Introdução Políticas Ambientais
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Introdução Políticas Ambientais

Elas geralmente culpam pessoas que não conseguem enxergar e lutar pelo mundo defendido por elase. Olha só esse exemplo, é um trecho de discurso da Greta Thunberg

Felipe Maia
6 min
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Os problemas sociais, ambientais e econômicos decorrentes de uma má gestão do meio ambiente são bastante famosos. Tenho certeza de que todos já tomaram conhecimento dos mais tradicionais (!?) por algum veículo de comunicação. Poluição do ar, da água, da terra, aquecimento global, lixo, desmatamento, crise hídrica, etc, etc, etc. Quem nunca ouviu, né?

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Tenho algumas lembranças de quando eu estava no ensino médio. Era alguma coisa perto de 2009 ou 2012 (na verdade eu acho que a partir de 2009, até hoje). A palavra  do ano era "sustentabilidade". Alguém se lembra disso? Olha só esse gráfico do Google Trends. A pesquisa para o termo cresceu expressivamente em 2009 e chegou no pico em 2012, no ano da Rio+20. Acho que a partir daí, o tema passou a fazer parte do nosso cotidiano.

Pesquisas no Google para o termo "sustentabilidade" de 2004 ao presente
Pesquisas no Google para o termo "sustentabilidade" de 2004 ao presente

Apesar de ser bastante clichê falar de meio ambiente, é extremamente necessário pois ainda não temos soluções. Na verdade, ainda nem chegamos ao ponto de ter claras as causas da nossa situação dramática - principalmente hoje, com tamanha bipolaridade política, as causas de temas delicados às sociedades se confundem ainda mais e os debates parecem cada vez mais irrelevante. Mas vamos tentar jogar uma luz diferente:

Existe uma narrativa que diz que a causa dos problemas somos nós mesmos, nosso dia a dia, o modo que produzimos, consumimos e descartamos as coisas. E eu concordo com essa narrativa, afinal se não existíssemos, não teríamos problemas, não é mesmo? Mas nós, inescapavelmente, existimos. Diante disso, o que podemos fazer?

Há quem proponha soluções ambientais baseadas numa mudança drástica de cultura, comportamentos e meios de produção, atacando sempre a consciência das pessoas (o que não é exatamente difícil quando se trata de um tema sensível).

*obs: se a causa dos problemas é o que nós fazemos como sociedade, é claro que a solução exige uma mudança do nosso comportamento. Não acho que é desnecessário falar de mudanças, inclusive de consciência.*

Essas propostas são difundidas de diferentes maneiras, para defender pautas diversas. Elas geralmente culpam pessoas que não conseguem enxergar e lutar pelo mundo defendido por elas. Olha só esse exemplo, é um trecho de discurso da Greta Thunberg, durante a Cúpula do Clima da ONU, em 2019.

Nós estamos no começo de uma extinção em massa e tudo o que vocês fazem é falar de dinheiro e contos de fadas sobre um crescimento econômico eterno. Como se atrevem?

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Tem esse outro exemplo também, bem recente e de uma instituição brasileira. Eu destaco aqui a voz de criança (sei que é difícil, mas tente ignorar que é uma criancinha linda para conseguir avaliar o efeito que o texto do vídeo causa em você) e o foco na mudança de comportamento meu, e seu, e de cada um de nós. Precisamos fazer isso, precisamos fazer aquilo. É claro que precisamos mudar, mas o que e como não está exatamente claro.

Essa estratégia de transformação da sociedade é bastante perversa, no meu ponto de vista. Primeiro porque ela supõe que existe um mundo ideal, ou se não quiser ser tão extremo, quase ideal. Supõe que existe capacidade tecnológica para, por exemplo, gerar energia limpa para todos. Supõe que é bastante fácil ter um sistema de mobilidade carbono zero, emitindo apenas vapores de água para a atmosfera - através do suor, de preferência. Supõe, talvez, que gerar alimento para a dieta de 7 bilhões de pessoas sem desperdício é o mínimo que se espera. E o pior de tudo, parte da premissa de que existem pessoas boas lutando por um mundo justo e pessoas más ou ignorantes, destruindo o mundo todinho.

Este último ponto gera consequências muito fortes, em termos de sociedade. Ela alimenta um sentimento de culpa (e disso decorre que precisamos do acusador, do culpado e do juiz) , que pode ser vista em todos os níveis de discussão ambiental. Desde a ONU, como no discurso da Greta, até na conversa com seu vizinho ao passar por um lugar sujo: "esse povo num tem jeito mesmo, é porco demais, né!?"

É evidente que a educação das pessoas conta, e muito. Sem dúvidas é um dos muitos fatores que precisa ser trabalhada constantemente, mas eu não acredito que o nível de consciência ambiental das pessoas seja tão ruim quanto parece. Se você fizer uma pesquisa rápida, com seus conhecidos mesmo, provavelmente vai perceber que a maioria deles tem consciência das problemáticas que permeiam o assunto. É provável também, que muitos, assim como você, também saiba como separar um lixo, ou conheça sobre a regra dos 3R's (ou 5R's; quem sabe até dos 7R's!) sobre repensar, reduzir, reaproveitar, reciclar...

Bem, como eu disse em textos anteriores, eu tive algumas experiências na prática onde pude testar, mesmo sem querer, se as pessoas tinham essa tal de consciência ambiental. No início eu achava que seria péssimo, que ninguém estaria ligando para nada. No final, parecia que estava no início... não, não, não, brincadeira. Foi exatamente o oposto. As pessoas no geral sabem o que "precisa ser feito". Sabem que óleo de cozinha contamina a água e tem que ser separado, sabem que existem cooperativas de catadores, sabem bastante coisas. Elas apoiam, até com maior vigor, iniciativas com características ambientais e sociais. Acham "bonitinho"; e desejam toda sorte do mundo.

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Eu realmente não acredito que o ponto chave para uma transformação real seja a consciência. Na verdade eu não acredito em ponto chave. Mas eu acho que existem mudanças que precisam ser feitas que permitem que várias outras aconteçam, são algo como as "regras do jogo", sabe? Mudanças nessa estrutura eu vejo como essenciais, e é aqui meu ponto de partida para refletir sobre causas e soluções.


Um pilar dessa estrutura me chama muito a atenção por dois motivos:

  1. Todos concordam que ela influencia e muito, afinal tudo (regulação, execução, normatização, deliberação) passa por ela;
  2. Pouca gente vai a fundo no assunto.

Já sabe o que é, né? Acertou quem falou política. A política é uma dessas estruturas que tem o potencial de desencadear ou travar mudanças. No nosso caso, acho que além de travar, ela atrapalha bastante. Vou te contar o porque no próximo texto.

ps.: tá quase pronto já, não vai demorar.

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