C A P I T U L O C I N C O
capitulo cinco |
QUANDO O AQUI É LÁ E O DEPOIS É AGORA: O SALTO ESPACIAL E TEMPORAL NA |
MATRIZ. |
tempo é muito lento para os que esperam, /muito rápido para aqueles que Vy temem, /muito longo |
para os que sofrem, /muito curto para os que estão alegres, /mas para aqueles que amam, /o tempo não |
existe." Com essas palavras, o poeta Henry Van Dyke nos lembra como nossa relação com o tempo é |
irônica. |
Talvez o tempo seja a mais ilusória de todas as experiências humanas. Não podemos capturá-lo nem |
fotografá-lo. Contrariamente à ideia que o horário de verão parece sugerir, é impossível levá-lo em |
consideração em um determinado lugar só para usá-lo mais tarde em outro. Quando tentamos descrever o |
significado do tempo em nossa vida, percebemos que usamos palavras que o medem em um sentido |
relativo. Dizemos que alguma coisa aconteceu naquela época no passado, que está acontecendo agora no |
presente, ou que acontecerá em algum momento no futuro. A única maneira de descrevermos o tempo é pelas coisas que acontecem no tempo. |
Por mais misterioso que seja o tempo, ele tem sido o foco da atenção humana há milênios. Durante |
séculos incontáveis trabalhamos para divisar e aperfeiçoar sistemas e para marcar o tempo em ciclos, e |
ciclos dentro de ciclos, por razões muito boas. Por exemplo, para saber quando plantar culturas que |
sustentarão uma civilização inteira, é importante ter conhecimento de quantos dias, ciclos lunares e eclipses |
já passaram desde o último plantio. Os sistemas antigos de manutenção do tempo mantêm um registro |
preciso disso. O calendário maia, por exemplo, calcula os ciclos do tempo que começaram em 3.113 a.C. (há |
mais de 5.000 anos), enquanto o sistema hindu de yugas acompanha o progresso dos ciclos de criação que |
começaram há mais de quatro milhões de anos! |
Até o século XX, o tempo no mundo ocidental era geralmente visto em termos poéticos, como se fosse |
um artefato da experiência humana. O filósofo Jean-Paul Sartre descreveu a relação temporal como "um |
tipo especial de separação: uma divisão que torna a unir". Entretanto, essa visão poética mudou em 1905, |
quando Einstein fez colocações relativas à sua teoria da relatividade. Antes da relatividade, acreditava-se |
que o tempo fosse sua própria experiência, distinta das três dimensões de altura, comprimento e largura, |
que definem o espaço. Na sua teoria, entretanto, Einstein propôs que o espaço e o tempo estariam |
intimamente entrelaçados e não poderiam ser separados. O espaço e o tempo reunidos, dizia ele, dominam |
além das três dimensões que conhecemos tão bem: é a quarta dimensão. Repentinamente, o tempo se |
tornou mais do que um conceito casual ... tornou-se algo poderoso e influente. |
Usando palavras que trouxeram um novo significado à nossa percepção de tempo, Einstein descreve a |
natureza misteriosa dessa força simplesmente afirmando o óbvio: "A distinção entre o passado, o presente |
e o futuro não passa de uma obstinada e persistente ilusão" |
1 |
. Ao fazer essa afirmativa tão incisiva, Einstein |
mudou para sempre a maneira de nos relacionarmos com o tempo. Considere as suas implicações ... se o |
passado e o futuro estão presentes neste exato momento, será que podemos nos comunicar com eles? Será |
que podemos viajar no tempo? |
Mesmo antes da categórica afirmativa de Einstein, as possibilidades propostas por essas questões vêm |
intrigando cientistas, místicos e escritores. Desde os templos ocultos no Egito que se dedicavam às |
experiências com o tempo, passando pelas emoções das aventuras narradas por H. G. Wells no clássico de |
1895, seu famoso romance A Máquina do Tempo, a perspectiva de alguém ser capaz de pegar uma carona no |
fluxo do tempo vem capturando nossa imaginação e preenchendo nossos sonhos. Nosso fascínio por esse |
assunto é mais antigo do que nossa existência e nossas perguntas sobre esse tema não parecem ter fim. |
O tempo é real? Ele existe sem nossa presença? Existe alguma coisa sobre a consciência que dá |
significado ao tempo? Se existe, será que temos o poder ou o direito de interromper o fluxo para a frente o |
tempo necessário para que vislumbremos o futuro ... ou, talvez, para nos comunicarmos com as pessoas no |
passado? Será que poderíamos entrar em contato com outros domínios, e até mesmo com outros mundos, |
