O Chá da Tati de hoje é sobre velocidade, liberdade e motos lindas. Vamos falar de Super Cub, um anime que merece mais atenção e carinho pelo que pode nos proporcionar em matéria de enredo, visual e sensibilidade.
Quando me rendi após meses de súplicas do Renan e Seru para assistir Yuru Camp, não pude deixar de ser conquistada por tudo que foi apresentado mas principalmente pelas cenas onde a personagem Rin andava com sua scooter pelas paisagens de Yamanashi. (Antes que vocês me peçam: Calma, teremos um Chá da Tati sobre Yuru Camp após a dublagem que foi anunciada). | ||
Sinceramente, não sei se foi o verdadeiro estouro de Yuru Camp em 2018 mas quando soube que haveria um anime de “meninas fofinhas pilotando motos em belas paisagens” na temporada de primavera, eu já sabia que poderia preencher a falta de Yuru camp com outra potencial história que aqueceria meu coração. E não é que o meu faro para poster de anime estava correto? Super Cub na realidade superou ainda mais minhas expectativas e me fez refletir sobre muita coisa. | ||
Um leve resumo sobre: | ||
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Super Cub originalmente é uma light novel japonesa escrita por Tone Kōken e ilustrada por Hiro. Foi serializada de forma online no site Kakuyomu em 2016 e após um ano foi lançada em 7 volumes (e um extra) impressos pela editora Kadokawa Shoten e continua em publicação. O mangá foi lançado no mesmo ano da novel e também continua sendo publicado, tendo até o momento seis volumes em formato tankōbon. | ||
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Já a adaptação em anime foi lançada este ano em 2021, na temporada de Primavera em abril e ao que tudo indica, se as vendas dos blurays forem bem, pode haver uma segunda temporada no futuro.O anime recebeu ótimas avaliações mundialmente e consequentemente parece ter alimentado nas novas gerações um interesse genuíno em scooters e motos, principalmente o modelo retratado na série: Super Cub da Honda. | ||
Falando na Honda, o anime foi adaptado pelo Studio Kai, famoso por ter feito a segunda temporada de Uma Musume Pretty Derby. O estúdio recebeu mentoria e conselhos da própria Honda para poder descrever de forma real os materiais, produtos, modelos de motocicletas e atrair motociclistas, pois uma gafe a respeito desse universo poderia afastar um público que já é fã do tema. Só posso confirmar que o Studio Kai acertou em cheio nessa parceria! Você pode assistir o anime de forma oficial pela Funimation que inclusive, anunciou que Super Cub terá dublagem semanal em português a partir do dia 11 de novembro. | ||
Veja o anime oficialmente aqui: https://www.funimation.com/shows/super-cub/ | ||
Site oficial do anime: https://supercub-anime.com/ | ||
Ok, mas a história é sobre o que? | ||
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Koguma, uma estudante do ensino médio, considera que não tem nada: nem amigos, nem hobbies, nem sonhos e também não tem família. Koguma é órfã e vive sozinha com o básico para sobreviver em um pequeno apartamento. Sua rotina é ir e vir entre a casa e a escola e para isso, usa uma bicicleta velha. A província de Yamanashi, é uma área rural bastante conhecida por ter as principais trilhas para chegar ao topo do Monte Fuji e, por ser uma área montanhosa, pode ser bastante trabalhoso se locomover pela cidade de bicicleta, com muitas subidas e ladeiras. | ||
Cansada, Koguma resolve ir em uma loja de scooters antigas após ver uma pessoa indo para a escola usando uma, imaginando que seria muito menos penoso andar pelos trajetos de sua cidade. Após conferir os preços e se dar conta de que sua condição financeira não seria o bastante para comprar uma scooter, é surpreendida por uma oferta do senhor que trabalhava na loja: Uma Honda Super Cub usada por 10 mil ienes (o equivalente a cerca de 100 dólares). O vendedor diz que ninguém quer comprar essa scooter por ter havido um acidente fatal envolvendo ela (que depois é desmentido). Sem ligar para a má fama da scooter, Koguma fecha negócio e seu mundo automaticamente muda ao subir em sua mais nova Super Cub. | ||
