Final inglesa premia os dois melhores táticos da Champions 2020/2021. City é favorito.
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Final inglesa premia os dois melhores táticos da Champions 2020/2021. City é favorito.

Até que enfim, chegamos à final da Champions 2020/2021. Foram surpresas. Pouca gente apostava no Chelsea. Frustrações. Mais um ano que o Paris Saint Germain, que abrigou sempre muitos craques made in Brazil, não bate na orelhuda. Questionamen...

André Moraes
7 min
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Até que enfim, chegamos à final da Champions 2020/2021. Foram surpresas. Pouca gente apostava no Chelsea. Frustrações. Mais um ano que o Paris Saint Germain, que abrigou sempre muitos craques made in Brazil, não bate na orelhuda. Questionamentos. Após as oitavas, os noticiários estavam cheios de dúvidas se a era Messi-Cristiano Ronaldo havia acabado. Desânimo. Futebol sem torcida é outro esporte. E, acima de tudo, detalhes. Essa edição serviu para escancarar que a tática, no futebol moderno, chegou sentando na janela e não pretende se retirar tão cedo e que a era dos "Reis do Camarote" é realidade, uma vez que os integrantes da última partida são frutos de investimentos externos recentes e elevados, capazes de alterar a prateleira de competitividade. Adquiriram, com notas, o direito de participar da parte mais exclusiva da festa. Pois é, talvez o dinheiro compre títulos. De um lado, um trabalho de várias temporadas, que é versátil e fiel aos próprios princípios, simultaneamente. De outro, algo que vem sendo construído há menos de um ano, mas tão bem articulado, segundo as necessidades imediatas, a ponto de desbancar times que vêm de maior continuidade e possuem melhores talentos individuais. Três finais contra uma. Um jogo de futebol que chegará o mais próximo possível de uma partida de xadrez.

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Comecemos pelo lado azul claro da força. O Manchester City é o melhor time do mundo na temporada. Em bola, estatísticas ou qualquer outro critério, os blues of Manchester foram unanimidade e isso não mudará com um eventual título do Chelsea. Naquele que muitos diziam ser o último ano de Guardiola à frente da equipe, o treinador ajustou alguns pontos e formou seu melhor time desde a chegada à Inglaterra. Claramente, a base já foi instituída. Cada jogador, depois de um longo trabalho, já sabe, com clareza, a própria função e as tomadas de decisão corretas. Todas as formações, variações, estratégias já transitam sem barreiras entre a careca do treinador e a mente dos atletas. A partir daí, meu amigo, o caminho para o sucesso é muito curto. Com tudo milimetricamente ajustado e com um elenco nivelado, é fácil trocar peças. Conforme questões físicas e estratégicas, ao longo da temporada, Pep alternou entre Cancelo, com maior capacidade de criação, e Zinchencko, melhor defensivamente, na lateral esquerda, usou ataques com um falso nove, com Foden ou De Bruyne, e times com dois centroavantes, com Gabriel Jesus e Aguero, e trocou Rodri e Fernandinho de acordo com o seu humor apenas. Ou seja, qualquer alteração mantinha o nível de atuação e confundia o adversário. Acima de tudo, havia posições bem definidas, posse de bola produtiva e proatividade. Achamos a chave do sucesso: ao mesmo tempo que lia e se adequava ao jogo do oponente, o City mantinha seu estilo de controlar as ações. Poucos técnicos conseguem achar o equilíbrio entre essas duas partes. E, para a surpresa de ninguém, o melhor da história conseguiu. O jogo associativo, com triangulações nos dois lados do campo, inversões rápidas, saída apoiada e pontas agudos, aliado à capacidade de adaptação, serviu tanto para a Premier League quanto para a maior competição de clubes do planeta.

