A MATRIZ DIVINA
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A MATRIZ DIVINA

I N T R O D U Ç ÃO.

anderson
4 min
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I N T R O D U Ç ÃO.

Venham até a borda.

Podemos cair. Venham até a borda. É muito alto! VENHAM ATÉ A BORDA! E eles foram. Então ele empurrou, e

eles voaram.

om essas palavras, descortinamos um belo exemplo do poder que nos aguarda quando

temos a coragem de transpor os limites do que sempre julgamos verdadeiro em nossa

vida. Nesse breve diálogo do poeta contemporâneo Christopher Logue, um grupo de

iniciados enfrenta uma experiência bem diferente da que esperava.

1 Em vez de simplesmente ficarem na

borda do abismo, são estimulados pelo mestre a ir além do abismo, de maneira tal que acabam surpresos e

fortalecidos. É nesse território inexplorado que eles se experimentam de um modo diferente — e ao se

descobrirem, encontram um novo tipo de liberdade.

Ler as páginas que se seguem é como se aproximar da borda do abismo. Elas descrevem a existência de

um campo de energia — a Matriz Divina — que propicia o recipiente, a ponte e o espelho para tudo o que

acontece entre o nosso mundo interior e o mundo externo ao nosso corpo. O fato de esse campo de energia

existir dentro e em torno de todas as coisas, desde as menores partículas atômicas do quantum até as

galáxias distantes, cuja luz só agora chega aos nossos olhos, muda nossa crença com relação ao papel que

desempenhamos na criação.

Para alguns leitores, o que se segue será um jeito novo e muito diferente de compreender como o

mundo funciona. Para outros, será uma síntese reconfortante do que já sabem, ou pelo menos suspeitam,

ser verdadeiro. Para todos, entretanto, a existência de uma rede de energia fundamental interligando o

nosso corpo, o mundo e tudo no universo, abre uma porta de ampla e misteriosa possibilidade.

Tal possibilidade sugere que podemos ser mais do que simples observadores vivendo um breve

momento de uma criação preexistente. Quando olhamos a "vida" — nossa abundância material e espiritual,

relacionamentos e carreira, nossos seres mais queridos e nossas maiores conquistas, ao lado de nossos

medos e da escassez de todas essas coisas —, podemos estar contemplando também o reflexo de nossas

crenças mais verdadeiras — e às vezes mais inconscientes. Essas crenças nos cercam porque foram

manifestadas pela misteriosa essência da Matriz Divina e, por esse motivo, a própria consciência deve

desempenhar um papel-chave na existência do universo.

SOMOS OS ARTISTAS E TAMBÉM A ARTE

Por mais forçada que essa ideia possa parecer a muitas pessoas, trata-se do ponto crucial de uma das

maiores controvérsias debatidas pelas mentes mais brilhantes da história recente. As notas autobiográficas

de Albert Einstein, por exemplo, nos contam que ele era um dos que acreditavam que somos observadores

essencialmente passivos vivendo em um universo preexistente, sobre o qual exercemos uma influência

muito pequena: "Lá fora encontra-se esse imenso universo", ele dizia, "que existe independentemente dos

seres humanos e nos confronta como grande e eterna charada parcialmente acessível, pelo menos, às nossas

inspeções e pensamentos."2

Contrastando com a perspectiva de Einstein, que ainda é sustentada por muitos cientistas hoje, John

Wheeler, um físico de Princeton e colega de Einstein, oferece uma explicação radicalmente diferente de

nosso papel na criação. Wheeler anuncia em termos enfáticos, claros e vividos, que "Há muito tempo

acreditamos que lã fora [ênfase do autor] existe um universo e que aqui se encontra o homem, o observador,

protegido com segurança contra o universo por uma placa de quinze centímetros de vidro laminado". Ao

observar os experimentos do século XX que nos mostravam como o ato de simplesmente olhar alguma

coisa mudava essa coisa, Wheeler pondera: "Agora aprendemos com o mundo quântico que, até para

observar um objeto tão minúsculo como um elétron, precisamos estilhaçar essa placa de vidro: temos que ir

ao âmago. [...] Nosso antigo termo observador deve ser simplesmente abolido dos livros; deveremos

substituí-lo por participante, uma nova palavra."3

Que mudança! Wheeler faz uma interpretação radicalmente diferente da usual sobre como nos

relacionamos com o mundo, afirmando que não conseguimos ficar apenas contemplando o universo

acontecer. Os experimentos da física quântica realmente nos revelam que as propriedades de um elétron

mudam enquanto ele está sob observação, basta que focalizemos nossa atenção sobre ele, ainda que por um

breve instante. Os experimentos sugerem que o simples ato de observar é um ato de criar, e que a

consciência executa uma criação. Aparentemente esses resultados apoiam a proposição de Wheeler de que

não podemos mais nos julgar simples observadores, sem qualquer efeito sobre o mundo que observamos.