C A P I T U L O D O I S ABALANDO O PARADIGMA: OS EXPERIMENTOS QUE MUDAM TUDO
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C A P I T U L O D O I S ABALANDO O PARADIGMA: OS EXPERIMENTOS QUE MUDAM TUDO

C A P I T U L O  D O I S.

anderson
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C A P I T U L O  D O I S.

ABALANDO O PARADIGMA: OS EXPERIMENTOS QUE MUDAM TUDO.

Os primeiros raios da manhã lançavam sombras compridas da silhueta das montanhas

Sangre de Cristo que se erguiam atrás de nós, ao leste. Eu tinha concordado em encontrar

meu amigo José (chamemo-lo assim) aqui no vale, simplesmente para passear, conversar

e aproveitar a manhã. Enquanto mirávamos a vastidão de terra que une o norte do Novo México ao sul do

Colorado, descortinávamos os muitos quilômetros de campos que nos separavam da grande e profunda

grota da Garganta do Rio Grande, com suas laterais escarpadas que constituem as margens do rio de

mesmo nome. As sálvias do altiplano desértico espalhavam no ar uma fragrância especial naquela manhã

e, enquanto andávamos, José comentava sobre a família da vegetação que cobria o terreno.

"Todo esse campo", disse ele, "até onde nossa vista alcança, funciona como se fosse uma única planta."

O calor de sua respiração formava pequenas e breves nuvens de vapor a cada palavra que ele pronunciava

no ar gelado da manhã.

"Existem muitos arbustos nesse vale", ele continuou, "e cada planta está unida às outras por um

sistema de raízes que escapa à nossa visão. Embora invisíveis aos nossos olhos, enterradas no solo, as raízes

não deixam de existir — o campo inteiro faz parte de uma única família de sálvias. E assim como acontece

em qualquer família", ele explicou, "a experiência de um membro é compartilhada, até certo ponto, por

todos os demais membros da mesma família."

Fiquei meditando sobre as palavras de José. Que bela metáfora para o modo pelo qual nos

encontramos interligados uns aos outros e ao mundo em torno de nós. Somos levados a pensar que

estamos separados uns dos outros, de nosso mundo e de tudo o que acontece nele. Com base nessa crença

sentimo-nos isolados, algumas vezes impotentes, para alterar as coisas que nos causam dor e que podem

provocar sofrimento em outras pessoas. A ironia é que também nos encontramos inundados por livros de

autoajuda e workshops que frisam como é intensa nossa interligação, como é poderosa nossa consciência e

como o gênero humano realmente constitui uma única e preciosa família.

Enquanto José falava, eu não podia deixar de pensar sobre a forma escolhida pelo grande poeta Rumi

para descrever nossa condição. "Que seres estranhos nós somos!", constatou ele. "Mesmo sentados no

inferno, no fundo da escuridão, tememos pela nossa própria imortalidade."1

Precisamente, pensei. As plantas desse campo não estão apenas interligadas; em conjunto elas têm mais poder do

que qualquer uma delas sozinha. Qualquer arbusto isolado no vale, por exemplo, exerce influência apenas em

torno da pequena área que o cerca. Entretanto, ponha centenas de milhares de arbustos juntos e tudo muda

de figura! Juntos eles alteram aspectos como o pH do solo de tal modo que garantem a própria

sobrevivência. Ao fazerem isso, o subproduto de suas existências — o oxigênio abundante — vem a ser o

substrato de nossa própria essência. Como família unificada, essas plantas têm o poder de mudar o mundo

delas.

Na verdade, é bem possível que tenhamos mais em comum com a sálvia do Novo México do que

poderíamos imaginar. Assim como elas individual e coletivamente podem mudar o próprio mundo, nós

também podemos mudar o nosso.

Cada vez mais pesquisas têm indicado que somos mais do que simples retardatários cósmicos

passando por um universo cuja construção terminou há muito tempo. Evidências experimentais permitem 

concluir que, na realidade, criamos o universo ao longo da vida, somando nossa contribuição ao que já

existe! Em outras palavras, parece que somos a própria energia da qual o cosmos é formado, bem como os

seres que experimentam a própria criação. Isso porque somos consciência, e a consciência aparentemente é

feita da mesma "coisa" da qual o universo é formado.

Essa é a verdadeira essência da teoria quântica, fonte de tantas preocupações para Einstein. Até o fim

da vida, Einstein acreditou firmemente que o universo existia independentemente de nós. Respondendo às

analogias sobre como afetamos o mundo e ao comentar os experimentos que demonstram que a matéria

muda de comportamento quando a observamos, ele simplesmente declarou: "Gosto de pensar que a Lua

está lá no céu, mesmo quando não a estou vendo"

2

.

Embora nosso papel preciso na criação ainda não esteja perfeitamente compreendido, as experiências

levadas a efeito no mundo quântico demonstram claramente que a consciência exerce efeito direto nas

partículas mais elementares da criação. E nós somos a fonte da consciência. Talvez John Wheeler, professor

emérito em Princeton e colega de Einstein, tenha conseguido fazer o melhor de todos os resumos sobre a

nossa tão recente compreensão desse papel.

Os estudos de Wheeler levaram-no a acreditar que poderíamos viver em um mundo na realidade

criado pela própria consciência — um processo que ele chamou de universo participativo. "De acordo com

isso [com o princípio participativo]", diz Wheeler, "não poderíamos nem ao menos imaginar um universo

que, de algum modo e por algum tempo, não contivesse observadores, pois os próprios materiais de

construção do universo são esses atos de observação participativa"

3

. Ele apresenta o ponto central da teoria

quântica quando declara: "Nenhum fenômeno elementar pode ser considerado um fenômeno até que seja

observado (ou registrado)"4

.

O ESPAÇO É A MATRIZ

Se os "materiais de construção do universo" são feitos de observação e participação — nossa observação

e nossa participação —, qual é a coisa que estamos criando? Para criarmos alguma coisa, primeiramente é

preciso que haja algo disponível para usarmos no processo criativo, alguma essência male- ável que seja o

equivalente a uma massa de modelar para o universo. Do que é feito o universo, o planeta e os nossos

corpos? Como tudo isso se ajusta em conjunto? Será que nós realmente controlamos alguma coisa?

Para responder tal espécie de perguntas precisamos nos deslocar para além dos limites das tradicionais

fontes de conhecimento — a ciência, a religião e a espiritualidade —, unindo essas fontes a uma sabedoria

maior. É nesse ponto que entra a Matriz Divina. Não se trata de ela desempenhar um pequeno papel de

subproduto do universo ou de ser simplesmente uma parte da criação; a Matriz é a criação. Ao mesmo

tempo, ela é o material que compreende tudo, bem como o recipiente para tudo o que é criado.

Quando penso na Matriz dessa maneira, não posso deixar de me lembrar da descrição que o

cosmologista Joel Primack, da University of Califórnia em Santa Cruz, fez, do instante em que a criação

começou. Em vez de considerar o Big Bang como tendo sido uma explosão que aconteceu em algum lugar,

da maneira como tipicamente esperamos que as explosões ocorram, ele diz: "O Big Bang não ocorreu em

algum lugar do espaço, ele ocupou o espaço inteiro"

5

. O Big Bang foi o espaço propriamente dito, irrompendo

em um novo tipo de energia, como energia! Assim como a origem do universo foi o espaço propriamente

dito, manifestando-se energeticamente, a Matriz é a realidade em si mesma — todas as possibilidades sempre

em movimento, como a essência duradoura que interliga todas as coisas.