O Fenômeno das Super Cubs: | ||
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Inspirada em saber mais a respeito desse modelo específico de motocicleta, me aventurei em pesquisar a respeito e queria compartilhar um pouco da história das Cubs com vocês! | ||
O desenvolvimento do projeto das Super Cubs dentro da Honda foi feito pelo presidente da Honda, Soichiro Honda e o primeiro modelo foi lançado em 1958. O objetivo era desenvolver uma motocicleta inteligente, divertida, barata e durável que pudesse ser pilotada por qualquer pessoa. No seu segundo ano, representou 60% das vendas em motocicletas. Após o enorme sucesso, a Honda decidiu expandir o modelo para ser vendido nos Estados Unidos em 1961. A campanha de marketing da Super Cub foi muito criativa, atrelando a imagem do produto a um estilo de vida leve, divertido e que qualquer um poderia pilotá-la. A visão americana de motos antes disso era que pessoas que pilotavam motocicletas eram criminosas e sua reputação não era bem vista como meio de transporte. | ||
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Outros modelos foram surgindo e algumas linhas com o passar dos anos tiveram peças saindo parando de ser produzidas/ descontinuadas, mas a Super Cub virou uma referência única em design de motocicletas.Em 2017 a série Super Cub da Honda ultrapassou mais de 100 milhões de unidades vendidas (e deve subir com a popularidade do anime/mangá/light novel). O modelo de lançamento comemorou seu 60º aniversário em 2018.As linhas foram evoluindo e atualmente um dos últimos modelos lançados, a Honda Super Cub C125 é uma releitura com todo o toque vintage do modelo mais clássico. | ||
Porque assistir um anime sobre motocicletas? | ||
Comentei no episódio 0 do “Chá da Tati” que gosto muito de animes que me ensinam coisas. E não precisa ser necessariamente um assunto que me interesse. Acontece que sempre amei o design das Vespas, e quando vi a Super Cub no anime, me apaixonei de novo.Não é apenas um anime sobre garotas fofinhas em motos. Achei extremamente poderoso ver meninas tão jovens se interessando por motocicletas, reparando e customizando as próprias motos e no meio desse interesse em comum, desenvolverem amizades, aprofundando laços. | ||
Personagens cativantes descobrindo um novo hobby junto com você: | ||
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O primeiro sinal visual que me ganhou no anime foi quando Koguma sobre na sua nova motocicleta. A paleta de cores do anime, antes fria e cinzenta, se enche de cor instantaneamente. E todas as vezes em que ela sobe na moto e anda por aí, o anime fica mais vivo. Parabéns, vocês me fizeram querer comprar e andar em uma Super Cub! | ||
As cenas com as motos, aprendendo sobre acessórios, trocagem de óleo, e vendo nascer esse carinho das personagens pelas suas Cubs, me fez ficar fascinada por esse estilo de vida que me remete ao movimento slow de customizar, valorizar o reaproveitamento de produtos, valorizar o que é vintage e antigo, e principalmente de trocar e repassar o que não te serve mais. | ||
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Simplesmente adorei quando a protagonista costurou a bolsa para carregar seu capacete e também a customização do casaco de lã que virou três objetos diferentes (e aliás defendo que todos deveríamos ter aulas de educação doméstica em casa, para aprendermos a cuidar do lugar onde moramos e das nossas coisas, e até finanças a respeito da casa, da forma como ensinam no Japão). | ||
Vemos durante o anime inteiro muita gentileza entre todos os personagens. De um café de cortesia, a um casaco de lã reaproveitado, ou correntes de moto em troca de um prato de curry. É o tipo de gentileza que valorizo. Eu presenteio quem gosto com comida, agradeço com lembrancinhas e repasso para outras pessoas o que acho que não faz mais sentido na minha vida. | ||