para compartilharmos o presente? |
À luz das explicações tais como as oferecidas na próxima seção, a fronteira entre o "aqui" e o "lá" tornase menos nítida, convidando-nos a reconsiderar o que realmente o tempo significa em nossa vida. |
UMA MENSAGEM ALÉM DO TEMPO |
As autoras Yitta Halberstam e Judith Leventhal, em seu influente livro Small Miracles: Extraordinary |
Coincidences from Everyday Life, compartilham uma impressionante história do poder do perdão2 |
. Por mais |
que eu tenha me empenhado em captar a essência dessa surpreendente explicação, encorajo o leitor a |
conhecer por si mesmo o texto original e completo. O que faz essa história tão interessante e a razão de |
oferecê-la aqui é que, no caso narrado, o perdão é tão poderoso que transcende o tempo. |
A notícia de que seu pai tinha morrido foi um choque para Joey. Eles não se falavam desde que ele completara 19 |
anos, quando contestara as crenças judias tradicionais de sua família. Para o pai de Joey, nenhuma desgraça poderia |
ser maior do que pôr em dúvida tal filosofia, consagrada pelo tempo. Ameaçou o filho com o rompimento de relações, a |
menos que ele aceitasse suas raízes e abrisse mão de seus questionamentos. Como Joey achou que não poderia atender |
às expectativas do pai, resolveu sair de casa e explorar o mundo. Ele e seu pai nunca mais tornaram a se falar. |
Um dia, um amigo de Joey o encontrou em um acanhado café na índia e deu-lhe a notícia do falecimento do pai. |
Foi quando Joey soube que seu pai tinha morrido. Ele decidiu então voltar imediatamente para casa e começar a |
explorar sua herança judia. Tendo ficado profundamente comovido pelas percepções que teve ao investigar o passado |
do pai e o seu, resolveu planejar uma peregrinação pessoal à terra que abrigava as raízes de sua família e onde as |
tradições tinham nascido: ele se pôs então a caminho de Israel. |
É nesse ponto que a história toma um rumo profundo, místico e revelador do poder da Divina Matriz. |
Joey foi parar no Muro das Lamentações de Jerusalém, parte do que restou de um antigo templo depois de sua |
destruição, ocorrida há cerca de 2.000 anos. É no Muro das Lamentações que os judeus ortodoxos fazem suas |
adorações diárias, repetindo as palavras das mesmas orações, há séculos pronunciadas. |
Ele tinha escrito uma nota para o pai onde declarava o quanto o amava e pedia perdão pela dor que havia causado |
à família. Seguindo o costume, seu plano era deixar a nota em uma das muitas fendas e reentrâncias que se formaram |
quando a argamassa original se desprendeu das pedras. Quando foey encontrou o lugar certo para deixar sua nota, |
algo extraordinário aconteceu — algo inexplicável racionalmente pela ciência ocidental tradicional. |
Quando ele enfiou a nota na greta outro papel subitamente escorregou das pedras e caiu aos seus pés. Era uma |
oração que alguém tinha escrito e colocado semanas ou mesmo meses antes naquele local. Ao apanhar o rolo de papel |
no chão ele se viu tomado por uma sensação estranha. |
Quando desenrolou o papel e iniciou a leitura, ele reconheceu imediatamente a caligrafia: seu pai havia escrito |
aquela mensagem! A nota tinha sido escrita pelo pai dele e deixada lá no muro antes de morrer. Nela, ele declarava o |
amor pelo filho e pedia a Deus que o perdoasse. Em algum momento do passado não tão distante o pai dele tinha ido ao |
mesmo lugar e chegado até o mesmo local do muro onde ele se encontrava naquele momento. Em uma reviravolta |
irônica de sincronicidade, seu pai colocara a oração na mesma localização dentro da parede e ela ali ficara até que Joey a |
encontrasse. |
Que história impressionante! Como uma coisa tão extraordinária pôde ocorrer? Obviamente, algum |
tipo de comunicação aconteceu entre as realidades e os mundos. Joey vive no domínio do presente que nós |
chamamos de "nosso mundo". Ainda que seu pai não esteja mais vivo o judaísmo acredita que existe ainda |
outro reino, o hashamayim, ou céu, que fica além do nosso mundo. Acredita-se que ambos os mundos |
coexistam no presente e que se comuniquem um com o outro. |
Ainda que o mecanismo pelo qual a mensagem do pai de Joey tenha conseguido alcançá-lo continue |
sendo um mistério, uma coisa é certa: para Joey receber um sinal de que seu pai ainda está em contato com |
