I N T R O D U Ç ÃO.
I N T R O D U Ç ÃO. |
Venham até a borda. |
Podemos cair. Venham até a borda. É muito alto! VENHAM ATÉ A BORDA! E eles foram. Então ele empurrou, e |
eles voaram. |
om essas palavras, descortinamos um belo exemplo do poder que nos aguarda quando |
temos a coragem de transpor os limites do que sempre julgamos verdadeiro em nossa |
vida. Nesse breve diálogo do poeta contemporâneo Christopher Logue, um grupo de |
iniciados enfrenta uma experiência bem diferente da que esperava. |
1 Em vez de simplesmente ficarem na |
borda do abismo, são estimulados pelo mestre a ir além do abismo, de maneira tal que acabam surpresos e |
fortalecidos. É nesse território inexplorado que eles se experimentam de um modo diferente — e ao se |
descobrirem, encontram um novo tipo de liberdade. |
Ler as páginas que se seguem é como se aproximar da borda do abismo. Elas descrevem a existência de |
um campo de energia — a Matriz Divina — que propicia o recipiente, a ponte e o espelho para tudo o que |
acontece entre o nosso mundo interior e o mundo externo ao nosso corpo. O fato de esse campo de energia |
existir dentro e em torno de todas as coisas, desde as menores partículas atômicas do quantum até as |
galáxias distantes, cuja luz só agora chega aos nossos olhos, muda nossa crença com relação ao papel que |
desempenhamos na criação. |
Para alguns leitores, o que se segue será um jeito novo e muito diferente de compreender como o |
mundo funciona. Para outros, será uma síntese reconfortante do que já sabem, ou pelo menos suspeitam, |
ser verdadeiro. Para todos, entretanto, a existência de uma rede de energia fundamental interligando o |
nosso corpo, o mundo e tudo no universo, abre uma porta de ampla e misteriosa possibilidade. |
Tal possibilidade sugere que podemos ser mais do que simples observadores vivendo um breve |
momento de uma criação preexistente. Quando olhamos a "vida" — nossa abundância material e espiritual, |
relacionamentos e carreira, nossos seres mais queridos e nossas maiores conquistas, ao lado de nossos |
medos e da escassez de todas essas coisas —, podemos estar contemplando também o reflexo de nossas |
crenças mais verdadeiras — e às vezes mais inconscientes. Essas crenças nos cercam porque foram |
manifestadas pela misteriosa essência da Matriz Divina e, por esse motivo, a própria consciência deve |
desempenhar um papel-chave na existência do universo. |
SOMOS OS ARTISTAS E TAMBÉM A ARTE |
Por mais forçada que essa ideia possa parecer a muitas pessoas, trata-se do ponto crucial de uma das |
maiores controvérsias debatidas pelas mentes mais brilhantes da história recente. As notas autobiográficas |
de Albert Einstein, por exemplo, nos contam que ele era um dos que acreditavam que somos observadores |
essencialmente passivos vivendo em um universo preexistente, sobre o qual exercemos uma influência |
muito pequena: "Lá fora encontra-se esse imenso universo", ele dizia, "que existe independentemente dos |
seres humanos e nos confronta como grande e eterna charada parcialmente acessível, pelo menos, às nossas |
inspeções e pensamentos."2 |
Contrastando com a perspectiva de Einstein, que ainda é sustentada por muitos cientistas hoje, John |
Wheeler, um físico de Princeton e colega de Einstein, oferece uma explicação radicalmente diferente de |
nosso papel na criação. Wheeler anuncia em termos enfáticos, claros e vividos, que "Há muito tempo |
acreditamos que lã fora [ênfase do autor] existe um universo e que aqui se encontra o homem, o observador, |
protegido com segurança contra o universo por uma placa de quinze centímetros de vidro laminado". Ao |
observar os experimentos do século XX que nos mostravam como o ato de simplesmente olhar alguma |
coisa mudava essa coisa, Wheeler pondera: "Agora aprendemos com o mundo quântico que, até para |
observar um objeto tão minúsculo como um elétron, precisamos estilhaçar essa placa de vidro: temos que ir |
ao âmago. [...] Nosso antigo termo observador deve ser simplesmente abolido dos livros; deveremos |
substituí-lo por participante, uma nova palavra."3 |
Que mudança! Wheeler faz uma interpretação radicalmente diferente da usual sobre como nos |
relacionamos com o mundo, afirmando que não conseguimos ficar apenas contemplando o universo |
acontecer. Os experimentos da física quântica realmente nos revelam que as propriedades de um elétron |
mudam enquanto ele está sob observação, basta que focalizemos nossa atenção sobre ele, ainda que por um |
breve instante. Os experimentos sugerem que o simples ato de observar é um ato de criar, e que a |
consciência executa uma criação. Aparentemente esses resultados apoiam a proposição de Wheeler de que |
não podemos mais nos julgar simples observadores, sem qualquer efeito sobre o mundo que observamos. |