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Na primeira partida contra o Paris Saint Germain, Pep fez a lição de casa. Assistiu aos dois jogos da equipe francesa contra o Bayern e percebeu um erro crasso que Hansi Flick cometeu: jogar em campo aberto. Os alemães, em bom e claro português brasileiro, partiram para a "trocação". Faltou um pouco de inteligência ao Bayern, sobretudo no primeiro confronto, ao ir em bloco para cima do Paris, que é um time sedento por espaços vazios. Neymar, Mbappé, Di Maria (acabou por aqui, não tem mais ninguém) jogam na coação, nas costas dos marcadores, após alguma ligação de Paredes ou Verrati. A equipe da Bavária, já mutilada sem dois dos melhores jogadores de ataque, foi para frente, como normalmente faz, e impôs o tomaládacá. Era um ataque alemão seguido de um ataque francês, a todo tempo. Os nomes do PSG foram mais precisos e fizeram o dever de casa. A percepção de fechar linhas e subir com mais cautela passou longe do homem que vai assumir a seleção alemã em breve. Apesar disso, o Bayern, nos minutos finais, ficou próximo do resultado, pois é melhor que o time parisiense. O careca da Catalunha assistiu, observou, anotou e decidiu mudar. Quando todos, inclusive eu, achavam que o Pochettino havia aplicado o famoso nó tático, na realidade, estava tudo sob controle. Mesmo com o Paris tendo começado de forma mais intensa, o Manchester City manteve a sua proposta de aplicar marcação forte no meio, reduzir os espaços dos atacantes adversários e chegar à frente com precaução. No segundo tempo, a consistência veio à tona. Com os franceses de língua pra fora, Mahrez e De Bruyne, o potencial melhor jogador do mundo na temporada, mataram a partida com requintes de crueldade, no erro alheio. Na volta, mais tranquilidade. O jogo truncado na parte central, junto dos desfalques de Mbappe e Gueye, possibilitou a execução de movimentos diferentes. Que lindo foi ver os passes na campo de defesa, para atrair todo o time francês, e, de repente, o goleiro acionar o lateral esquerdo desmarcado e pronto para chegar ao fundo. Enfim, foi tudo calculado e executado com a mesma precisão. O primeiro finalista é mais do que merecedor de chegar onde chegou. 

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Bom, agora os Blues of London. Tomas Tuchel chegou em uma terra arrasada cheia de árvores bonitas. Mesmo sem avanço coletivo com Lampard, o Chelsea tinha feito uma boa janela no início da temporada. Havertz, Zyiech, Werner, Thiago Silva  e outros chegaram para integrar um elenco com peças de mais tempo no clube, como Azplicuetta, Kanté e Jorginho, e de joias da base, como James e Mount. O treinador alemão identificou os defeitos que persistiam e foi capaz de montar um time super competitivo na mesma temporada. Uma construção tão rápida que é digna de aplausos. Um time menos vistoso, mas muito eficiente. Considerado pela maioria como o azarão entre os quatro integrantes das semis, os londrinos foram superiores ao Real Madrid nas duas partidas. Na primeira data, entrou em campo mais ligado, pressionando em bloco alto, recuperando no ataque e com muita movimentação dos homens de frente. Assustou o time espanhol com o gol no início. Depois, Benzema, no auge da sua categoria, deixou tudo igual, a partida ficou amarrada, as defesas se acertaram e ninguém fez muito na segunda etapa. Acabou com um gostinho de superioridade do Chelsea.

No segundo confronto, disparidade gritante. É inegável que Zinedine Zidane contribuiu bastante, ao colocar Vinícius Jr como um ala na direita para encaixar o Hazard, longe de condições físicas e futebolísticas razoáveis, no outro lado, e encarregar Eder Militão de fazer a saída de bola pelo lado direito da defesa. Os merengues perderam a válvula de escape, o único capaz de desequilibrar com o drible, e entraram num mar de pragmatismo, encaixotados na zaga impecável do Tuchel. Entretanto, o Chelsea não tinha nada com isso. A linha de três defensores, concretizada há muito tempo, estava impenetrável. Os alas chegavam com força no ataque e faziam a recomposição quando era preciso. Jorginho saía da pressão com facilidade e distribuía no meio com Mount e Havertz, por meio de passes agudos. Kanté, o melhor em campo, com seu pulmão gigante, era um monstro no desarme e chegava no ataque como elemento surpresa, aumentando a superioridade numérica. E Werner, com muita movimentação, dava opção pelos lados e abria espaços para infiltrações. Por incrível que pareça, até fez gol. Deu tudo certo. Experiência combinada com juventude conduziram o que parecia improvável e anunciaram o início de uma renovação em Madrid. Possivelmente, sairão Zidane, Varane, Hazard e outros nomes que deixaram a sensação de já deu. 

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Enfim, vamos ao que interessa (rs). Apanhando o que foi dito nessa análise, eu acredito que os azuis claros são favoritos. No jogo único, as chances são 50% para cada lado. No entanto, devido à postura adotada pelo City no jogo contra o PSG, marcada pela capacidade de leitura de jogo e maturidade estratégica, a ponto de não abandonar o propósito pelo qual entrou em campo mesmo quando precisava do placar, ao trabalho longo já consolidado, às qualidades e fases individuais e à capacidade de variação dentro da própria partida, jogo minhas fichas no Rei do Camarote que entrou na brincadeira mais recentemente. De qualquer maneira, tudo indica que será um espetáculo. A orelhuda tão desejada costuma nos presentear com times que buscam o gol e se propõem a trazer inovações ao esporte. Cá entre nós, o Carequinha, inventor do falso nove, revolucionário do jogo de posição e maior contribuinte da tática moderna, merece levantar a Champions mais uma vez. 

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