mude o
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mude o

anderson
14 min
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mude o

sentimento do

“eu”.

Se você disser “eu” para tudo o que pensa, sente, diz ou imagina, não

poderá transformar a sua vida emocional. Lembre-se de que todos os

tipos de pensamento podem penetrar na sua mente e todos os tipos de

emoções podem penetrar no seu coração. Se você disser “eu” para todos os

pensamentos negativos, vai estar se identificando com eles. Você pode se

recusar a vincular o “eu” a emoções e pensamentos negativos.

Você criou naturalmente o hábito de evitar os locais lamacentos quando

caminha na rua; do mesmo modo, deve evitar andar nos caminhos

lamacentos da mente nos quais espreitam e se deslocam o medo, o

ressentimento, a hostilidade e a má vontade. Recuse-se a prestar atenção

aos comentários negativos. Não toque nas disposições de ânimo negativas

nem deixe que elas o toquem. Pratique a separação interior buscando um

novo sentimento a respeito de si mesmo e do que você realmente é.

Comece a compreender que o verdadeiro “eu” em você é o espírito infinito,

o ser infinito. Passe a se identificar com as qualidades e atributos desse Ser

infinito e toda a sua vida será transformada.

O segredo da transformação da sua natureza emocional negativa repousa

na prática da auto-observação. Observar, e especificamente observar a si

mesmo, são duas coisas diferentes. Quando você diz “eu observo”, está

querendo dizer que presta atenção às coisas externas. Na auto-observação, a

atenção é dirigida para dentro.

Uma pessoa pode passar a vida inteira estudando o átomo, as estrelas, o

corpo e o mundo exterior dos fenômenos. Esse conhecimento não é capaz

de produzir uma mudança interior, a mudança de atitude.

É preciso aprender a diferenciar, discernir e separar o joio do trigo. Você

pratica a arte da auto-observação quando começa a se perguntar: “Essa

ideia é verdadeira? Ela vai me abençoar, curar e inspirar? Vai me trazer paz

de espírito e contribuir para o bem-estar geral da humanidade?”

Você vive em dois mundos, o exterior e o interior; no entanto, eles são

um só. Um é visível e o outro invisível (objetivo e subjetivo). O seu mundo

exterior penetra através dos seus cinco sentidos e é compartilhado por

todos. O seu mundo interior de pensamentos, sentimentos, sensações,

crenças e reações é invisível e pertence apenas a você.

Pergunte a si mesmo: “Em que mundo eu vivo? Vivo apenas no mundo

revelado pelos meus cinco sentidos ou no mundo interior?” É no mundo

interior que você vive o tempo todo, e é lá que você sente e sofre.

Suponha que você tenha sido convidado para um banquete. Tudo o que

você vê, ouve, saboreia, cheira e toca pertence ao mundo exterior. Tudo o

que você pensa, sente e despreza pertence ao mundo interior. Você

comparece a dois banquetes, registrados de maneiras diferentes: um é

externo e o outro é interno. É no mundo interior do pensamento,

sentimento e emoção que você tem altos e baixos, indecisões, incertezas e

hesitações.

Para se transformar, você precisa começar a mudar o mundo interior por

meio da purificação das emoções e da ordenação correta da mente com o

pensamento correto. Se você quer crescer espiritualmente, precisa se

transformar.

Transformação significa mudança de uma coisa em outra. Existem

inúmeras transformações da matéria muito conhecidas. O açúcar, por meio

do processo da destilação, se transforma em álcool, o rádio se converte

lentamente em chumbo etc. O alimento que você come é progressivamente

transformado em todas as substâncias necessárias para a sua existência.

As experiências que você vivencia como impressões precisam ser

analogamente transformadas. Quando você vê, por exemplo, uma pessoa

que aprecia e admira, recebe impressões a respeito dela; quando encontra

alguém de quem não gosta, também recebe impressões.

