ESTAMOS CONECTADOS PARA CRIAR.
ESTAMOS CONECTADOS PARA CRIAR. |
Durante uma conversação com o místico e poeta indiano Rabindranath Tagore, em 1930, Albert |
Einstein resumiu os dois pontos de vista do início do século XX com relação ao nosso papel no universo. |
Conforme Einstein, "Existem duas concepções diferentes acerca da natureza do universo". Pelo primeiro |
ponto de vista, "o mundo seria uma unidade dependente da humanidade"; na segunda concepção, o mundo |
seria percebido "como uma realidade independente do fator humano" [o itálico é do autor] |
Apesar de os |
experimentos descritos no Capítulo 2 demonstrarem, sem sombra de dúvida, que a observação consciente |
da matéria que constitui o mundo afeta diretamente o comportamento dessa mesma matéria, aí incluídos |
seus átomos e elétrons, provavelmente vamos acabar concluindo que deve existir uma terceira possibilidade entre os dois extremos concebidos por Einstein. |
Essa terceira possibilidade talvez revele que nosso universo veio a existir por um processo que não nos |
incluía em um primeiro momento. Ainda que a criação possa ter tido início sem nossa presença, agora |
estamos aqui e o universo continua a crescer e evoluir. Se há uma certeza que podemos ter a respeito do |
universo é a do seu constante estado de mutação, desde as estrelas, que de tão distantes se apagam antes de |
vermos suas luzes, até a energia que desaparece nos misteriosos vórtices chamados "buracos negros". Isso |
acontece em tudo o que vemos e até mesmo nos domínios invisíveis para nós. |
Nesta altura deve estar clara a impossibilidade de sermos meros espectadores curiosos neste mundo. |
Como observadores conscientes, somos parte daquilo que presenciamos. Além disso, apesar de os |
cientistas ainda não terem chegado a um acordo sobre uma teoria que explique de que modo mudamos |
nossa realidade, todos eles dizem que o universo é alterado pela nossa presença. É como se estar consciente |
fosse, por si só, um ato criativo. Como declarou o físico John Wheeler, vivemos em um universo |
"participativo" — não em um onde manipulamos ou impomos nossa vontade, ou em que possamos |
controlar completamente o mundo em que vivemos. |
Em nossa capacidade como parte do universo atual, somos capazes de modificar e substituir pequenas |
peças dele, de acordo com o modo como vivemos nossa vida. No reino das possibilidades quânticas, parece |
que somos feitos para participar de nossa criação. Estamos conectados para criar! Como parecemos estar |
universalmente unidos no plano quântico, em última análise nossa conectividade nos promete que as |
mudanças aparentemente pequenas na nossa vida podem ter uma enorme influência no nosso mundo e no |
universo além dele. |
Nossa conexão quântica com o cosmos é tão profunda que os cientistas criaram um novo vocabulário para |
descrever o que essas ligações realmente significam. O "efeito borboleta" mencionado no Capítulo 1, por |
exemplo, descreve como pequenas mudanças podem provocar efeitos realmente grandes. |
Formalmente conhecido como dependência sensível às condições iniciais, a conclusão desse fenômeno |
sugere que uma única pequena mudança em alguma parte do mundo pode ser o gatilho para disparar uma |
imensa alteração em algum outro lugar e nalgum outro momento. A analogia mais conhecida para esse |
fato afirma que "se uma borboleta bater as asas em Tóquio, um mês depois poderia ocorrer um furacão no |
Brasil". |
Um exemplo bastante lembrado de como isso pode realmente ocorrer foi o equívoco do motorista |
do arquiduque Ferdinando, quando dobrou na direção errada na conversão de uma determinada esquina |
em 1914. O erro levou o arquiduque a enfrentar seu assassino face a face, e sua morte catalisou o início da |
Primeira Guerra Mundial. E tudo começou com um erro muito simples, passível de ocorrer com qualquer |
pessoa. Uma esquina dobrada na direção errada e o resultado teve repercussão global. |
No Capítulo 2, repassamos três experimentos que nos contaram como nos relacionamos com nosso |
mundo. Esses experimentos nos mostraram que o DNA é capaz de alterar a constituição da matéria e que a |
emoção, por sua vez, pode provocar mudanças no DNA. Os experimentos militares e os conduzidos por |
Cleve Backster demonstraram que esse efeito não é limitado pelo tempo ou pela distância. O resultado final |
aponta para o fato de que eu e você direcionamos uma força interior que trabalha em um domínio livre das |
limitações da física como a conhecemos. |
