Oi, tudo bem? O que eu faço com a sua mala?
Oi, tudo bem? O que eu faço com a sua mala? | ||
Li há um tempo atrás que já afastamentos sem um adeus oficial são os mais desgastantes. Nunca houve um tchau, então a despedida fica entalada na garganta junto com todas as outras coisas pesando nas costas como um fardo e as mágoas no coração. | ||
Falamos sobre tantas coisas, nos conhecemos por tanto tempo. Quem é você agora? Como está? Foi embora sem se despedir direito. | ||
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Somos feitos de despedidas. Despedidas meia boca, pares de meia. Nécessaire necessária. Despedidas necessárias. Lavar a roupa suja esquecida. Esquecer de lavar antes de se despedir. Lembrancinhas pra grudar na geladeira. Não lembrar de ir. | ||
Esvaziei tudo que tinha dentro, livrando peso das minhas costas, as mágoas do meu coração, liberando as minhas mãos pra novas bagagens e me despedindo de tudo que você me deixou segurando e esperando; um adeus. Sua mala tá dentro de uma caixa no armário de bagunças. | ||
Ei, tudo bem? | ||
Ana Gabriela Pacheco |