QUANDO A MENSAGEM É UM AVISO.
0
0

QUANDO A MENSAGEM É UM AVISO.

QUANDO A MENSAGEM É UM AVISO.

anderson
11 min
0
0

QUANDO A MENSAGEM É UM AVISO.

Na vida de minha mãe, depois da amizade que seus dois filhos lhe dedicavam, sua melhor amiga era

uma cachorrinha superativa de seis quilos, uma terrier chamada Corey Sue (que atendia simplesmente por

Corey). Embora viajasse constantemente, fazendo excursões e participando de seminários, eu me esforçava

para telefonar para minha mãe pelo menos uma vez por semana, para ver como ela ia levando a vida e

dizer-lhe o que estava acontecendo na minha.

Um pouco antes de viajar para o lançamento de meu livro The Isaíah Effect3, telefonei para casa e minha

mãe me contou que estava preocupada com Corey. A cachorrinha não estava procedendo como sempre e

nem estava se alimentando direito, minha mãe então a levara a um veterinário para ver se descobria o que

andava errado. Vários raios X foram tirados durante o exame, revelando o que ninguém esperava. Por

alguma razão inexplicável as chapas de Corey mostravam pequenas manchas brancas espalhadas em todas

as partes dos pulmões, manchas que não tinham por que estar presentes. "Nunca vi nada como isso em um

cachorro antes", o veterinário tinha comentado, sem saber o que pensar. Foi decidido que novos exames

seriam feitos para ver o significado dessas manchas em Corey.

Ainda que obviamente minha mãe estivesse preocupada com a cadela, enquanto ouvia sua narração

outra preocupação me ocorreu. Ela sabia sobre o princípio da ressonância, havíamos trocado idéias sobre

como estamos sintonizados com o mundo, automóvel, casa e até mesmo com nossos bichinhos de

estimação. Rememorei vários casos de animais que tinham assumido com- provadamente as condições

médicas de seus donos, semanas ou meses antes que os mesmos problemas se manifestassem nas pessoas

que tomavam conta deles. Minha sensação era que alguma coisa desse tipo estava acontecendo com Corey

e minha mãe.

Depois de convencê-la de que a vida está cheia dessas mensagens, ela concordou em fazer um exame

de saúde completo na semana seguinte. Embora ela não estivesse sentindo desconforto algum e sua

aparência externa não indicasse razão alguma para um exame, ela concordou em marcar um exame físico,

incluindo uma radiografia do tórax.

Nessa altura o leitor pode estar imaginando qual o desfecho da história e o porquê de compartilhá-la

aqui. Para surpresa de minha mãe, o exame de raio X mostrou que existia uma mancha suspeita em um de

seus pulmões, mancha essa que não aparecera no seu exame anual, um ano antes. Depois de pesquisar

mais, foi descoberto que ela tinha uma cicatriz nos tecidos do pulmão direito, resultado de uma doença

contraída ainda quando criança; o lugar tinha se curado, mas agora tinha se tornado canceroso. Três

semanas depois ela passou pela cirurgia que removeu completamente o terço inferior do pulmão.

Enquanto eu conversava com o médico na sala de recuperação, ele não cansava de reiterar a "sorte" que

minha mãe tinha tido em detectar o problema tão cedo, especialmente pelo fato da inexistência de

sintomas. Antes da cirurgia ela se sentia perfeitamente bem com sua Corey de estimação, seus filhos, seu

jardim de que tanto cuidava, sem nenhuma pista de que algo errado pudesse estar acontecendo.

Aí está um exemplo de como podemos usar espelhos na nossa vida. Como minha mãe e eu tínhamos

aprendido a compreender as mensagens que a vida nos transmite momento a momento, e como

entendíamos e confiávamos na linguagem da mensagem para aplicá-la de maneira prática, a história teve

um final feliz. Minha mãe se recuperou da cirurgia. No momento em que escrevo essas linhas, ela está

passando bem e já há seis anos ficou livre do câncer.

É interessante ressaltar que as manchas nos pulmões de Corey, aquela que tinham nos despertado para

investigar as condições de saúde de minha mãe, desapareceram completamente depois da cirurgia. Minha

mãe e sua cadelinha viveram juntas mais seis anos, gozando de boa saúde e de toda a alegria que

encontraram diariamente uma na outra.

