. Era um jeito de garantir que o enorme potencial da atleta não fosse desperdiçado. Aos nove anos, Rebeca Andrade recebeu outro convite da treinadora Keli Kitaura: deixar a família em Guarulhos-SP para ir morar em Curitiba. Curitiba é um importante centro da Ginástica Artística Brasileira.

Depois de um período residindo em Curitiba, Rebeca Andrade e a técnica Keli Kitaura foram contratadas pelo Flamengo e foram morar no Rio de Janeiro. Apesar de muitas lesões - em determinados momentos pensou em desistir - Rebeca Andrade teve um enorme incentivo de Dona Rosa e de Keli Kitaura para não desistir e continuar lutando. Os incentivos e a persistência deram resultados positivos e aquela menina talentosa da periferia hoje é a número 1 do mundo.

Rebeca Andrade é apenas um exemplo de luta e resistência da população menos favorecida economicamente. População que, apesar de ter conquistado muitas vitórias nos últimos vinte anos, precisa de políticas públicas eficientes e valorização.