É sobre dar sem esperar receber algo e ainda assim ter uma troca valiosa mesmo com aqueles que você não conhece. A gente vai mais longe com a ajuda dos outros. E o anime te mostra isso: Quando a Koguma passa a aceitar a ajuda e gentileza dos outros, seu universo se expande e relações também. | ||
Uma amizade que vale mais do que uma conquista: | ||
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O momento em que Koguma, super fechada e sozinha, recebe o telefone de sua nova amiga Reiko, por terem em comum esse interesse e hobby em Super Cubs, foi um dos momentos altos do anime. Ela comenta que receber o telefone de Reiko foi mais emocionante e a deixou mais orgulhosa da conquista do que tirar a carteira de moto. | ||
Eu entendo isso, e me emocionei com a forma como a Super Cub abriu seus horizontes e suas relações em sua vida tão sem graça e solitária de antes. Por isso, incentivo muito que as pessoas tenham hobbies e mais do que isso, que possam ter essa troca com outras pessoas. Nesse processo, além de aprender mais sobre a gente, podemos nos aproximar e vivenciar momentos especiais com pessoas especiais. | ||
O complemento da reservada e tímida Koguma com a rebelde e radical Reiko deu muito certo! Aliás a cena em que as duas andam uma na garupa da outra foi criticada no Japão pois você só pode andar com alguém na sua garupa após um ano de habilitação. Na novel isso é dito claramente que é ilegal mas no anime não quiseram cortar a pequena rebeldia das duas jovens. | ||
Trazendo a Koguma da vida real para o anime: | ||
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Durante a minha pesquisa para a pauta descobri que uma youtuber que eu conhecia por ser uma amante de motos famosa por seu estilo kawaii/fofo contrastante com as motos que experimenta, foi convidada para dublar a protagonista do anime! Sinceramente não sei se a mudança de tema no seu canal se deu como uma pesquisa de campo para a personagem mas parece que ela realmente já gostava de motos antes. | ||
Yomichi Yuki merece um grande parabéns por seu excelente trabalho em que inclusive personalizou a protagonista em seu canal do youtube fazendo cosplay de Koguma! Foi seu primeiro trabalho de dublagem e ela também cantou a música de encerramento! | ||
Paisagens belíssimas e trajetos reais: | ||
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O primeiro minuto do anime é só imagens dignas de wallpaper do computador. Imagens belíssimas que estão inclusive disponíveis para download no site oficial. Além de ser um anime em que o ponto alto são as paisagens, é ainda mais legal saber que são inspiradas em lugares reais que podem ser visitados. Bate uma vontade enorme de visitar a cidade em uma ida ao Japão (e andar de Super Cub por lá)! | ||
Eita motocas bonitas viu? | ||
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Independente da pessoa gostar ou não de motos, não tem como não achar charmosas as Cubs das meninas, cada uma com suas particularidades! Particularmente achei que a assessoria da Honda para a arte das motos e o trabalho de 3D ao animá-las ficou muito bacana! Aliás, não foi a primeira vez que um anime deu notoriedade para uma Super Cub. No filme Weathering with you, há uma Super Cub rosa que foi fabricada pela Honda e podia ser comprada pelos fãs. | ||
Também adorei saber mais sobre os acessórios e como cada uma vai fazendo upgrades de acordo com seus gostos e necessidades. Saber que as motos podem ser adaptadas e personalizadas é um fator que eu particularmente amo! Dá para customizar para todos os estilos e bolsos como é mostrado no anime. | ||
A novata medrosa que simboliza a gente no anime: | ||