(Observação: Corey Sue deixou este mundo durante a edição deste livro devido a complicações da

idade avançada. Quando morreu, a meio caminho do seu décimo quinto aniversário, sua idade eqüivalia a

quase 100 anos da nossa, segundo o cálculo que se faz para estimar a "idade dos cães" de sua raça. Ela

sobreviveu depois das manchas e da cirurgia de minha mãe, gozando de ótima saúde e com uma centelha

de ânimo que alegrava a todos os que passavam pela sua vida. Como minha mãe tantas vezes dizia,

"Ninguém era um estranho para Corey Sue." Ela gostava de todos ao primeiro contato e transparecia isso

com um beijo molhado que deixou saudade em todos os que a conheceram.)

Embora não seja possível provar cientificamente que a condição de Corey tivesse alguma coisa a ver

com o que aconteceu com minha mãe, podemos dizer que a sincronicidade entre as duas experiências é

significativa. Como esse não foi um incidente isolado, podemos afirmar que existe uma correlação quando

nos deparamos com tais sincronicidades. Ainda que não possamos entender completamente essa

correlação hoje, a verdade é que poderíamos estudá-la durante os próximos cinqüenta anos sem ainda

compreendê-la inteiramente. O que podemos fazer é aplicar o que descobrimos em nossa vida. Ao

fazermos isso, os eventos de cada dia se tornam a linguagem rica que nos oferece uma introvisão dos

nossos segredos mais íntimos.

É bom frisar mais uma vez que, em um mundo onde a própria vida espelha nossas crenças mais

íntimas, muito pouco fica verdadeiramente secreto. Por fim, provavelmente pouco importa como

acontecem as inesperadas curvas da estrada de nossa vida, importa mais se nós somos ou não capazes de

reconhecer a linguagem dos avisos de que estamos chegando perto dessas curvas.

NOSSOS MAIORES MEDOS

Como a Matriz Divina reflete constantemente as crenças, sentimentos e emoções mediante os eventos

que nos ocorrem, nosso mundo de todos os dias nos propicia revelações sobre o mais profundo âmago do

nosso ego. Nossos espelhos pessoais nos mostram nossas mais profundas convicções, amores e receios. O

mundo é um espelho poderoso, muitas vezes um espelho no estrito senso, nem sempre muito fácil de ser

encarado. Honestamente, a vida nos oferece uma janela para a realidade derradeira de nossas crenças e,

algumas vezes, nossos pensamentos nos ocorrem de maneiras que nunca esperaríamos.

Lembro-me de algo que ocorreu em 1989, em uma loja de uma cadeia de supermercados nos subúrbios

de Denver. Como sempre fazia na volta do trabalho, eu tinha passado por lá para fazer algumas compras

para o jantar. Enquanto percorria o corredor dos enlatados, tirei os olhos de minha lista de compras

durante o tempo suficiente apenas para notar que estava sozinho naquela ala, salvo por uma jovem mãe,

com uma garotinha sentada no carrinho de compras. Evidentemente estava apressada e parecia tão

satisfeita quanto eu por estar fazendo compras de supermercado depois de um longo dia.

Quando voltei minha atenção para a lista de compras e reiniciei a comparação de seus itens com o que

havia nas prateleiras, fui de repente surpreendido pelo grito agudo de uma criança. Não era apenas um

grito estridente: o volume e a intensidade rivalizavam com Ella Fitzgerald ao fazer o anúncio dos

gravadores Memorex na década de 1970 (a cantora emitia uma nota que despedaçava um vidro). A

garotinha simplesmente estava sozinha e aterrorizada no carrinho ... absolutamente terrificada. Em

instantes a mãe apareceu para acalmar a garotinha. Ela sossegou imediatamente, parou de gritar e a vida

voltou ao normal para todos em volta.

Todos nós já vimos essa cena antes, mas alguma coisa parecia diferente naquela noite. Por alguma

razão, em vez de simplesmente ignorar o fato como um incidente banal, examinei mais cuidadosamente o

que tinha acontecido. Instintivamente, olhei para o corredor do supermercado. Tudo o que reparei era que

a mãe tinha se afastado do carrinho e deixado a filha de 2 ou 3 anos sozinha durante um momento. Isso foi

tudo — a garota simplesmente ficara sozinha.