Os estudos concluem que não estamos presos às leis científicas como nós as compreendemos hoje. Esse |
pode ser precisamente o poder a que o místico São Francisco aludiu, há mais de 600 anos, quando disse: |
"Existem forças belas e selvagens dentro de nós". |
Admitindo-se que dentro de nós exista um poder capaz de alterar a essência do universo de modo a |
curar e criar a paz, tem muito sentido admitir que exista uma linguagem que nos possibilite fazer isso de |
maneira consciente e intencional. Ora, essa é precisamente a linguagem da emoção, da imaginação e da |
oração que o Ocidente perdeu com as edições das bíblias das igrejas cristãs do século IV |
QUANDO O MILAGRE PÁRA DE FUNCIONAR. |
Os resultados da ligação mente-corpo com determinados tipos de oração estão bem documentados na |
literatura de referência. Com base em vários estudos e testes de campo desenvolvidos em importantes |
universidades de países destroçados pela guerra, constatou-se claramente que o modo de nos sentirmos |
dentro do nosso corpo não só nos afeta como também afeta o mundo em nosso entorno19 |
. A relação entre |
nossas experiências interiores e exteriores parece explicar por que algumas formas de oração nos dão |
poder. Ainda que não se compreenda o porquê dessas orações funcionarem tão eficientemente, é fato |
comprovado que elas atingem os resultados almejados. Entretanto, um mistério também paira sobre esse |
assunto. Conforme os estudos, o impacto positivo das orações parece durar apenas durante o período em |
que elas estão ocorrendo, cessando quando elas se interrompem. Seus efeitos aparentemente terminam |
juntamente com a duração das orações. |
Por exemplo, durante os experimentos das orações pela paz, os estudos mostraram claramente que |
havia um declínio estatisticamente significativo nos indicadores mais importantes observados pelos |
pesquisadores. A incidência dos acidentes de tráfego, as entradas nos prontos-socorros dos hospitais e até |
mesmo os crimes violentos contra a comunidade diminuíram bastante. Na presença da paz, tudo o que |
poderia acontecer era a paz. Entretanto, por mais interessantes que possam ser esses resultados, o que eles |
demonstraram a seguir continua sendo um mistério para os estudiosos desse efeito20 |
. |
Quando os experimentos foram interrompidos, a violência voltou, algumas vezes atingindo níveis ainda |
maiores do que os registrados na época do início dos experimentos. O que aconteceu? Qual a razão de |
cessarem, aparentemente, os resultados das meditações e orações? A resposta para essas perguntas pode |
ser a chave para a compreensão da qualidade de consciência criada. O que aconteceu foi que os treinandos |
interromperam o que estavam fazendo — eles cessaram suas meditações e orações. Era essa a resposta para o |
mistério. |
Partindo do princípio de que a escolha da realidade tem a duração de um instante, é natural que o |
efeito dessa escolha termine se pararmos de sentir a existência da realidade escolhida. Nosso poder de |
fazer a realidade acontecer será de curta duração se presumirmos que os sentimentos de cura, paz e abundância são experiências que duram apenas poucos minutos por dia. Entre os experimentos modernos e as |
instruções dos textos antigos, sabemos que fazer a realidade acontecer é mais do que normalmente fazemos |
... na verdade é aquilo que somos'. |
Princípio 11: Durante a vida, temos de nos transformar nas experiências que escolhemos ter no |
mundo. |
Caso a escolha recaia sobre o ato de sentir, como estamos sentindo o tempo todo, estaremos fazendo |
escolhas constantemente. Podemos sentir gratidão pela paz no mundo com convicção, pois sempre existirá |
paz em algum lugar. Podemos sentir a satisfação de sermos amados pelos nossos entes queridos, porque |
nós nos curamos e nos renovamos todos os dias. |
Isso pode ser precisamente o que as versões aramaicas dos Evangelhos tentavam transmitir às gerações |
futuras pela linguagem que nos deixaram há quase 2.000 anos. Pode muito bem tratar-se do efeito descrito |
no texto gnóstico do Evangelho perdido de Tomé: "Aquilo que tendes vos salvará se o manifestardes. |
Aquilo que não tendes em vosso interior vos matará se não o tiverdes dentro de vós". |
Ainda que a admoestação seja breve, a implicação é poderosa. Pelas palavras atribuídas ao mestre |
Jesus, somos lembrados de que o poder para transformar nossa vida e o mundo é alguma coisa que vive |
dentro de nós como um dom compartilhado por todos nós. |