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Acostumada com uma série de personagens em animes, estranhei o anime focar apenas em três meninas, e inicialmente mostrar somente os momentos entre a amizade de Koguma e Reiko. Quando Shii entra para o grupo de amigas, a amizade é construída de forma muito natural e aos poucos. Ela que é super apegada à sua bicicleta, acaba cada vez mais tendo contato com Cubs e se influenciando pelo estilo de vida das colegas. Seu medo das motos me lembrou muito o meu medo de dirigir e no fim, eu estava torcendo para que seus pais a ajudassem a conseguir sua própria Cub após o que acontece com a sua bicicleta. Vitória para nós! | ||
Trilha sonora clássica e detalhista: | ||
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Enquanto escrevo esse texto, estou escutando uma playlist que uma pessoa querida da internet fez e compartilhou no Reddit com as músicas que foram usadas no anime. A trilha sonora é composta por várias músicas clássicas de compositores conhecidos como: Beethoven, Chopin, Vivaldi, Satie, Schumann, e principalmente Debussy. | ||
Há músicas originais e aqui dou foco principalmente para encerramento e abertura mas - não sei dizer se é porque eu particularmente gosto muito de música clássica (valeu pai) - o que alguns podem ver como “preguiça” em usar músicas clássicas de domínio público, para mim foi um ponto a mais. Dá para ver que foram escolhidas a dedo para cada momento e tornam o anime ainda mais contemplativo! | ||
Outro ponto fortíssimo em relação à trilha, são os efeitos sonoros. Não só em relação ao som das motos em contato com os diferentes solos e paisagens e modelos, mas principalmente em detalhes sutis que me fizeram sentir orgulho da equipe. No momento em que a personagem Reiko coloca o capacete enquanto fala, sua voz fica abafada. Algo que pode soar óbvio, mas que mostra um cuidado em retratar detalhes que trazem cada vez mais imersão ao espectador. | ||
Minha relação com transportes, família, liberdade: | ||
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Desde pequena tinha um carinho muito grande por carros e veículos antigos que remetem à outras épocas. Lembro quando era criança, meu pai me perguntou que carro eu mais gostava e fez uma careta quando respondi “Um fusca!”. Mas veja bem, não era um fusca qualquer não, tinha que ser vermelho e com rodas com “listrinhas brancas”. | ||
Se pelo lado paterno eu só “gostava de velharia”, pelo lado do meu avô materno, eu fui/sou amplamente influenciada e apegada de forma nostálgica a tudo que tem essa estética retrô. Cresci sendo levada para lá e para cá no Corcel 71 verde água do meu avô. Ele se orgulhava se receber olhares admirados pelo excelente estado do seu carrinho, que era cuidado com muito amor! E falando sobre a questão de repassar, esse ano o Corcel dele foi vendido para uma família com duas crianças que são loucas pelo carro, após meu avô entender que está com muita idade e sua vista poderia causar um acidente. | ||
Já quando eu era adolescente, fissurada pelos anos 50/60, pinups, beatles e toda essa estética vintage, vivia falando para a minha mãe que quando fosse mais velha, teria uma vespa. Eu nunca superei o tal sonho da vespa, que para mim sempre foi um sinônimo de independência, liberdade e principalmente de superação das inseguranças que sempre carreguei comigo. | ||
Não acredito que tenha sido de propósito (em relação à minha família) mas às vezes a superproteção de viver em uma cidade perigosa como o Rio de Janeiro e a própria sociedade machista que torce o nariz para mulheres dirigindo, recheada de piadas e preconceitos, me afastou muito de dirigir quando atingi a maioridade. | ||
Apesar da figura forte da minha mãe dirigindo, quando eu tive a oportunidade de aprender, ela já não dirigia mais e eu não tinha parentes que tinham tanta paciência para me ensinar. Sinto que meninos são mais influenciados a ter contato com carros, dirigir antes mesmo dos 18 anos e que isso tenha sido visto (e pode ainda ser por muitos) como “algo de homem”. | ||