Por que ela tinha ficado tão aterrorizada? Tinha perdido a mãe de vista apenas um instante, quando ela

foi ao corredor de compras vizinho. Por que uma criancinha, cercada por um mundo de latas e rótulos

chamativos, sem ninguém por perto que a proibisse de explorá-los, tinha ficado tão assustada com a

situação? Por que razão ela simplesmente não tinha dito a si mesma alguma coisa parecida com: Puxa... aqui

estou eu sozinha com essas bonitas latas vermelhas e brancas de sopa! Acho que vou dar uma olhada em cada

prateleira, olhar as latinhas uma a uma, e me divertir à beça fazendo isso! Por que razão a perspectiva de ficar

sozinha, ainda que por um breve momento, tinha afetado de tal forma seu íntimo de idade tão tenra a

ponto de ela, instintivamente, gritar com toda a força dos pulmões?

Em outra ocasião eu atendia a uma mulher de seus 30 e poucos anos, já minha cliente de muitas outras

sessões. Nosso encontro começou da maneira habitual: quando a moça se acomodou confortavelmente na

cadeira de vime dos clientes, eu lhe pedi para contar o que lhe tinha acontecido desde nossa última

consulta, o que tinha havido desde que faláramos da última vez. Ela começou então a me descrever o

relacionamento que tinha com o marido, com quem se casara já há 18 anos. Durante a maior parte do

casamento eles haviam brigado, algumas vezes violentamente. Conforme sua narração, ela era criticada

diariamente por absolutamente tudo o que fizesse ou deixasse de fazer, do gerenciamento da casa ao

preparo das refeições. Na cama ela também tinha a sensação de que nunca estava à altura do que esperava

o marido.

Ainda que não houvesse nada de novo no tipo de relacionamento que vinha tendo, na semana anterior

a situação tinha se degradado aceleradamente. O marido tinha ficado furioso quando ela lhe perguntara

sobre suas "horas extras" e suas noites no escritório até tarde da noite. Ela se sentia extremamente infeliz ao

lado de quem tinha amado e confiado durante tanto tempo. E agora sua infelicidade tinha sido

complementada por uma ameaça física bastante real, como resultado da perda de controle das emoções do

marido.

Depois de tê-la jogado no chão no calor da última briga, ele tinha saído de casa e ido morar com um

amigo. Não tinha deixado nem número de telefone, nem endereço, nem uma indicação de quando poderia

voltar ou se iria voltar algum dia; simplesmente tinha ido embora. Finalmente, esse homem, que havia

desgraçado a vida da esposa e ameaçado sua segurança com intensas explosões emocionais e agressões,

tinha saído de cena.

Enquanto ela narrava a partida do marido, fiquei esperando alguma demonstração de como estava

aliviada. Em vez disso, entretanto, algo surpreendente aconteceu. Ela começou a chorar incontrolavelmente

ao compreender que o marido estava agora afastado de seu convívio. Quando eu lhe pedi para me contar

como estava se sentindo, não ouvi expressões de alívio ou indicações de que ela considerava o assunto

resolvido, como eu esperava. Em vez disso, ela demonstrou estar se sentindo só e com saudades. Começou

a descrever seu estado usando palavr, s como "arrasada" e "totalmente devastada" pela ausência do marido.

Com a oportunidade de agora viver livre de críticas, insultos e agressões, ela estava angustiada. Por quê?

A resposta a essa pergunta nas duas situações que acabo de descrever é a mesma. Por mais diferentes

que os dois casos pareçam ser, um mesmo laço une ambos os episódios. Existe uma grande probabilidade

de que o terror sentido pela garotinha abandonada durante momentos no corredor do supermercado e o

sentimento devastador experimentado pela mulher agredida pelo marido tenham pouca relação com as

pessoas que abandonaram ambas as personagens. A mãe da criança e o marido da mulher maltratada

serviram como catalisadores para um padrão sutil, embora poderoso, que se processa no nosso íntimo de

maneira tão profunda que fica praticamente irreconhecível ... muitas vezes é mesmo totalmente esquecido.

Esse padrão é o medo.

E o medo é mascarado de muitas maneiras em nossa cultura. Ainda que o medo desempenhe um

papel-chave no modo como edificamos tudo, desde nossa saúde às amizades, carreira e romances, ele

aflora, quase todos os dias de nossa vida, como um padrão que acabamos não reconhecendo. Entretanto, é

interessante observar que esse padrão pode até nem ser nosso.

Quando somos tocados por alguma experiência que traz à tona emoções negativas, podemos ter

certeza de que, independentemente do que achamos que causou o medo, existe uma boa probabilidade de

que alguma coisa diferente esteja em jogo — alguma coisa tão profunda e primitiva que pode passar

despercebida com facilidade ... isto é, a não ser que venha a cruzar nosso caminho de maneira

inconfundível.