ele, alguma coisa deve existir fazendo a ligação dele com o pai, algum meio fornecendo o recipiente de |
ambos os reinos da experiência. A Matriz Divina é o meio — ela se ajusta à descrição do local que os |
antigos conheciam pelo nome de céu: a casa da alma que abriga o passado, presente e o futuro. |
Por meio da ponte da Matriz Divina, houve uma troca de algo belo e precioso entre o pai e o filho. |
Transcendendo tempo, espaço e (na história de Joey) até mesmo a vida e a morte, houve uma comunicação |
que proporcionou cura e conclusão entre pai e filho. Devemos olhar mais profundamente o relacionamento |
com o espaço que cria o aqui e o lá e com o tempo que permite o agora e o depois, para compreender como |
isso aconteceu e por quê. |
QUANDO O AQUI É LÁ |
Se nosso universo e tudo o que ele contém estão realmente dentro da Matriz Divina, como indica o |
experimento, é provável que bem cedo estejamos redefinindo nossas ideias de espaço e tempo. Poderíamos |
até mesmo descobrir que as distâncias que parecem nos separar uns dos outros e de nossos entes queridos |
apenas separam nossos corpos. Como vimos na história de Joey e do pai, algo dentro de nós não é limitado |
nem pela distância, nem pelas leis tradicionais da física. |
Ainda que essas possibilidades pareçam ter vindo da ficção científica, elas têm sido também objeto de |
séria investigação científica -— tão séria, de fato, que durante os últimos anos da guerra fria os Estados |
Unidos e a antiga União Soviética dedicaram uma imensa quantidade de recursos e de pesquisas para |
compreender precisamente até que ponto essa Matriz, capaz de interconectar tudo, realmente existia. |
Especificamente, as superpotências desejavam determinar se era possível viajar a grandes distâncias por |
meio da Matriz, usando a visão interior da mente e explorando as capacidades físicas de determinados |
tipos de telepatia conhecidos como visão remota. Os resultados podem parecer surpreendentemente |
semelhantes aos de alguns filmes de grande popularidade dos últimos anos, e é muito possível que esses |
filmes tenham se valido deles para montar seus enredos. Os experimentos tornam também mais imprecisa |
ainda a já pouca definida linha delimitadora entre o que é fato e o que é ficção. |
Em 1970, o governo dos EUA começou oficialmente a investigar a possibilidade de se fazer uso de |
métodos psíquicos para "surfar" pela Matriz e ver terras distantes e alvos inimigos. Foi então que a CIA |
começou a fazer as primeiras experiências usando pessoas psiquicamente sensíveis (capazes de sentir as |
experiências de outras pessoas sem necessidade de sinalização verbal ou vi- suai), para focalizar sua mente |
em locais secretos3 |
. Depois de fazerem isso, eles eram treinados para descrever o que descobriam com |
detalhes cada vez mais precisos. Esse programa ficou conhecido pelo acrônimo SCANATE, ou |
"escaneamento por coordenadas" e foi um dos precursores que levaram aos agora famosos estudos do |
Stanford Research Institute (SRI) sobre visão a distância. |
Ainda que alguns aspectos da visão a distância possam parecer um pouco "fora do mundo", na |
realidade ela se baseia em sólidos princípios quânticos, alguns dos quais já foram explorados neste livro. |
Até mesmo os peritos reconhecem que ninguém sabe precisamente como a visão remota funciona. Em |
geral, o sucesso da visão a distância é atribuído à ideia da física quântica de que, embora as coisas possam |
parecer sólidas e separadas para nós, elas existem e estão conectadas a todo o restante como se formassem |
um campo universal de energia. Por exemplo, mesmo quando seguramos uma bela concha do mar na mão, |
do ponto de vista quântico, uma parte energética da concha está em toda parte. Como nossa concha existe |
além do local onde a seguramos, diz-se que ela é "não-local". |
Um crescente número de cientistas tem aceitado a evidência experimental de que o universo, o planeta |
e até mesmo nosso corpo são não-locais. Nós já estamos em todos os lugares desde sempre. Como Russell |
Targ afirmou no Capítulo 4, ainda que estejamos fisicamente separados uns dos outros, ainda podemos |
estar em comunicação instantânea, e é disso que a visão a distância trata. |
Com efeito, os observadores do programa SCANATE eram instruídos sobre como deveriam agir para |