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Lembro que no ensino médio, ao conhecer uma jovem que tinha sofrido um acidente de carro ao colidir com um motorista alcoolizado, me impactei muito com sua palestra e com as sequelas que ela teve que lidar durante sua vida. Isso me paralisou. Acidentes, roubo de carro (aconteceu com a minha mãe), briga de trânsito, e eu uma jovem mulher de um metro e meio vivendo no Rio de Janeiro me senti um alvo fácil. A insegurança que eu tinha com a minha aparência e outros aspectos da vida foi transportada para dentro do carro. Se isso já acontecia com carros, imagina com motos que são consideradas mais perigosas por terem menos proteção. Minha mãe ficava de cabelo em pé só de mencionar a tal Vespa. Pensei em aprender a dirigir um carro primeiro e depois eu pensaria sobre a Vespa. | ||
Veja bem, eu fiz auto-escola, lidei com instrutores dando em cima de mim dentro do carro, com as três reprovações nas provas e quando parecia que eu ia desistir, por um milagre eu passei, na mesma semana que meu irmão mais velho. Ok, eu tinha habilitação, tinha um carro que poderia ser usado...Mas eu não tinha coragem de dirigir sem um instrutor caso alguma coisa acontecesse. Fiquei um ano com o carro parado. | ||
Quando eu era cobrada a respeito, sentia vontade de vomitar, dor de barriga. Só de pensar em descer para a garagem já me dava mal estar. Uma amiga da minha mãe sugeriu que eu fizesse algumas aulas de uma auto-escola para quem tinha medo de dirigir. Foi a melhor escolha que fiz na vida.Lá, eu tinha reuniões psicológicas em grupo semanais com outras pessoas, na maioria mulheres. Havia casos de mulheres que sofreram terror psicológico dos maridos, e um rapaz que tinha sido envolvido em um acidente que havia tido uma vítima fatal. Tantos tipos de medos e traumas diferentes. Lembro de uma mãe chorando na reunião dizendo que “queria poder buscar os filhos na escola, levar os filhos para o parque e que não queria depender dos outros e nem trancar seus filhos em casa por conta do pânico que tinha ao dirigir” | ||
.As aulas eram feitas em etapas. Primeiro apenas entrar no carro. Sozinha, sentar no banco, sentir os materiais, aprender a arrumar os espelhos com calma, ligar o ar-condicionado. Se sentir à vontade naquele ambiente que muitas vezes não se tem tempo de absorver. Depois de uma semana descendo e entrando no carro, na segunda semana ligava-se o carro e ficava ali dentro ouvindo música. Ao se sentir à vontade, sem medo de ter contato com o carro, andava-se para frente e para trás na garagem. A cada semana uma etapa nova sendo feita repetidamente e diariamente. | ||
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Com o passar do tempo, era aconselhado manobrar com cuidado dentro da garagem e finalmente aprender a sair da garagem. Após um mês, dar apenas UMA volta no quarteirão. E aos poucos voltas maiores. Cada uma dessas conquistas era comemorada e recompensada em grupo. E com isso, consegui dirigir! | ||
Tive muitos altos e baixos. O primeiro arranhão, a primeira batida leve no portão de uma amiga e a mudança de endereço para uma cidade desconhecida. Todos esses episódios me deixaram meses sem dirigir, e passando mal fisicamente de nervoso. Todas as vezes que eu me afastava de dirigir, repetia o processo. E isso me fez não travar. Eu ainda detesto dirigir, tenho muito medo e isso me prejudica e me limita. Mas pelo menos eu não me paraliso. | ||
E porque eu contei toda essa história longa? Porque ver esse anime com meninas tão jovens dirigindo motocicletas me fez revisitar toda essa minha relação com a forma como eu me locomovo. E como esse medo que já foi pior, ainda me afeta. Eu não consigo viajar de carro com meu marido ainda pois a experiência que tive com a estrada foi uma das mais traumáticas. Eu tenho dificuldade em confiar na direção de outras pessoas que não sejam o meu pai, por exemplo. | ||