O seu marido e a sua filha que estão sentados no sofá enquanto você lê

estas linhas são para você o que você concebe que eles sejam. Em outras

palavras, as impressões são recebidas pela sua mente. Se você fosse surdo,

não ouviria as vozes deles. Você pode mudar as suas impressões sobre as

pessoas. Transformar a sua impressão significa transformar a si mesmo. Para

mudar a sua vida, modifique a maneira como você reage a ela. Você

percebeu que reage de maneira estereotipada? Se as suas reações são

negativas, assim é a sua vida. Nunca permita que a sua vida consista em

uma série de reações negativas às impressões que você recebe a cada dia.

Para realmente observar a si mesmo, você precisa garantir que, não

importa o que aconteça, os seus pensamentos estejam fixos na grande

verdade envolvida na pergunta: “Como é isso em Deus e no céu?” Essa

postura vai elevá-lo e transformar todas as suas emoções e pensamentos

negativos. Você pode ter a tendência a dizer que outras pessoas são

culpadas pela sua negatividade por causa da maneira como falam ou agem,

mas, se o que elas dizem ou fazem exerce um efeito negativo em você, isso

significa que você está interiormente perturbado; você vive, se desloca e

está completamente envolvido nesse estado negativo.

Você não pode se permitir ser negativo, porque esse estado mental esgota

a sua vitalidade, elimina seu entusiasmo e o deixa física e mentalmente

doente. Você vive no local onde está agora ou nos seus pensamentos,

sentimentos, emoções, esperanças e desespero? Não é o que você sente a

respeito do seu ambiente que é real para você agora? Quando diz: “Eu me

chamo João da Silva”, o que você está querendo dizer? Não é verdade que

você é produto do seu pensamento, somado aos costumes, às tradições e à

influência daqueles que o cercavam enquanto você crescia? De fato, você é

a soma das suas convicções e opiniões, mais o que extraiu da sua educação,

condicionamento ambiental e do sem-número de outras influências do

mundo exterior que atuam sobre você e o penetram através dos seus cinco

sentidos.

Talvez você esteja, agora, se comparando com outras pessoas. Você se

sente inferior na presença de alguém que parece mais ilustre? Imagine que

você é um excelente pianista: quando alguém elogia outro pianista, você se

sente inferior? Se você tivesse o verdadeiro sentimento do “eu”, isso não

aconteceria, porque o verdadeiro sentimento do “eu” é o sentimento da

presença do Ser infinito em você, no qual não existem comparações.

Ouspensky costumava ressaltar que as pessoas ficam facilmente

perturbadas porque o sentimento do “eu” delas procedia de estados

negativos de consciência. “O sentimento do ‘eu’” era uma das suas

expressões prediletas, e algumas das suas ideias estão incorporadas a este

texto.

Recentemente, eu disse o seguinte a um homem na nossa aula de

estudos bíblicos: “Você observou a sua reação típica às pessoas, às notícias

de jornal e aos programas de rádio? Percebeu que o seu comportamento é

repetitivo, estereotipado?”

O homem respondeu: “Não, não tinha reparado nisso.” Ele se aceitava

como era sem refletir, e não estava crescendo espiritualmente. Começou a

pensar a respeito das suas reações quando admitiu que muitas notícias de

jornal e programas de rádio o irritavam profundamente. Ele estivera

reagindo automaticamente e não se disciplinava quanto a isso. Não faz

diferença se todos os redatores e locutores estavam errados e apenas ele

estava certo, porque a emoção negativa despertada nele era destrutiva e

demonstrava falta de disciplina mental e espiritual.

Quando você diz “Eu penso o seguinte...”, “Eu acho que...”, Eu me

ressinto de...” ou “Não gosto de...”, qual “eu” está falando? Não se trata de

um “eu” distinto falando em cada momento? Cada “eu” é inteiramente

diferente. Um “eu” em você faz uma crítica em um determinado instante;

alguns minutos depois, outro “eu” fala com ternura. Observe e entenda os

seus diferentes “eus” e se sinta seguro, bem no fundo, de que determinados

“eus” nunca vão dominar, controlar ou influenciar o seu pensamento.

