Existe uma forma muito simples, porém não convencional de visualizar empiricamente o ornitorrinco urbano. Pela ótica acadêmica e científica será necessário uma série de metodologias de pesquisa para mensurar o grau de desenvolvimento de um da...
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Existe uma forma muito simples, porém não convencional de visualizar empiricamente o ornitorrinco urbano . Pela ótica acadêmica e científica será necessário uma série de metodologias de pesquisa para mensurar o grau de desenvolvimento ou subdesenvolvimento de um dado local. Porém esse texto pretende mostrar que não é tão complicado como parece. | ||
A forma morfológica desse bicho estranho tomado como metáfora por mim e por Chico de Oliveira , denota algo de difícil definição, o que é um ornitorrinco? Sim, ele não é um pato, e nem um mamona, uma mistura entre um mamífero e um anfíbio. O urbano aqui, também está inserido neste evolucionismo cognitivo, pois o que é urbano? O urbano de maneira bastante genérica, é um tipo de desenvolvimento que se intensifica e se amplia se no espaço e nos lugares, sem ciências das associações sociais e ambientais. | ||
É mais simples do que parece, entendre como o ornitorrinco urbano pode ser visualizado na definição dos lugares. No Brasil temos um terreno bastante fértil para identificar ornitorrincos no campo e nas cidades. O nível de desigualdade brasileira , incentiva uma série de desvios que não apenas os sociais, mas também na organização do espaço, atrelado a ideia de segregação e gentrificação dos lugares. | ||
E destes desvios que identificam regiões e territórios que não podem ser classificados como avançados (moderno) ou atrasados (antigo). Temos como exemplo duas figuras, muito emblemáticas muito conhecida pela galera da Arquitetura e Urbanismo. Na primeira figura (figura 1), encontra-se o município de Paraisópolis, em São Paulo, e na figura seguinte (figura 2) está representada a favela da Rocinha e ao fundo do bairro de São Conrado no Rio de Janeiro. Ambas imagens simbolizam ornitorrincos urbanos, por não possuir uma classificação precisa. | ||
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Nestes recortes de cidades podemos ensaiar uma breve crítica sobre a definição do lugar: onde existe uma perversa combinação de distâncias físicas e sociais, oriundas produção da capitalista do espaço, que se acumulam como forma de desigualdades sociais de acesso aos recursos das cidades, recursos estes construídos pela mão-de-obra dos agora excluídos. Decisivamente vivemos em uma sociedade aprofundada pela distinção territorial de idas e vindas, reproduzidas pelas escalas urbanas desiguais e combinadas. Fenômeno que faz emergir conflitos intrasetoriais na agenda de lutas pelo direito à cidade, uma vez que a cidade (ou o campo) é decisiva para tornar concreta uma espécie de fusão darwiniana do animal fantástico a que propomos. | ||
Para além das idiossincrasias que interagem com as peculiaridades dos lugares que denotam a ideia do ornitorrinco urbano, as disputas urbanas pelo espaço se mencionado na cidade, e principalmente no campo. As ruralidades de hoje não são de maneira alguma, as rusticidades de anos atrás. Seu status quo foi alterado por uma lógica capitalista que vê no espaço uma forma de maximizar seu lucro. A lógica é expandir-se para além da cidade para mitigar o tempo de circulação de produtos. Por isso a ideia do ornitorrinco está vinculada a ideia do desenvolvimento desigual e combinado, da produção capitalista do espaço e do direito à cidade. |