Entretanto, o que o consultor desejava demonstrar era um argumento bastante sólido, quando indagou
Entretanto, o que o consultor desejava demonstrar era um argumento bastante sólido, quando indagou |
quanto de nosso poder dissipamos em distrações. |
Ao sentirmos que videogames, filmes, relacionamentos virtuais online e comunicação que dispensa a |
voz são necessidades que estão substituindo o contato face a face na vida real, percebemos sinais de uma |
sociedade com problemas. A mídia eletrônica e de entretenimento, embora sem dúvida pareçam tornar a |
vida mais interessante, também podem ser vistas como bandeiras vermelhas que sinalizam perigo e nos |
dizem como estamos fora da rota de uma vida rica, saudável e significativa. |
Além disso, quando evitar doenças passa a ser o principal foco de nossa vida em vez de como viver de |
maneira saudável, como evitar a guerra em lugar de como cooperar na paz, como criar novas armas e não |
como viver em um mundo onde os conflitos armados ficaram obsoletos, claramente fizemos a opção do |
caminho da sobrevivência e nada mais. Dessa maneira ninguém é verdadeiramente feliz — ninguém |
"vence", realmente. Quando nos encontramos vivendo assim, a atitude óbvia a tomar, evidentemente, é |
procurar por outro caminho. Precisamente essa é a proposta deste livro e este é o motivo pelo qual |
compartilho essa história. |
"Como a história termina?" perguntei ao nativo, guardião da sabedoria. "As pessoas encontraram |
finalmente o poder e se lembraram de quem eram?" |
Nesse momento do dia o Sol já tinha desaparecido por trás das escarpas do desfiladeiro e, pela |
primeira vez, eu podia ver melhor com quem estava falando. O homem queimado de sol em minha frente |
deu um amplo sorriso ao ouvir minha pergunta. Ficou quieto por um instante, depois sussurrou: |
"Ninguém sabe, porque a história ainda não terminou. As pessoas que se perderam são nossos ancestrais, |
somos nós que estamos escrevendo o final dessa história! O que você acha...?" |
Depois disso só voltei a vê-lo poucas vezes, em vários locais das regiões e comunidades que ambos |
amávamos. Entretanto, lembro-me dele muitas vezes, até hoje. Enquanto observo como se desdobram os |
eventos no mundo, lembro-me dessa história e pergunto-me se ainda chegaremos a ver como termina |
durante nossa vida. Será que o leitor e eu seremos os que vão se lembrar? |
São muito grandes as implicações da história contada pelo homem do cânion. A sabedoria |
convencional da narração é a de que as ferramentas das civilizações passadas — independentemente da |
idade que tenham — eram de certa forma menos adiantadas do que as modernas tecnologias. Ainda que |
seja verdadeiro o fato de esses povos não contarem com os benefícios da ciência "moderna" naquela época |
para ajudá-los com seus problemas, talvez eles tivessem algo ainda melhor. |
Nas minhas discussões com historiadores e arqueólogos cujas vidas são baseadas na interpretação do |
passado, esse tópico geralmente acaba sendo a origem de emoções acaloradas. "Se eles eram tão |
adiantados, onde está a prova de tanta tecnologia?", perguntam os especialistas. "Onde estão as torradeiras, |
os fornos de microondas e os aparelhos de DVD?" Acho muito interessante depender tanto das coisas feitas |
pelos indivíduos ao se interpretar como uma dada civilização teria se desenvolvido. E o que dizer do |
raciocínio que está sob a superfície do que eles fizeram? Embora nunca tenhamos nos deparado com uma |
TV ou câmera digital nos registros arqueológicos do sudoeste americano (ou em nenhum outro lugar, para |
falar a verdade, tanto quanto eu saiba) a questão é, por quê? |
Será que ao encontrarmos os restos de civilizações avançadas, como as do Egito, Peru ou do sudoeste |
do deserto americano, estaremos realmente nos deparando com remanescentes de uma tecnologia a tal |
ponto adiantada que dispensava o uso de torradeiras e DVDs? Talvez tivessem superado a necessidade de |
viver em um mundo exterior desordenado e complexo. Talvez soubessem algo acerca deles mesmos que |
tenha lhes dado uma tecnologia interna para viver de modo diferente, uma sabedoria que já esquecemos. |
Tal sabedoria lhes trouxe tudo de que precisavam para sustentar e remediar suas vidas de uma maneira |
que estamos somente principiando a perceber. |
Se isso for verdade, talvez não seja necessário buscar nada além da natureza para compreendermos |
quem somos e qual é, verdadeiramente, nosso papel nesta vida. É igualmente possível que algumas das |
nossas mais profundas e fortalecedoras percepções já estejam confirmadas pelas descobertas misteriosas |
feitas no mundo dos quanta. Durante o último século, os físicos descobriram que a matéria do nosso corpo |
e o universo nem sempre segue a forma limpa e organizada das leis da física, consideradas sagradas |
durante, aproximadamente, trezentos anos. De fato, na menor de todas as escalas do mundo, as próprias |
partículas que nos constituem quebram as regras que dizem sermos separados uns dos outros e limitados |
em nossa existência. No nível das partículas, aparentemente tudo está interconectado e é infinito. |
Essas descobertas sugerem que existe algo no interior de cada um de nós que não é limitado pelo |
tempo, nem pelo espaço e nem mesmo pela morte. Essas descobertas concluíram que, aparentemente, |
vivemos em um universo "não-local", onde tudo está sempre conectado. |
Dean Radin, cientista sênior do Institute of Noetic Sciences, foi pioneiro na exploração do que significa |
viver em tal mundo. Conforme sua explicação, a "não-localidade" significa que "existem maneiras de |
mostrar que coisas que parecem estar separadas, de fato não estão separadas".1 Em outras palavras, o "nós" |
que habita nosso íntimo, não se limita pela pele e pelos pêlos de nosso corpo. |
Não importa como chamemos esse "algo" misterioso, nós todos o temos, e o nosso se mistura com o dos |
outros, como parte do campo de energia que banha todas as coisas. Acredita-se que esse campo seja a rede |
quântica que conecta o universo, o infinitamente microscópico e o molde energético para tudo, desde a cura |
de nosso corpo ao fortalecimento da paz mundial. Para reconhecer nosso verdadeiro poder, precisamos |
compreender o que é esse campo e como ele funciona. |
Se os antigos naquele cânion do norte do Novo México — ou, para falar a verdade, de qualquer outro |
lugar do mundo — compreendiam como essa esquecida parte do nosso interior funciona, temos uma forte |
argumentação para honrar a sabedoria dos ancestrais e entronizá-la em um lugar adequado na nossa época. |