ter um sonho "lúcido". No estado alterado em que ficavam, eles davam à própria consciência liberdade |
para focalizar determinados locais. Esses locais poderiam estar em outra sala do mesmo edifício ou do |
outro lado do mundo. Esclarecendo a conectividade de nosso universo no mundo quântico, Targ afirma: |
"Não é mais difícil descrever o que acontece nos distantes rincões da União Soviética do que é dizer o que |
se passa do outro lado da rua" |
4 |
. Os treinandos do programa recebiam até três anos de instrução antes de |
serem incumbidos de missões secretas. |
Os detalhes dos projetos de visão a distância dos militares norte-americanos, que só há pouco tempo |
ficaram disponíveis para o público, descrevem pelo menos dois tipos de sessões. A primeira, chamada de |
visão remota coordenada, refere-se às descrições do que os observadores encontravam em coordenadas |
específicas identificadas pela latitude e longitude. A segunda, chamada visão remota ampliada, baseia-se |
em uma série de técnicas de relaxamento e meditação. |
Ainda que os detalhes possam variar conforme o método empregado, os procedimentos da visão |
remota geralmente começam com os observadores entrando em um estado de suave relaxamento, uma vez |
que nesse estado eles ficam mais abertos ao recebimento de impressões sensoriais de locais distantes. |
Durante as sessões, outra pessoa geralmente é designada como guia e desempenha o papel de ajudar o |
outro observador chamando sua atenção para a observação de detalhes específicos. Por meio de uma série |
de protocolos que possibilitam ao observador perceber quais impressões são importantes para uma |
determinada "missão", a pessoa é capaz de descrever o que ela vê, cada vez com maior precisão. A indução |
do guia parece separar essa forma controlada de visão remota do sonho lúcido, que aparece muitas vezes |
de maneira espontânea durante o sono. |
A implicação para as operações de caráter sigiloso era imensa e abria a porta para uma nova era de |
coleta de informações para serviços de inteligência, com menores riscos para as pessoas em campo — |
menores riscos querendo dizer, até que os programas de visão a distância foram desativados em meados |
da década de 1990. Com nomes em código intrigantes, tais como projeto Stargate, o último dos programas |
de visão a distância foi "oficialmente" concluído em 1995. Ainda que o processo tenha sido considerado por |
alguns como sendo de ciência "fronteiriça", tendo sido até mesmo desprezado pelos céticos da área militar, |
várias sessões de visão a distância foram homologadas por sucessos que não poderiam ser atribuídos a |
meras coincidências. Algumas dessas sessões podem até mesmo ter salvo vidas. |
Durante a primeira Guerra do Golfo de 1991, pediram aos observadores remotos para pesquisar |
locações de mísseis escondidos nos desertos do Iraque ocidental3 |
. O projeto foi bem-sucedido em apontar |
acertadamente os locais e de eliminar outros que estavam sendo considerados como localizações possíveis. |
As vantagens da busca psíquica são óbvias. Diminuindo a quantidade de localizações potenciais de armas |
escondidas, economiza-se tudo, não só tempo como combustíveis e recursos financeiros. O maior de todos |
os benefícios, entretanto, foi poupar a vida, propriamente dita, dos soldados. A busca remota por mísseis |
mortais reduziu o risco para os soldados, que tradicionalmente eram obrigados a executar essas missões no |
campo. |
A razão pela qual menciono esses projetos e técnicas aqui é o fato de que eles demonstraram com |
sucesso duas coisas essenciais para a compreensão da |
Matriz Divina. Primeiramente, eles são mais uma indicação de que a Matriz existe. Para uma parte nossa |
viajar para recantos distantes e ver detalhes de coisas bem reais sem que tenhamos de sair da cadeira na |
qual estamos sentados é necessário que haja um meio pelo qual nossa consciência possa se deslocar. Meu |
ponto de vista nesse particular é que o observador tem acesso ao seu destino, independentemente de onde |
ele esteja. Em segundo lugar, a mesma natureza da energia que torna possível a visão a distância mostranos que a conectividade holográfica, aparentemente, é parte de nossa identidade. As antigas ideias sobre |
quem nós somos e como funcionamos no espaço-tempo começam a se esvair, perante a prova de que a |
Matriz Divina existe. |