É claro que não tem como comparar uma pacata e segura cidade e uma direção pacífica no Japão com a realidade em que me encontro. Mesmo que eu não me sinta segura de comprar uma vespa e sair por São Paulo, sendo um alvo fácil de um roubo ou um acidente em uma das cidades com a direção mais violenta do país ( eu ainda acho o RJ pior), esse anime me incentivou a não deixar meus medos do desconhecido, travarem o meu caminho. | ||
Eu penso ainda em um dia tirar uma carta de moto para andar nem que fosse recreativamente em um lugar controlado. E caso um dia eu morasse no interior, poderia andar com minha vespinha. Sonhos de uma Tati Jovem que foram enterrados em meio a medos, machismo, e violência do mundo em que vivemos, sendo desenterrados. | ||
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Houveram momentos dirigindo sozinha que me senti a Tatiana mais valente de todas. Como se nada pudesse me parar. Então eu entendo como pode ter sido tão transformador na vida dessas meninas do Super Cub, terem tido contato com essas scooters que não são só bens de consumo que muitos ostentam, mas meios de se atingir a liberdade, de vivenciar novas experiências, de conhecer locais e pessoas diferentes através da sua própria coragem de ir contra todos os empecilhos citados acima | ||
.O anime se chama Super Cub não só pelo nome do modelo mas quase como se essa scooter fosse um super herói que salvou essas meninas de suas realidades de várias formas, como é mostrado em sua longa e inspiradora viagem que as três fazem juntas no final com o objetivo de trazer a primavera mais cedo. Espero que esse anime te dê a coragem de buscar meios de trilhar os caminhos que quiser. Sejam eles estradas reais ou obstáculos imaginários. Mesmo que por momentos curtos de coragem e segurança, que eles possam te passar a sensação de liberdade, segurança e independência que todo ser humano merece sentir. | ||
Canais do youtube sobre Super Cubs / Vida Simples: | ||
Sempre gosto de trazer no fim do conteúdo, materiais para quem gostou do assunto do cast e do anime, e não seria diferente dessa vez. Na minha pesquisa encontrei alguns canais do youtube japoneses de pessoas que tem super cubs e também de pessoas que fizeram um tour em Yamanashi, inspirados pelo anime! Segue abaixo: | ||
THC Trip: | ||
Esse canal japonês tem o costume de retraçar trilhas e paisagens presentes em animes só que na vida real! E a pessoa resolveu fazer isso com Super Cub! Também fizeram com Let’s Make a Mug Too e Yuru Camp, é muito gostosinho de assistir: | ||
Yomichi Yuki: | ||
Essa é a youtuber famosa por fazer vídeos e vlogs com motos de diferentes modelos que dublou a Koguma! Ela inclusive cortou o cabelo para ficar parecida com a protagonista! E recriou algumas cenas do anime em seu canal! O Canal é muito legal para quem vai ficar com saudades do anime e foi uma escolha muito bacana, ela mandou muito bem com a personalidade introvertida! Ótimo escolher pessoas que tem tudo a ver com a vibe do anime para dublar: | ||
Fay San! No Engine No Life: | ||
Esse pequeno canal mostra várias motos, veículos e reviews sobre mas de um jeito muito agradável. Há um vídeo nesse canal que simplesmente tem a essência de Super Cub! A música, a vibe, os acessórios, TUDO! Então te convido a assistir esse vídeo e relaxar tomando uma bebida gostosa :) | ||
Playlists com as músicas do anime: | ||
Existem três playlists: uma com as músicas originais, uma playlist feita no Youtube com as músicas clássicas e uma feita na Apple Music para quem quiser escutar e relaxar com o clima do anime! Bom proveito <3 | ||
Músicas originais: https://www.youtube.com/watch?v=8uGMIQAEZ9E | ||
Youtube: https://www.youtube.com/playlist?list=PLyigm-sOABb0oFrPiCShDXgBGo_9WD8fe | ||
Apple Music: https://music.apple.com/us/playlist/super-cub-%E3%82%B9%E3%83%BC%E3%83%91%E3%83%BC%E3%82%AB%E3%83%96/pl.u-XkD04qMcG70xa | ||
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Até o próximo Chá da Tati! |