Poemas #21: O Apêndice
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Poemas #21: O Apêndice

Por horas a fio,

Andre Nascimento
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Por horas a fio,

O dano era senão hipótese;

Havia algo de piedoso na partida

Mas a travessia era a própria armadilha,

E a isca, anteparo a nublar a revelação.

Ante o primeiro limiar,

O pavor sublimou o trauma,

O punhal passeou pelo peito,

Mas a apatia traduziu à língua morta

A vontade que se dilui em espasmos utilitários.

Em apuros, procurei na tua feição ilegível

A palavra que sempre tateei em mim;

Especulei antologias nas tuas reticências

Como se o lamento, ao punir a virtude,

Conferisse pompa aos queixosos.

Entre a ascenção e o revés,

Desatei-me em nós;

Buscando asilo nas aspas –

Indizível aviltante e domesticado –

Dos arautos exaltantes do arcaico.

Se a ruína e o ápice se encontram na encruzilhada,

Não há passo em primeira pessoa;

Para fora da caverna,

Rogo por um apêndice apócrifo que explique a ânsia

Enquanto aquiesço ao apelo mudo

Da realidade.