Dê uma boa olhada nos “eus” com os quais você está se associando. Com

que tipo de pessoas você se relaciona? Estou me referindo às pessoas que

residem na sua mente. Lembre-se de que ela é uma cidade habitada por

pensamentos, ideias, opiniões, sentimentos, sensações e convicções. Alguns

dos lugares na sua mente são antros sombrios e ruas perigosas. No entanto,

Jesus (o seu desejo) está sempre percorrendo as ruas da sua mente na

forma do seu ideal, meta e objetivo na vida.

Um dos significados de Jesus é o seu desejo, porque este, quando

realizado, é o seu salvador. As suas metas e objetivos na vida estão agora

acenando para você; avance em direção a eles. Dedique atenção ao seu

desejo; em outras palavras, assuma um intenso interesse por ele. Percorra

na sua mente as ruas do amor, da paz, da alegria e da boa vontade e você

vai encontrar pessoas maravilhosas no caminho. Vai caminhar por lugares

belamente iluminados e ver cidadãos admiráveis nas melhores ruas da sua

mente.

Nunca permita que a sua casa, que é a sua mente, fique cheia de criados

sobre os quais você não tem controle. Quando você era jovem, sua mãe lhe

ensinou a não andar com o que ela chamava de “más companhias”. Agora,

quando começar a despertar para os seus poderes interiores, faça questão

de não andar com os “eus” (pensamentos) errados existentes em você.

Sempre que estiver prestes a ficar zangado, negativo, deprimido ou

irritado, pense em Deus e no céu, e pergunte a si mesmo: “Como é isso em

Deus e no céu?” Aí está a chave para se tornar uma nova pessoa; é assim

que você renasce espiritualmente ou vivencia o que é chamado de segundo

nascimento. (O segundo nascimento é a disciplina interior e o entendimento

espiritual.)

O santo e o pecador estão dentro de todos nós, e o mesmo podemos

dizer do assassino e do monge; da mesma forma, Deus e a mente mundana

também estão. Todos os homens desejam fundamentalmente ser bons,

expressar e fazer o bem. Esse é o “positivo” em você. Se você praticou atos

destrutivos, por exemplo, se roubou, traiu e enganou outras pessoas, e

todos agora o condenam e pensam mal de você, é possível se erguer da

sordidez da sua mente e ascender ao lugar elevado na sua consciência onde

você deixa de se condenar; todos que o acusam terão então que se calar.

Quando você para de se acusar, o mundo deixa de incriminá-lo, porque

esse é o poder da sua consciência, é o Deus em você.

É bobagem condenar a si mesmo; você não precisa fazer isso. É inútil ter

como companhia pensamentos de autoacusação. Imagine que você tenha

cometido atos injustos, criminosos ou praticado outras ações desumanas.

Não foi o Deus em você que fez essas coisas, nem o verdadeiro “eu” ou o

Ser infinito; foi o outro eu (a mente mundana) em você. É claro que isso

não o isenta da responsabilidade, do mesmo modo que você vai se queimar

se puser a mão no fogo ou, se avançar um sinal vermelho, receber uma

multa por ter cometido uma infração de trânsito.

O outro eu representa os diversos “eus” em você. Podemos citar como

exemplo as inúmeras ideias e crenças negativas de que existem poderes fora

da sua consciência, como a convicção de que as outras pessoas podem ferilo, de que os elementos são hostis, além das superstições, do medo e de

todos os tipos de ignorância. Finalmente, os preconceitos, o medo e o ódio

o motivam e incitam a fazer aquilo que você normalmente não faria. A

maneira ideal de modificar o sentimento do “eu” é ligar ao verdadeiro “eu”

que existe em você tudo o que é nobre, maravilhoso e divino.

Comece a afirmar: “Sou forte. Sou entusiasmado. Sou feliz. Sou

inspirado. Sou iluminado. Sou amoroso. Sou bom. Sou harmonioso.” Sinta

esses estados mentais; proclame-os e acredite neles, e você começará a viver

verdadeiramente no jardim de Deus. Aquilo que você ligar ao “EU SOU” e

acreditar, será real. O “EU SOU” em você é Deus, e não existe nenhum outro.