A VIDA NEM SEMPRE SEGUE AS REGRAS DA FÍSICA |
O que acontece se vivemos de um modo que quebra as regras aceitas da física? Ou se nem ao menos |
soubermos que essas regras existem? Será que poderíamos seguir o exemplo das partículas quânticas que |
parecem fazer justamente isso? |
O bom senso nos diz que, se determinada coisa existe em um lugar, certamente não poderia |
simultaneamente existir em outro, não importando "do que" se trate. Entretanto, os experimentos |
mostraram de maneira precisa, justamente a ocorrência dessa existência simultânea. |
A pergunta óbvia que tais descobertas suscitam é: se o que está no mundo pode estar em dois lugares |
ao mesmo tempo, uma vez que fazemos parte do mundo, por que não poderíamos fazer o mesmo? Por que |
não podemos executar nossas obrigações no local de trabalho ou na sala de aula e aproveitar uma praia |
ensolarada ou escalar um desfiladeiro em qualquer outro lugar ao mesmo tempo? Conquanto nos |
indaguemos de tempos em tempos se isso pode ocorrer, trata-se apenas de uma possibilidade fantasiosa ... |
não é mesmo? |
Quando ouvimos falar que algo pouco usual está acontecendo e, em muitas ocasiões, envolvendo |
indivíduos diferentes, normalmente existe um fundo de verdade nesses relatos. Ainda que as |
especificidades possam variar, muitas vezes é possível acompanhar o tema subjacente até um |
acontecimento real. A história do Dilúvio Universal é um exemplo perfeito do que estou mencionando. Por |
toda a História e em inúmeras culturas, existe um tema praticamente universal recontado muitas vezes. |
Ocorrendo em vários continentes, em diversas línguas e com diferentes pessoas, a história e os resultados |
são praticamente os mesmos. |
Ainda que os detalhes variem, a história é, de modo semelhante, entremeada com relatos de pessoas |
capazes de estar em dois lugares ao mesmo tempo |
— isto é, de aparecerem fisicamente em locais diferentes e no mesmo instante. Muitas vezes esses feitos |
são atribuídos a praticantes de yoga, indivíduos que de algum modo dominaram com maestria uma |
capacidade adormecida (nem sempre, entretanto). O fio que parece unir esses relatos é a ideia de que aqueles que podem estar em dois lugares ao mesmo tempo geralmente dominam, e de maneira magistral, as |
emoções humanas, tais como o amor e a compaixão. Com muita frequência, os relatos são associados com |
afazeres sagrados de santos e estão bem documentados por missionários, nativos e outros que são tidos |
como testemunhas fidedignas dos milagres. |
Dentre os muitos exemplos bem documentados de episódios de bilocação destaca-se o fato acontecido |
com São Francisco de Paula em 1507. Enquanto o santo homem desempenhava suas funções no altar, as |
pessoas que tinham vindo vê-lo o encontraram profundamente concentrado em oração e decidiram não |
perturbá-lo. Ao saírem, entretanto, ficaram muito surpreendidas ao vê-lo fora da igreja que tinham |
acabado de deixar! Não estava sozinho além de tudo, falava com os habitantes locais e com os transeuntes |
por perto. Rapidamente correram de volta à capela, somente para tornar a vê-lo na mesma posição |
— ele ainda estava lá "absorto em suas orações". De algum modo, por meio de misteriosa consciência |
associada com um estado de meditação profunda, São Francisco de Paula tinha aparecido para as mesmas |
pessoas em dois locais diferentes e ao mesmo tempo. |
Enquanto isso, Maria de Agreda, uma freira que viveu 46 anos em um convento em Agreda, na |
Espanha, entre 1620 e 1631 relatou mais de quinhentas jornadas transoceânicas rumo a uma terra distante. |
No que se refere aos que a conheceram e viveram com ela, ela nunca saíra do convento para ir a parte alguma. E, no entanto, tinha consciência de ter "voado" para um lugar distante, ao qual sempre se referia como |
fazendo parte de suas "experiências de êxtase". |
Tal fenômeno poderia ser atribuído nos dias de hoje a um relato de mais de trezentos anos de visão |
remota (capacidade de testemunhar e perceber eventos a distância pela consciência direta de um local |
preciso), exceto por uma curiosa diferença: Maria de Agreda não apenas visitou as terras que descreveu, |
como também deu aulas sobre a vida de Jesus para os indígenas que ali encontrava. |
Ainda que ela falasse somente o espanhol, sua língua materna, os indígenas podiam compreendê-la, |
enquanto ela estava compartilhando os ensinamentos de um grande mestre com eles. |
A documentação de suas visões foi feita quando o arcebispo do México, Don Francisco Manzo y |
