Como foi o ano de 2021 para o mercado de tecnologia?
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Como foi o ano de 2021 para o mercado de tecnologia?

Uma foto de como foi o último ano para todo o ecossistema empreendedor brasileiro. 

Andrei Golfeto
4 min
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Uma foto de como foi o último ano para todo o ecossistema empreendedor brasileiro. 

Fiz um resumo dos principais acontecimentos do ecossistema que marcaram o último ano.

Bastante coisa relevante, muita evolução e talvez alguns indícios de loucuras pelas altas rodadas que rolaram. O legal é saber que o crescimento retomou, depois de um 2020 um pouco mais contido, apesar de ainda sim em crescimento, 2021 selou de fato a evolução constante que vinha dobrando ano após ano desde 2016.

O impacto das altas rodadas de investimento

Considerando essa "quase" bolha de startups em que:

- Alcançamos o triplo do valor investido em startups no ano anterior, 55 bilhões de reais em 779 aportes de 544 investidores; 

- As maiores rodadas foram de Nubank, Loft, Ebanx, Quinto Andar e Facily; 

- Os setores que mais receberam investimentos foram Fintech, Retail, Real Estate, Health e Mobilidade; 

- Tivemos 247 operações de fusões e aquisições, aumento acima de 60%; 

- Novos unicórnios em ordem cronológica no ano: MadeiraMadeira, Hotmart, Mercado Bitcoin, Unico, Frete.com, CloudWalk, Merama, Olist e Facily; 

- 45 IPOs no ano, sendo os de tech: Mosaico, Mobly, Eletromidia, GetNinjas, Zenvia, ClearSale, VTEX, Nubank. 

Podemos notar que alguns efeitos podem surgir nesse ano

E ao trabalhar diretamente com mais de 100 startups no último ano, aqui vão as minhas percepções de aspectos positivos e negativos.

+ Positivos

i) Com gap de profissionais de tecnologia no mercado, isso significa mais valor para ser investido em programas de qualificação externa ou formações na prata da casa.

ii) Mais recursos disponíveis para novos mercados e produtos, consumidores saem ganhando com novas alternativas.

iii) Confiança de quem está pensando em empreender aumenta ao ver esse movimento, mais startups sendo criadas, mais saídas, mais investimentos, mais talentos em formação e o ciclo continua.

- Negativos

i) Muita promessa, pouca entrega. Altas expectivas pelas partes, pouca concretização em business superestimados mais pautados em milestones de funding do que de business.

ii) CAC a qualquer custo, ineficiência nas estratégias de growth. Desperdício de recursos e modelos não orgânicos na força bruta sendo criados.

iii) Roadmaps pautados na concorrência que captou mais, foco em novas features e nem sempre no que os usuários finais precisam.

Outros aceleradores que rolaram no último ano foram:

- Vazamento de dados em larga escala junto com LGPD colocam cibersegurança em alta; 

- Início do Open Banking, 1a fase: mais integrações estimuladas em todos os setores;

- Expansão logística: novos modais explorados e mais eficientes; 

- Internacionalização: dando novas oportunidades para as startups;

- Telemedicina: gerando crescimento acelerado de healthtechs; 

- Trabalho remoto: acentuando a guerra de talentos e estimulando culturas mais descentralizadas;

- Crise econômica: deixando mais talentos disponíveis no mercado e agravando desigualdades;

- IPOs feitos e os cancelados: deixando mercado de renda variável instável e tirando interesse de tantos investidores como foi em 2020;

- Marco Legal das Startups: fortalecendo a legitimidade da classe, mas deixando gaps consideráveis, principalmente nos aspectos trabalhistas e nas atividades de investidores-anjo;

- Integração E-commerce + Varejo Físico: fazendo os consumidores terem mais opções;

- PIX : se consolidando e caindo na graça do brasileiro;

- ESG: repaginando onda da sustentabilidade, trazendo mais a tona a inclusão e diversidade;

- Amadurecimento Corporate Venture Capital: corporações sendo mais agressivas e tomando mais riscos no relacionamento com startups.

O que vem forte para esse ano:

- Metaverso: abre um leque de possibilidades, mas ainda sem infra e conexão necessárias para ampla adoção;

- Cripto: desafiando o mercado de capitais tradicional e talvez sendo uma última esperança para alta disparada da inflação global;

- 5G: acelerando a adoção de tecnologias que são vulneráveis de alta conectividade;

- Diversidade e inclusão: para reduzir dívidas históricas e colocar todos na mesma mesa; 

- Comunidade e conteúdo: para escalar experiência e fidelização de clientes, colaboradores e demais grupos de interesse.

Vejo com bons olhos o futuro, mais oportunidades, mais recursos, mais inovações e opções para investidores, clientes, talentos, corporações e startups.

Concluindo, tenho uma visão mais promissora do que pessimista. Cases de ineficiência e insucesso possuem sua importância no todo. Quem eu vejo falando de bolha, não recusaria um deal na mesa. O mercado regula tudo com o tempo, e o caro hoje pode ficar mais caro ainda depois.

Segue o baile!

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Fonte: Distrito Retrospectiva 2021
Fonte: Distrito Retrospectiva 2021