O “EU SOU” ou vida, consciência, ser puro, existência ou o seu verdadeiro eu

é Deus. Ele é a única causa. Ele é o único poder capaz de criar no mundo.

Reverencie-o; viva o dia inteiro com o sentimento de “EU SOU iluminado”, e

maravilhas acontecerão na sua vida. Sinta que você recebe inspiração do

Alto e continue a viver nessa atmosfera mental, quando então vai extrair a

sabedoria, a verdade e a beleza da sua mente mais profunda. Todo o seu

mundo será transformado por meio da contemplação interior das verdades

de Deus.

À medida que você continuar a modificar o sentimento do “Eu” como

ensinado anteriormente, vai povoar e iluminar todas as áreas da sua mente

com as verdades eternas de Deus: “Não temas, porque eu te redimi...

Quando passares pelos rios, eles não te submergirão; quando andares

através do fogo, não te queimarás” (Isaías 43.1,2). Essa é a presença de

Deus que sempre segue na sua frente aonde quer que vá. A sua atitude

mental ou atmosfera segue na sua frente o tempo todo, criando as

experiências que você vai encontrar.

Tenha em mente que, quando você reza por uma coisa específica, é

necessário qualificar a sua mente com a consciência ou sentimento de ter ou

ser essa coisa. Sua mente rejeita por inteiro os argumentos que surgem nela

contra a sua ideia; isso é a oração. Qualifique a sua consciência com o

objetivo pelo qual você está rezando: pense e reflita a respeito dele com

interesse. Faça isso tranquila e regularmente até chegar a uma convicção na

consciência. Quando você conseguir isso, o problema vai deixar de

incomodá-lo. Você vai manter o equilíbrio mental, acrescido do seguinte

sentimento: “Sinto agora que sou o que almejo ser.” À medida que

continuar a se sentir dessa maneira, você se tornará o que sente ser.

Esta é a lei: “Eu sou aquilo que sinto ser.” Para praticar, mude o

sentimento do “eu” todos os dias, afirmando: “eu sou espírito; eu penso,

vejo, sinto e vivo como espírito, a presença de Deus.” (O outro eu em você

pensa, sente e age como a mente da maioria.) Ao continuar a fazer isso,

você vai começar a sentir que se identifica com Deus. Assim como o sol nos

céus redime a Terra da escuridão e da penumbra, a percepção da presença

de Deus em você revela quem você sempre desejou ser — a pessoa alegre,

radiante, tranquila, próspera e bem-sucedida cujo intelecto está iluminado

pela luz que emana do alto.

Deus faz o sol brilhar sobre todos os homens em toda parte. Ninguém

pode arrancar de você o brilho do amor de Deus. Ninguém pode colocá-lo

na prisão do medo ou da ignorância quando você conhece a verdade de

Deus que o liberta.

O sentimento de que o “EU SOU” em você é Deus lhe revelando que não

há nada a temer e que você é um só com a onipotência, a onisciência e a

onipresença. Ninguém pode roubar de você a saúde, a paz, a alegria ou a

felicidade. Você não vive mais com os inúmeros “eus” do medo, da dúvida e

da superstição; você vive agora na presença divina e na consciência da

liberdade.

Pergunte a si mesmo: “Quem cuida de mim em todos os momentos e

fala em nome dele, chamando-se de ‘eu’?” Jamais se identifique com os

sentimentos negativos, como o medo, o preconceito, o orgulho, a

arrogância, a condenação etc. Você compreende agora que não precisa ir na

direção dos “eus” negativos. Você nunca mais vai dizer “sim” a qualquer

pensamento inútil ou negativo, nem vai lhe dar validação ou aprovação.

Torne-se o observador mantendo os olhos fixos em Deus — o verdadeiro

“eu” —, o ser infinito que existe em você. Tenha o sentimento do “eu” no

lado que observa e não naquilo que você está observando. Sinta que está

olhando através dos olhos de Deus; por conseguinte: “Teus olhos são tão

puros que não consegues enxergar o mal, e a iniquidade não podes

contemplar”