Zuniga, ouviu acerca de sua experiência. Quando os missionários que ele enviou para investigar chegaram |
ao local, ficaram surpresos ao descobrir que os indígenas da área já tinham sido instruídos sobre a vida de |
Jesus — e tão bem, que decidiram batizar imediatamente no local a tribo inteira. |
Quase uma década depois, as jornadas místicas de Maria de Agreda finalmente foram consideradas |
autênticas. Conquanto sob o jugo de seu voto de obediência eclesial, ela fez a descrição em seus menores |
detalhes daquela terra em que jamais estivera fisicamente presente. Sua descrição foi tão completa que ela |
incluiu as sutilezas do clima e da mudança de estações, bem como as nuances de cultura e as crenças das |
pessoas a quem ela ensinou. Uma vez concluído um "rigoroso exame eclesiástico", as jornadas místicas de |
Maria Agreda foram reconhecidas como autênticas pela igreja e ela passou a receber a consideração devida |
ao "mais alto escalão atribuível a místicos do passado". |
Nem todos os relatos de bilocação datam dos sombrios anos dos séculos XVI e XVII. Durante a |
Segunda Guerra Mundial houve vários episódios de homens sagrados aparecendo em muitos lugares |
simultaneamente. Um dos mais bem documentados é o caso do místico padre Pio, da Itália. Tendo |
prometido à população que a cidade de San Giovanni Rotondo, ocupada pelos nazistas, seria poupada da |
destruição pelas forças aliadas, ele apareceu em plena luz do dia de uma maneira rara até mesmo para |
casos de bilocação. |
Quando os bombardeiros sobrevoaram a cidade para iniciar o lançamento de bombas nas fortalezas |
alemãs, a imagem do padre Pio vestindo paramentos de cor marrom apareceu defronte dos aviões, |
pairando no ar! Em vez das breves aparições que dizem ser comuns durante o fragor das batalhas devido |
ao stress, a imagem perdurou tempo mais do que suficiente para ser vista por todos. As tentativas de |
lançar as bombas na cidade foram infrutíferas na presença da imagem. |
Frustrados e perplexos, os pilotos mudaram o curso, aterrissaram seus aviões em um campo próximo, |
ainda carregados com todas as bombas que tinham ao iniciarem a missão. Pouco depois um dos pilotos foi |
até a uma capela próxima. Para sua surpresa, dentro da capela estava o mesmo frade que ele tinha visto um |
pouco antes pairando em frente do seu avião ... lá estava o padre Pio! |
O padre não era um fantasma ou a aparição de um santo já falecido há bastante tempo, como o piloto |
suspeitava. Tratava-se de uma pessoa real. Naquele dia, e de algum modo, ele tinha estado presente em |
dois lugares: no piso da capela e no ar, diretamente defronte dos aviões. Enquanto os aliados libertavam a |
Itália, a cidade de San Giovanni Rotondo foi poupada, exatamente como o padre Pio havia prometido23 |
. |
Quando experimentamos alguma coisa que parece ter acontecido fora do domínio que sabemos ser |
verdadeiro, frequentemente acreditamos que um milagre aconteceu. O que então deveremos fazer a |
respeito dos relatos e da documentação existente sobre os casos de bilocação e de outros feitos aparentemente tão milagrosos que existem há mais de seiscentos anos? Poderemos nós eliminá-los como simples |
fantasia ou autossugestão? ... Possivelmente. Sempre existe a possibilidade de que eles sejam invocados por |
pessoas com muito tempo livre ou por aqueles que, honestamente, desejem que esses casos de bilocação |
sejam verdadeiros. |
Entretanto, e se houver algo mais acontecendo por aqui? Estando comprovado, além de qualquer |
dúvida, que não estamos limitados pelas leis usuais da física, tal confirmação faz com que nos vejamos sob |
uma nova luz quando nos oferece algo além da fé que fundamenta essas novas crenças. |
Os iniciados mencionaram no poema da Introdução do livro que encontraram uma nova liberdade |
depois de passarem pelas surpresas de suas experiências. De maneira semelhante, se concluirmos que |
somos capazes de seguir "as pegadas" das partículas quânticas e funcionar além das fronteiras do espaço e |
do tempo, certamente poderemos usar tais capacidades para curar nosso corpo e trazer jovialidade à nossa |
vida. O princípio é o seguinte: Para fazer o que parece impossível, a pessoa tem de testar seus limites para o |
que sabe de antemão ser verdadeiro. Do mesmo modo que os iniciados descobriram o próprio valor |
quando venceram o medo de ir além da "borda", para conseguirmos viver os milagres primeiramente |
teremos que vencer nossa convicção de que esses fenômenos são impossíveis. |